|Reino Unido

Os clubes deviam ser dos adeptos

O capitalismo destruiu o «beautiful game» e a solução passa pelos apoiantes assumirem a posse dos clubes, afirma o sindicalista Bert Schouwenburg, defendendo que a esquerda devia travar essa batalha.

Jogadores do Borussia Dortmund celebram com os adeptos após um empate com o Manchester City, na semana passada. Os sócios detêm 51% das acções do clube e maior poder de decisão na forma como o clube é gerido 
Créditos / Morning Star

Num artigo recentemente publicado no diário britânico Morning Star, o ex-dirigente sindical do GMB lembra o velho ditado «Nada tem tanto êxito como o sucesso» para o aplicar ao caso do Newcastle United e da «felicidade» dos seus apoiantes, encantados porque um grupo saudita tomou conta do clube, há um ano.

Apoiado por um fundo de investimento público avaliado em centenas de milhares de milhões de dólares, a imensa riqueza do novo proprietário permitiu que os apoiantes do Newcastle sonhassem com um futuro brilhante para a sua equipa, assente na aquisição de jogadores caros e de grande qualidade, que antes estavam fora do seu alcance.

Em Agosto deste ano, o Newcastle participou no primeiro «Gulf Derby» (Dérbi do Golfo) contra o Manchester City, que é propriedade do vice-primeiro-ministro dos Emirados Árabes Unidos, Sheik Mansour, cujo património líquido foi estimado em 21 mil milhões de dólares, destaca o autor.

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Frente às ameaças de detenção e multas

Solidariedade com a Palestina presente em Celtic Park

Desafiando as regras da UEFA, apoiantes do Celtic mostraram bandeiras da Palestina no jogo que a equipa escocesa disputou esta quarta-feira com a equipa israelita do Hapoel Beer Sheva, a contar para a 3.ª pré-eliminatória da Liga dos Campeões.

Apoiantes do Celtic mostram-se solidários com a Palestina durante o jogo com uma equipa israelita
CréditosBrasil de Fato

Centenas de apoiantes do Celtic Football Club, muitos dos quais organizados na Green Brigade [Brigada Verde], fizeram questão de mostrar a sua solidariedade com a Palestina e denunciar o apartheid israelita, durante o jogo que esta quarta-feira opôs, em Celtic Park (Glasgow), a equipa local ao clube israelita Hapoel Beer Sheva.

A mobilização para a acção solidária com a luta do povo palestiniano, demonstrativa da exigência do reconhecimento do Estado palestiniano e do repúdio pela opressão diária, o apartheid, o colonialismo que sofrem às mãos dos israelitas, foi organizada antecipadamente nas redes sociais, sob o lema «Fly the flag for Palestine, for Celtic, for Justice» [«Mostra uma bandeira pela Palestina, pelo Celtic, pela Justiça»], informam o Brasil de Fato e o 5Pillars.

No dia do jogo, antes do pontapé de saída, activistas do grupo Palestinian Alliance [Aliança Palestiniana] distribuíram bandeiras e panfletos informativos sobre a Nakba [Catástrofe], em 1948, que marcou o início da «limpeza étnica e da expulsão de milhões de palestinianos das suas terras», para dar lugar à criação do Estado sionista.

Os apoiantes do Celtic tinham sido avisados pelas autoridades escocesas que, se exibissem bandeiras da Palestina dentro do estádio, podiam ser detidos. Mas a solidariedade com o povo palestiniano falou mais alto e, tal como noutras ocasiões, os adeptos deste clube escocês, fundado por imigrantes irlandeses e com uma identidade muito ligada à luta de libertação do povo irlandês, mantiveram-se firmes perante as ameaças.

O Celtic poderá agora enfrentar um processo disciplinar por parte da UEFA e ser multado. A verificar-se, não é a primeira vez que o Celtic é sancionado pelo facto de os seus apoiantes se mostrarem solidários com a Palestina. Em 2014, enquanto Israel massacrava os palestinianos em Gaza – mais de 2000, na operação «Margem Protectora» –, os adeptos do Celtic mostraram bandeiras da Palestina no jogo contra o KR Reykjavik. O clube foi multado em 16 mil libras.

A política da UEFA

A UEFA proíbe a exibição de «mensagens políticas» nos seus jogos e recorre com frequência ao Art. 16 (2e) do Regulamento Disciplinar para punir os clubes pela exibição de bandeiras ou faixas. A bandeira da Palestina entra na categoria de «mensagem política» e vale punições pesadas – como de resto e a título de exemplo, também tem valido a da Catalunha.

No entanto, os critérios da UEFA têm os seus «quês». Basta lembrar que, quando os adeptos do Ajax exibiram uma grande bandeira de Israel – e já o fizeram mais que uma vez –, o artigo referido do regulamento disciplinar não foi aplicado ao clube de Amesterdão.

Questionado sobre estes «pesos e medidas», Mick Napier, da Campanha Escocesa de Solidariedade com a Palestina, disse ao 5Pillars que é «difícil entender as questões do lobbying», mas que «o posicionamento da UEFA se enquadra num contexto mais vasto de tentativas de criminalização do apoio aos palestinianos e ao movimento BDS [Boicote, Desinvestimento e Sanções]».

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O City é o actual campeão da Premier League (Primeira Liga), com poder financeiro para comprar os jogadores que quiser, quando quiser e pagar salários exorbitantes, com os quais poucos clubes do mundo podem competir.

Além da proximidade geográfica, os proprietários do City e do Newcastle têm em comum um «histórico de direitos humanos terrível, tanto nos seus países como no estrangeiro», denuncia Schouwenburg, lembrando que ambos os países participam na guerra contra o movimento Huti Ansarullah desde 2015, no Iémen, um conflito que «deixou milhões de pessoas à beira da fome».

«O que a grande maioria dos apoiantes do City e do Newcastle tem em comum é que não se importa, desde que seus sugar daddy árabes entrem com o dinheiro para os manter no topo, no caso do City, ou os tornar parte da elite do futebol, no caso de Newcastle», acusa o autor, ainda que, «para ser justo», note que a maioria dos apoiantes de outros clubes provavelmente também aceitaria o dinheiro de ditaduras árabes, se isso tornasse as suas equipas mais competitivas.

Tudo gira à volta do dinheiro

Como escreveu recentemente o colunista de futebol Jonathan Wilson no jornal The Guardian: «Tem tudo a ver com dinheiro, ganância e crescimento. O jogo em si, ou o lugar do clube na sua comunidade, [é] uma ocorrência secundária.»

Após a citação, o autor do artigo lembra que mais de três quartos dos clubes da Primeira Liga são propriedade de interesses estrangeiros e que o dinheiro é um factor essencial para determinar quais deles podem ter êxito.

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Liga dos Campeões: mais uma farsa da UE

Está aí a final da Liga dos Campeões. No Estádio do Dragão, Chelsea e Manchester City defrontam-se para poder erguer o mais prestigioso troféu de clubes em futebol.

CréditosJosé Coelho / Lusa

Como o título da peça deixa adivinhar, o texto que se segue não será para fazer uma análise desportiva da final e da competição, havendo muitos mais qualificados que eu para o fazer. Também não serão abordadas questões mais circunstanciais, como a relação entre a Champion’s e a abortada Superliga Europeia ou a polémica em torno da presença de adeptos nesta final e a diferença para com as competições e o desporto nacional. O que se pretende é demonstrar como o «projecto europeu», substanciado na União Europeia, teve um efeito negativo no mais popular desporto do mundo, através do seu impacto na Liga dos Campeões a partir de uma pequena mudança.

Os alicerces do Futebol Moderno

A construção da CEE/UE como Mercado Comum assenta em quatro «liberdades»: de providenciar serviços, e de movimento de capitais, mercadorias e pessoas. Se as primeiras três liberdades enunciadas facilmente revertem para a esfera económica e se consegue perceber como facilitam a concentração da riqueza das periferias para os centros económicos, a liberdade de movimento de pessoas sempre foi apresentada com uma máscara mais virada para faceta «humana» da UE, um sinal do progressismo da UE que alguns que gostam de se assumir à esquerda imediatamente levantam como bandeira de quão generoso e avançado este projecto europeu é, e o quão retrógrados serão os que a ele se opõem. Na verdade, esta liberdade de movimentos de pessoas podia ser perfeitamente integrada na liberdade de movimento de mercadorias, mas não seria boa publicidade que ficasse explícito como os construtores do Mercado Comum vêem os seus «cidadãos europeus». Vamos aqui falar de futebol, mas o mesmo se pode aplicar a diversos sectores da actividade humana, feita indústria.

O aumento de capital nos contratos de direitos televisivos, os valores milionários das transferências e contratos, e a compra dos clubes por magnatas, saltam à vista e enchem manchetes. Mas esse dinheiro todo não faria uma diferença gigante dentro das quatro linhas se a pseudoliberdade de circulação não estivesse contida no Tratado de Maastricht, que fundou a União Europeia em 1992. A partir de Maastricht, aos poucos, as legislações nacionais tiveram que ser alteradas para se ajustarem aos ditames da nova superpotência.

Saltando para 1995, o Tribunal Europeu da UE, a partir de uma queixa justa do futebolista Jean-Marc Bosman, toma duas decisões que irão alterar profundamente o futebol: impõe a liberdade do jogador poder sair do clube após expirar o seu contrato, dando mais poder aos jogadores sobre os empregadores (os clubes), e mais importante, eliminou a restrição de número de jogadores «comunitários» (nascidos num país da UE) a poder jogar por um clube, colocando as regras do futebol em harmonia com as leis da UE.

Se a primeira se pode assumir como benéfica para os principais protagonistas do jogo, apesar de ter tido como efeitos colaterais a ascensão dos agentes e a mentalidade mercenária, fruto da evolução do futebol como negócio, a segunda foi completamente desastrosa.

Concentração do capital desportivo

Até este ponto, de forma geral, quase todas as federações nacionais impunham restrições ao número de estrangeiros que podiam actuar por uma equipa. Se isso não impediu o surgimento de «grandes» a dominar o futebol nacional em alguns países, acumulando o melhor talento disponível em cada país, ainda assim existia um certo equilíbrio do nível das equipas nas competições nacionais e muito mais nas competições europeias, onde gerações recheadas de talento, muitas vezes surgidas de uma cantera, projectavam países e clubes ao mais alto nível europeu. O «sonho europeu» podia de facto ser uma realidade, conseguindo juntar as peças certas.

A partir de 1996, esse sonho rapidamente se começou a esfumar. Com a noção de «estrangeiro» a ser estendida para os «extra-comunitários» (afinal, parece que o progresso é nacionalismo com fronteiras mais alargadas), os clubes com mais recursos financeiros começaram a açambarcar o talento existente em clubes mais pequenos e de países com menos capacidade económica. Caso paradigmático de um clube prejudicado com estas novas regras é o Ajax. Clube histórico reconhecido mundialmente, com uma organização e academia que parece ter uma fonte inesgotável de talento, sofreu já por duas vezes um processo de rapina, encurtando o que podiam ser duas gerações de ouro do clube.

Enquanto os tribunais discutiam sobre o caso Bosman, Ajax ganhava a Liga dos Campeões em 1995 frente ao Milan e foi finalista em 1996 contra a Juventus. Pelo meio, perdia apenas Seedorf para um Sampdória de meia tabela da liga italiana. A partir do Verão de 1996, foi este o resultado:

Em 1998, já tinha perdido a maioria dos jogadores titulares das duas finais europeias, e em 2000 já nenhum estava a jogar no clube, sendo o único a não ter saído, o capitão veterano Danny Blind, que se reformou. Em 98/99, fariam o seu segundo pior resultado na história. Ressalvar que o Seedorf após uma época em Itália rumaria ao Real Madrid, confirmando a tendência de açambarcamento. Na imagem também fica patente o poderio económico que a Itália tinha nos anos 90, que para além das equipas mencionadas, clubes como a Fiorentina, Lazio, Roma ou Parma conseguiram formar equipas recheadas de talento, com Lazio e Parma a aproveitarem bem o Mercado Comum de jogadores.

Mas o Ajax voltaria a passar pelo mesmo processo mais recentemente. Com uma prestação muito mais modesta nas competições europeias desde os anos 90, atingiria em 2017 a final da Liga Europa, que perderia frente ao Manchester United. Desde esse regresso, a um nível menor, às finais europeias, isto aconteceu:

Volvidos quatro anos, apenas dois jogadores que pisaram o solo na final da Liga Europa ainda permanecem no clube. A final de uma competição secundária ou a meia-final da Champion’s é a que está reduzida a ambição de um dos clubes mais importantes da história do futebol. De realçar o peso crescente das equipas inglesas, com equipas com uma sala de troféus modesta como o Crystal Palace ou o Brighton a entrarem na pilhagem da academia holandesa, não pelo mérito desportivo que os tenha projectado a um nível superior, mas devido à tal concentração de riqueza permitida pelas «liberdades» da UE.

Apesar de ter usado o Ajax como exemplo, os adeptos de futebol em Portugal conhecem bem a realidade de ter plantéis quase em permanente reestruturação porque qualquer prestação mais bem-sucedida na montra europeia é sinónimo de pilhagem dos melhores talentos pelas ligas dominantes. No Futebol Moderno, o talento nos pés já não chega para criar lendas dos clubes.

Mas para ficar bem demonstrado o desequilíbrio que a «lei Bosman» provocou no futebol europeu, não nos vamos deter por o exemplo de um clube. Comparemos diversos espaços temporais para perceber a variação na diversidade de clubes e países presentes nas finais da Taça dos Campeões Europeus/Liga dos Campeões ao longo do tempo:

Antes de mais, irei colocar já de lado um contra-argumento que pode ser levantado. É verdade que só a partir de 97/98 (portanto, mais ou menos em linha com o início da «lei Bosman») é que puderam participar mais do que um clube por país na competição, pelo que à partida significaria mais diversidade antes dessa data. No entanto, e como os dados e a análise do futebol recente mostra, mesmo que nas últimas edições da Champion’s pudessem participar apenas 1 equipa por país, isso pouco alteraria o domínio das principais ligas europeias e de clubes como Real Madrid, Barcelona no contexto europeu ou o domínio interno de equipas como PSG, Bayern e Juventus. Pouco mudariam as caras a aparecer nas fases finais da Champion’s. A absoluta raridade de equipas fora das chamadas cinco principais ligas (Espanha, Inglaterra, Itália, Alemanha e França) nas meias-finais, mostra que, mesmo se o formato fosse o anterior, poucas alterações existiriam em termos de diversidade.

Como os dados mostram, retirando os anos fundadores da competição com o penta do Real Madrid, nenhuma década foi tão desequilibrada como a última que passou. Mesmo nos anos 80, em que houve menos campeões, a diversidade de clubes que atingiram as finais foi a maior de qualquer período. E se analisarmos década a década, vemos uma relativa estabilidade no número de campeões/presenças em finais tanto de clubes como de países. Não possível verificar no gráfico, está também uma elevada variedade de clubes que surgem em cada período, por exemplo, as equipas espanholas são uma visão rara nos anos 70 e 80, e por outro lado temos décadas onde surge o futebol romeno, noutras o jugoslavo ou escocês. A partir de 96/97, nota-se a progressiva diminuição tanto no número total como na variedade de clubes e países que atingem as fases finais desta competição, concentrando-se estas progressivamente no binómio Real Madrid/Barcelona e Premier League, que preenchem a maioria das presenças.

Para além da concentração do talento desportivo, uma coisa que fica clara quando vemos os plantéis das equipas é a distância da identidade dos clubes com os seus próprios países. A força do Benfica nos anos 60 corresponde a um dos períodos historicamente mais fortes da selecção nacional, a Laranja Mecânica é inseparável dos sucessos de Feyenoord e Ajax, o mesmo para a forte presença das equipas alemãs nos anos 70, que andou lado a lado com um Mundial e dois Europeus da Mannschaft. Hoje em dia, temos o absurdo de a convocatória espanhola para o Euro 2020 (realizado em 2021, o tempo é mais uma vítima do branding…) não contar com um único jogador do Real Madrid, que dominou a última década do futebol europeu. No entanto, haverá cinco jogadores da convocatória espanhola na presente final da Liga dos Campeões, disputada entre duas equipas inglesas.

Imperialismo também no futebol

Os danos que as regras comunitárias do Mercado Comum provocaram no futebol não ficaram limitados apenas dentro dos países que o integram. Se a perda de competitividade dos clubes de países do leste europeu se deve a questões mais estruturais que a mudança de regras no futebol, por outro lado é possível observar uma correlação muito forte entre a adopção das regras a partir de 1996 e o empobrecimento das competições nacionais e continentais sul-americanas.

Sendo as vagas que restringiam os estrangeiros, agora, apenas aplicáveis a extra-comunitários, isso significou um aumento considerável daquelas que podiam ser preenchidas por talento sul-americano, subtraindo assim a qualidade das equipas sul-americanas. Podemos verificar isto em dois campos. Por um lado, nos embates entre equipas vencedoras da Taça dos Campeões Europeus/Liga dos Campeões e os vencedores da Copa Libertadores na Taça Intercontinental/Mundial de Clubes:

Como se vê, a diferença entre um antes e após a «lei Bosman» é abissal. E não se pense que as equipas europeias anteriormente jogavam com as segundas linhas. Foi o quarteto lendário de Panucci, Baresi, Costacurta e Maldini que levou três golos dos paulistas Palhinha, Toninho Cerezo e Müller. A dupla de Merseyside Rush-Dalglish não conseguiu qualquer golo perante a raça dos argentinos do Independiente, e a mesma história Law-Charlton-Best podem dizer dos Estudiantes. Até o King Eusébio perdeu no confronto com o Rei Pelé (um vs cinco golos a duas mãos).

Outra forma de ver o evidente declínio está nas convocatórias da Canarinha. Vejamos a diferença da convocatória para os Mundiais em três períodos, o de 2002, último Mundial ganho, o de 2014, em casa, e para termos de comparação anterior ao período Bosman e com espaço temporal semelhante, 1990, em Itália:

Fora da análise da imagem, mas para se ter uma noção da evolução do processo, dos cinco mundiais conquistados pelo Brasil, três foram sem ter qualquer jogador a jogar na Europa. Estrelas como Carlos Alberto, Djalma Santos, Didi, Pelé, entre tantos outros, jogaram no seu auge unicamente no Brasil. Julinho, ponta-direita de enorme qualidade que jogava na Fiorentina em 1958 quando o Brasil conquistou o seu primeiro Mundial, sendo verdade que o próprio se recusou a ser convocado precisamente por sentir que tinha que jogar no Brasil para estar no escrete, mesmo que fosse convocado, seria o suplente de Mané Garrincha, situação praticamente impossível de imaginar aos dias de hoje. A primeira convocatória de jogadores a jogar no estrangeiro foi apenas no Mundial de 1982, com apenas duas presenças.

Olhando então para a tabela, vemos que em 1990, já há uma porta aberta para os brasileiros no futebol europeu, com diversos craques a jogarem no estrangeiro, casos de Careca e Alemão que faziam companhia a Maradona no Nápoles, ou Romário que brilhava num PSV muito forte nos finais dos anos 80. Mas não se nota a presença de jogadores nas equipas que se apelidam de «tubarões europeus». A larga maioria jogavam nos «3 Grandes», por regras próprias entre Portugal e Brasil, ou nas equipas italianas, que tinham o dinheiro e uma mentalidade mais aberta a jogadores estrangeiros. Se virmos a selecção que ganha em 2002, já se nota mais a presença dos maiores craques em equipas no topo do futebol europeu, como o Rivaldo no Barcelona ou Roberto Carlos no Real Madrid onde cedo se juntaria, respectivamente, Ronaldinho Gaúcho e Ronaldo. No entanto, a maioria dos jogadores convocados jogavam ainda no Brasil. Chegados ao Mundial no Brasil, a verdade é que o país anfitrião já não é a casa da maioria dos convocados, com apenas quatro em vinte e três, e já se nota o efeito da concentração, com a liga mais representada a ser a Premier League. Foi certamente humilhante para os jogadores terem perdido 7-1 contra a Alemanha, mas para a maioria, os dias seguintes foram de fazer as malas e rumarem para a Europa.

Da mesma forma que muitas crianças de países exportadores de cacau nunca comeram chocolate na vida, também muitas crianças sul-americanas nunca irão ter a oportunidade de ver ao vivo os maiores craques dos países, aqueles cujos posters decoram as paredes do quarto. A espectacular produção desta final da Liga dos Campeões pouco dirá aos miúdos brasileiros que sonham um dia ser o próximo Ederson ou Thiago Silva, que certamente os preferiam ver a ganhar a Libertadores a representar um São Paulo ou Fluminense.

Considerações finais

Este texto não trata de romantizar o passado, nem de procurar eras de ouro do futebol que parecem longe e desprezar a actual. Ao longo dos tempos, sempre houve graves problemas a atravessar o desporto, cada um sendo reflexo da sociedade de cada tempo, e em todos os tempos a natureza do jogo jogado conseguiu manter acessa a paixão em milhões espalhados pelo mundo. Mas entre passado e presente uma coisa é inegável: o jogo continua a começar 0-0 e a bola continua a ser redonda, mas nunca o campo foi tão desequilibrado como hoje em dia, e a final de hoje prova-o.

Com o caso particular do futebol, é possível perceber como até os supostos avanços civilizacionais adquiridos com a União Europeia e o Mercado Comum são um embuste, que nada mais fazem que avançar os interesses da classe exploradora. A matriz da UE está presa ao sistema económico vigente, e por isso, irreformável. Em capitalismo, a liberdade de circulação de pessoas é apenas a liberdade de mais um mercado. E este Futebol Moderno também não cai sem cair o capitalismo.

Tipo de Artigo: 
Opinião
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«O futebol profissional mostra todas as características do sistema capitalista, de que é parte integrante – principalmente com a crescente monopolização de um punhado de super-clubes europeus cuja força financeira colectiva lhes permite dominar a federação de futebol do continente (UEFA) para praticamente garantir a sua participação contínua em torneios lucrativos», frisa Schouwenburg.

Em Inglaterra, a Associação de Futebol permitiu que os clubes da Primeira Liga se separassem do resto da Liga de Futebol em 1992 e beneficiassem do boom das receitas de TV. Embora uma pequena percentagem do dinheiro da TV seja distribuído pelos clubes das ligas inferiores, o efeito da separação foi o de um grande lucro para os membros da Premier League às custas do futebol de base.

Para o autor, «tornou-se cada vez mais evidente que a dominação do jogo profissional por alguns clubes que são propriedade de ditadores árabes ou mercenários norte-americanos não é apenas prejudicial para qualquer conceito de competição justa, mas, mais importante, alienou os apoiantes da classe trabalhadora e afrouxou o laços com as comunidades locais onde se situam os campos».

Canalizar a paixão colectiva para uma via mais positiva

Considerando que a questão da propriedade dos clubes é de suma importância, o autor recorda que existem casos de clubes, em ligas inferiores, que são propriedade dos apoiantes e que a Alemanha é muitas vezes apontada como um exemplo a seguir, dada a exigência de que os sócios ali detenham 51% dos clubes.

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«Os Belenenses» sempre, SAD nunca mais

Está dada a sentença final no processo que a B SAD tinha interposto, no Tribunal Judicial da Comarca de Lisboa, contra «Os Belenenses». Justiça confirma a ruptura definitiva entre as duas entidades.

Créditos / Os Belenenses

O processo remonta a Junho de 2018, quando o clube se dividiu em duas entidades distintas: o Clube de Futebol «Os Belenenses» e a B SAD. Esta cisão resultou de um conflito cujas proporções iam escalando entre a direcção do clube e a Sociedade Anónima Desportiva, SAD, detida maioritariamente, em 51%, pela empresa Codecity.

O objectivo da B SAD era ligar, permanentemente, o clube à SAD, impedindo que este pudesse chegar às competições profissionais.E também constituir uma nova SAD ou Sociedade Desportiva Unipessoal por Quotas, SDUQ, ou mesmo começar a trilhar o seu novo caminho, desde a última divisão distrital até à 1.ª divisão nacional.

Certo é que a SAD foi sofrendo revés após revés. Outras decisões judiciais tinham já impedido a entidade de usar o nome «Belenenses», assim como os seus símbolos e emblemas, tendo a sentença, que veio a público na sexta-feira, constatado, por fim, a total ruptura entre as duas organizações.

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CF «Os Belenenses» está de volta aos campeonatos nacionais

O empate com o SC Linda-a-Velha, no Domingo, consagrou o regresso do histórico clube lisboeta aos escalões profissionais do futebol nacional, após três promoções consecutivas nas distritais de Lisboa.

Créditos / Os Belenenses

«Vencemos 68 dos 78 jogos disputados, marcando 267 golos e sofrendo 52. Foram 67 os jogadores heróis da caminhada rumo aos Nacionais, dos quais 35 atletas oriundos da nossa formação» relatou o presidente do clube, Patrick Morais de Carvalho, na sua página de facebook.

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Consagrado e popular

No Belenenses, e em particular na sua claque, a Fúria Azul, as vitórias do clube são muito mais do que os resultados de um jogo em qualquer uma das modalidades.

Créditos / Os Belenenses

Pelas onze da manhã já tinha chegado gente à sede da claque. A luz entrava pelas grandes janelas altas e iluminava o chão que denunciava a celebração da noite anterior. No Belenenses, e em particular na sua claque, a Fúria Azul, as vitórias do clube são muito mais do que os resultados de um jogo em qualquer uma das modalidades.

Todos os campos que disputamos da nossa vida coletiva, e que resultam na nossa vitória, são motivo de celebração. Na noite de 17 de outubro de 2020 celebrou-se a confirmação de um caminho, a confirmação de que a maioria dos sócios do Belenenses continua a acreditar nesse caminho e a defender a história e a dignidade deste clube centenário. Mas o dia anunciava uma nova jornada, disputada com o histórico rival e amigo Atlético Clube de Portugal – o derby da zona ocidental de Lisboa.

Por estes dias, a sede da Fúria Azul já não conhece aquelas enchentes, a mesma mobilização dos domingos eufóricos. Privados de assistir aos jogos, alguns ultras, que lutam hoje, não apenas pelo clube, mas pelo direito a assistir a competições desportivas nos estádios e pavilhões, insistem no ritual de acompanhar as equipas onde quer que elas vão.

O percurso, desta vez, seria feito a pé, caminhando pelas ruas da soalheira Belém, enchendo a rua com a alegria e a cor que lhe tem faltado. Destemida e a reivindicar a via pública, a Fúria Azul fez uma primeira paragem no banco onde o Belenenses foi fundado, a 23 de setembro de 1919, seguindo pela Rua do Embaixador – uma rua de grande simbolismo para a memória do clube.

Foi nesse momento que, parados em frente à casa do grande impulsionador do clube, Artur José Pereira, se soltaram os cachecóis e as bandeiras, a gaita de foles deu o mote e entoou-se o hino. Carros parados, voluntariamente, curiosos nas janelas e vizinhos que ainda sentem a importância do Belenenses na vida social destes dois bairros – Belém e Ajuda – compunham um cenário raro por estes dias de medo e restrições.

A rua era agora tomada por uma pequena, breve, mas muito significativa onda de esperança. Pelo caminho, as Salésias e alguns ecos dos resultados das eleições do dia anterior, que haviam dado a vitória à lista onde figuravam os membros da atual e futura direção do Belenenses.

Estas eleições foram encaradas como um referendo à real vontade dos sócios. As três listas concorrentes representavam, também, três formas diferentes de estar no Belenenses: os que arriscaram a inscrição da equipa de futebol nos campeonatos distritais; os que, acompanhando a vida do clube, não conseguiram cortar com a equipa que ficou na I Liga a representar uma sociedade anónima desportiva (SAD), que já não tem qualquer ligação ao clube; e uma terceira corrente que queria retomar essa ligação, tendo desistido de acompanhar o clube nestes dois últimos anos.

Essa desistência, essa recusa em ver o Belenenses a frequentar patamares mais populares do nosso desporto nacional, criou uma animosidade com esta lista e transformou as eleições em algo muito maior do que uma simples escolha de órgãos sociais. Era tempo de recordar para poder abrir o futuro.

«Essa desistência, essa recusa em ver o Belenenses a frequentar patamares mais populares do nosso desporto nacional, criou uma animosidade com esta lista e transformou as eleições em algo muito maior do que uma simples escolha de órgãos sociais.»

Há dois anos, o Clube de Futebol «Os Belenenses» iniciou a mais longa e difícil caminhada da sua história, com o único apoio de que precisava: os seus sócios. E eram estes que naquele dia confirmariam essa escolha.

Não é fácil para ninguém compreender como é que um clube desportivo abdica de estar representado na competição mais importante do futebol nacional, onde construiu a parte mais significativa da sua história e do seu património.

Para os Belenenses, começar da última divisão distrital foi um passo de grande coragem, porque foi uma escolha sua e não uma consequência desportiva. No meio de tudo isso, manteve-se o assédio constante de uma SAD incapaz de aceitar a escolha dos sócios, a vontade do património social do clube, aquele que é o seu coração.

Ignorando que os clubes são feitos por pessoas, por sócios, a empresa de Rui Pedro Soares, que havia já registado como BSAD a equipa que ocupa um lugar na I Liga, sem qualquer base social, sem património, sem história, tentou anular a venda dos 10% das ações que o Belenenses ainda detinha dessa sociedade desportiva (um mínimo exigido por lei para a constituição da SAD) e que resolveu alienar.

O clube, com um parecer favorável de uma das maiores especialistas em matéria de sociedades comerciais, e em especial em sociedades desportivas, Maria de Fátima Ribeiro, não encontrou na lei, como será de fácil confirmação, qualquer impedimento à venda daquelas ações. Mas os acionistas maioritários, que olham para o desporto como uma mercadoria e para o complexo do Restelo como uma oportunidade de negócio, não querendo este resultado, recorreram aos tribunais para suspender a venda das ações. Uma vez mais, os tribunais negaram a intenção da SAD.

Apesar dos esforços da Federação Portuguesa de Futebol (FPF) para serenar os ânimos entre as duas organizações (no início deste ano, a FPF tinha obtido um acordo entre as partes para a suspensão de todas as ações judiciais), o nome do Belenenses continua a ser utilizado de forma abusiva.

O clube acabou por exigir o cumprimento de decisões judiciais passadas, mas um erro processual não permitiu que esta pretensão fosse, para já, procedente. Parece, porém, inevitável a condenação de várias entidades que continuam a usar as marcas do Belenenses para identificar uma empresa que detém uma equipa de futebol na I Liga.

A própria Liga de Clubes tem sido responsável por essa violação das decisões judiciais, mesmo tendo conhecimento de todo o processo. Essa prevaricação é impulsionada por alguma comunicação social, incluindo o serviço público de televisão, que continua a associar o nome do Belenenses à sociedade anónima.

Tendo em conta as práticas pouco claras e alguma falta de transparência por parte da SAD, os sócios sentem que o nome do clube está a sofrer uma agressão e seria difícil reagir de forma pacífica. As caixas de comentários dos jornais, sobretudo nas redes sociais, enchem-se de discussões e trocas de insultos. Os jornais vão ignorando e continuam a contribuir para uma confusão perfeitamente evitável, mas que é conveniente para quem gere milhões de euros.

Compreende-se que a opção dos sócios, a sua escolha, faça alguma confusão a quem está de fora. Abdicar do status quo é algo impensável dentro da nossa sociedade. A admiração por um clube com o palmarés do Belenenses sair para a estrada ao domingo à tarde, para jogar com clubes que o adepto de futebol de primeira divisão considera menores, é uma reação à qual nos vamos habituando, no Restelo, e à qual respondemos com a bonomia possível.

Porque a alegria que sentimos nesses domingos, aquilo que temos aprendido com os outros clubes, o carinho e a amizade com que somos tratados em todos os campos e o nosso contributo possível, levando milhares de pessoas a recintos sem tanta massa adepta, tudo isso vale por todo o status quo do mundo. Com o tempo, o Belenenses será o único clube português campeão em todas as divisões e sê-lo-á por escolha própria.

«O percurso que o Belenenses escolheu fazer é, também, uma forma de reclamar esse lugar associativista e popular do futebol, mostrando como é possível devolver a alegria às ruas, o prazer do convívio, a competição sem disputas mediáticas que vêm de fora para dentro dos clubes.»

O sol de outono está, agora, mais forte e a subida da Aliança Operária custa mais um pouco. A polícia começa a rondar, desconfiada, mas a marcha vai seguindo até à Tapadinha onde, infelizmente, não se vê ninguém.

Os muros do estádio do Atlético são altos, impedindo-nos de ver o jogo. Subimos a colina e tentamos um ponto mais alto com vista para o relvado. Nada. O jogo vai decorrendo com transmissão em duas plataformas1 online dedicadas ao desporto popular. Descemos novamente para a Tapadinha e espalhamo-nos ao longo do parque de estacionamento, sempre observados pela PSP. Lá de dentro, confirmam-nos que a nossa voz é ouvida e, pouco depois, os gritos de golo. Mais uma vitória na primeira divisão distrital, mais um degrau.

Num ano atípico, sem público, receamos que o apoio dos adeptos faça falta aos jogadores. Não cremos que esta proibição de jogos com público seja apenas justificada pela pandemia.

Há vários indícios de um ataque concertado contra adeptos organizados e contra a alegria do futebol popular. Esse ataque está materializado no Cartão de Adepto, um instrumento segregacionista que levanta sérias dúvidas constitucionais. Acresce ainda que neste mundo do futebol-negócio, estádios cuja receita não paga sequer a despesa não serão convenientes para as SAD. Os direitos televisivos e a publicidade são suficientes para quem não compreende o futebol como uma atividade desportiva emancipadora das comunidades.

O percurso que o Belenenses escolheu fazer é, também, uma forma de reclamar esse lugar associativista e popular do futebol, mostrando como é possível devolver a alegria às ruas, o prazer do convívio, a competição sem disputas mediáticas que vêm de fora para dentro dos clubes. Cada vez mais livre do seu passado recente, o Belenenses concentra-se, agora, nas competições e pensa sobretudo num futuro consagrado e popular.


O autor escreve ao abrigo do Acordo Ortográfico de 90 (AO90)

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O CF «Os Belenenses», que desde 2018 participa nas competições distritais, terminou em 1.º lugar nos três escalões da liga da Associação de Futebol de Lisboa.

A equipa do Restelo vai estrear, na próxima época, o novo formato do Campeonato de Portugal, com um número menor de equipas e de grupos, no que corresponde agora à 4.ª divisão, última do futebol profissional.

A Terceira Liga é uma nova competição, a estrear na época 2021/2022, e conta com a participação de clubes como o União Desportiva de Leiria. O Estrela da Amadora que, em 2019, se encontrou com os azuis do Restelo num jogo que juntou mais de oito mil adeptos, apurou-se para a Segunda Liga.

A cisão do clube em duas entidades distintas, CF «Os Belenenses» e B SAD, ocorreu em Junho de 2018, em resultado do conflito que vinha escalando entre a direcção do clube e a SAD, detida maioritariamente, em 51%, pela empresa Codecity.

Os Belenenses mantiveram o estádio do Restelo assim como todas as outras práticas desportivas e futebol de formação, perdendo apenas o futebol sénior e o lugar na Liga NOS, obrigando o clube a escalar a pirâmide do futebol português.

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O Clube de Futebol «Os Belenenses», que joga agora no Campeonato de Portugal, já «não é o clube fundador da B SAD» e está livre para «constituir uma nova sociedade desportiva para competir no futebol profissional». O B SAD deixa, igualmente, de poder considerar «Os Belenenses» como o seu clube fundador.

Em comunicado, a direcção do Clube de Futebol «Os Belenenses» admite não ter ficado surpreendida com a sentença proferida pelo Tribunal Judicial da Comarca de Lisboa. Afinal, dizem, todos os caminhos pareciam conduzir a «esta decisão, que confirma as teses defendidas pelo Clube».

De acordo com a sentença, «a utilização, pela B SAD, do nome Belenenses induz em erro os destinatários sobre a identidade e natureza da SAD», configurando um acto de concorrência desleal. Todas as «pretensões da B SAD contra o Clube foram desatendidas, de tal forma que foi a B SAD quem foi condenada a pagar todas as custas» judiciais.

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Embora existam excepções à regra na Alemanha, Bert Schouwenburg afirma que, quando ela é seguida, os adeptos germânicos pagam apenas uma parte do que custa adquirir um bilhete para a Premier League e que os clubes são uma parte importante da comunidade.

O autor rebate as vozes críticas que dizem que o modelo de estilo alemão não se poderia aplicar em Inglaterra e apresenta sugestões para a sua implementação.

Do ponto de vista dos apoiantes da classe trabalhadora, este cenário seria mais atractivo que o statu quo actual, defende, advertindo, no entanto, que mobilizá-los para fazer alguma coisa será mais difícil, exigindo uma campanha de informação, educação e acção.

Essa campanha em torno dos benefícios da propriedade comunitária dos clubes, afirma, seria também a oportunidade para a esquerda promover ideais democráticos e colectivos, que vão no sentido oposto ao da aquisição corporativa dos clubes que «podiam e deviam ser nossos».

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