|Colômbia

Petro mostra-se disposto a um cessar-fogo bilateral com o ELN

Depois de o Exército de Libertação Nacional (ELN) ter demonstrado vontade de retomar o diálogo interrompido em 2018, o novo presidente eleito na Colômbia disse que é chegado o tempo da paz.

Gustavo Petro, presidente eleito da Colômbia 
Créditos / wradio.com.co

Numa entrevista que ontem deu à WRadio, a cerca de um mês da tomada de posse, o presidente recém-eleito na Colômbia, Gustavo Petro, afirmou que está disposto a um cessar-fogo bilateral com a guerrilha do ELN.

«Há que levantar a pausa e reconhecer os protocolos em primeiro lugar, o que significa que os mediadores voltem e se reinstale a mesa», disse Petro. Os diálogos de paz com o ELN, iniciados em 2017, foram interrompidos pelo governo de Iván Duque, em Agosto do ano seguinte.

Durante o período eleitoral, a maior guerrilha activa na Colômbia anunciou um cessar-fogo unilateral como demonstração do seu interesse no diálogo. Na última segunda-feira, o actual comandante do ELN, Eliécer Herlinto Chamorro, conhecido como Antonio García, publicou um comunicado em que reafirma a vontade de «retomar as negociações de paz com o novo governo para que os seus resultados tragam paz com justiça social para toda a Colômbia».

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Gustavo Petro quer escrever uma «história nova» para a Colômbia

A candidatura do Pacto Histórico, coligação de forças progressistas e de esquerda, venceu as eleições presidenciais na Colômbia. Petro definiu o triunfo como «histórico» e defendeu a aposta na paz.

Gustavo Petro e Francia Márquez, do Pacto Histórico, celebrando o triunfo nas eleições presidenciais na Colômbia 
Créditos / @petrogustavo

Com a totalidade dos votos escrutinados, a candidatura do Pacto Histórico, integrada por Gustavo Petro e Francia Márquez, obteve 11 281 013 votos (50,44%) na segunda volta das eleições presidenciais, celebradas este domingo.

Já a candidatura apoiada pelas forças de direita, composta por Rodolfo Hernández e Marelen Castillo, alcançou 10 580 412 votos (47,31% dos votos válidos), informaram as autoridades eleitorais colombianas.

Conhecidos os resultados, Petro e Francia Márquez dirigiram-se para o coliseu Movistar Arena, em Bogotá, onde se juntaram a milhares de apoiantes que ali festejavam o triunfo do Pacto Histórico, num país onde os governos, por norma, são conservadores de direita e extrema-direita.

«É história aquilo que estamos a escrever neste momento, uma história nova para a Colômbia, para a América Latina, para o mundo», disse o novo presidente eleito, sublinhando que aquilo que aí vem é «uma mudança real» e que não irá trair o eleitorado que «gritou ao país, à história, que a partir de hoje a Colômbia muda».

Num discurso conciliador, Gustavo Petro afirmou que não se trata de uma «mudança para nos vingarmos, uma mudança para construir mais ódios, uma mudança para aprofundar o sectarismo na sociedade colombiana».

O chefe do novo governo, que tomará posse a 7 de Agosto, destacou ainda que a força expressa pelo povo nas urnas vem de longe, de gerações que já não estão, porque as forças que contribuíram para o triunfo do Pacto são um acumulado de cinco séculos de resistência e rebeldia contra a injustiça, a discriminação e a desigualdade.

A paz como aposta central

Num coliseu em festa, Gustavo Petro sublinhou que o objectivo primordial do seu mandato é a paz. «Significa que não vamos, a partir deste governo, utilizar o poder em função de destruir o oponente. Significa que nos perdoamos. Significa que a oposição que teremos […] será sempre bem-vinda ao Palácio de Nariño para dialogar sobre os problemas da Colômbia», afirmou, citado pela Prensa Latina.

Falando para milhares de pessoas, Petro disse que «não pode continuar o clima político que acompanha os colombianos neste século de ódios, de confrontos, literalmente de morte, de perseguições, de isolamento».

Com o governo que irá liderar, acaba-se a perseguição política, a perseguição jurídica, «haverá apenas respeito e diálogo», disse, insistindo na criação de um grande pacto, que deve abranger toda a sociedade.

«Alcançámos um governo do povo»

Francia Márquez, vice-presidente eleita da Colômbia, saudou todos os sectores que tornaram possível o triunfo do Pacto Histórico, tendo afirmado que, ao cabo de 214 anos, se deu um passo muito importante: «alcançámos um governo do povo.»

«Vamos reconciliar este país, pela paz, sem medo, pela vida, pelas mulheres, pelos direitos da comunidade diversa LGTBQI+, pelos direitos da Mãe Terra, para erradicar o racismo estrutural», afirmou.

Lembrando todos aqueles que sofrem a violência e desigualdade no país, teve ainda palavras de reconhecimento para quem perdeu a vida nas lutas da Colômbia.

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A defesa da paz e a afirmação do diálogo como bandeira num país onde as armas continuam a matar quem busca transformações caracterizaram a coligação progressista Pacto Histórico, que venceu as eleições legislativas e as presidenciais colombianas com pouco tempo de diferença.

«O que eu peço é um cessar-fogo, que será bilateral, e o começo de negociações jurídicas para a maioria dos casos e de negociações políticas para a minoria dos casos. Queremos acabar com a guerra», declarou Gustavo Petro.

ELN lembra 58 anos de existência e declara interesse no diálogo

No comunicado emitido esta segunda-feira, o grupo guerrilheiro criado em 1964, sob inspiração da Revolução Cubana e da Teologia da Libertação, lembrou que existe há 58 anos com o intuito de «alcançar as transformações que mudem a vida de todos os colombianos e colombianas sobretudo os empobrecidos, excluídos, marginalizados e perseguidos; causas do conflito social e armado que continuam à espera de soluções».

No texto, o ELN afirma que insistirá nessa luta pelas mudanças, onde não só vivam bem os ricos e poderosos, e se torne mais alargado o gozo das riquezas à maior quantidade da população; para que haja justiça, pare o genocídio dos dirigentes sociais, sejam respeitados e garantidos os direitos humanos.

Governo da Colômbia e ELN anunciam negociações de paz

Representantes do Exército de Libertação Nacional (ELN) e do Governo colombiano anunciaram ontem, em Caracas (Venezuela), que a 27 de Outubro iniciarão negociações públicas de paz, no Equador.

Representantes do ELN e do Governo colombiano anunciaram ontem, em Caracas, o início de negociações públicas de paz, a 27 de Outubro, no Equador
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Na Casa Amarela (sede do Ministério dos Negócios Estrangeiros da Venezuela), o chefe da delegação governamental, Mauricio Rodríguez, e da ELN, Pablo Beltrán, manifestaram o seu compromisso em fazer avançar o processo de negociações, por forma a encontrar uma saída política para o confronto armado.

A fase pública das negociações de paz irá ter início em Quito, capital do Equador, no dia 27 de Outubro, na sequência dos acordos alcançados entre as partes em Março deste ano e de um processo de contactos já iniciado em Janeiro de 2014, com o objectivo de pôr fim a 52 anos de guerra.

Os representantes de ambas as partes referiram que as conversações irão começar pelo ponto um, referente à participação da sociedade na construção da paz, e que, adicionalmente, serão abordadas «Acções e dinâmicas humanitárias». Antes, porém, darão início a um processo de libertação de pessoas detidas, informa a Prensa Latina.

Venezuela, Cuba, Chile, Noruega, Equador e Brasil assumirão o papel de garantes do processo de negociações entre o Governo colombiano e o segundo grupo guerrilheiro mais importante do país.

Esta fase pública de diálogos dá-se num contexto de luta social pela paz na Colômbia. Nas ruas, têm-se sucedido as mobilizações como resposta ao «não» vencedor no plebiscito realizado dia 2, para assim defender o acordo de paz alcançado entre as FARC-EP e o Governo, após quatro anos de intensas negociações, em Havana (Cuba), refere a TeleSur.

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O grupo destacou «as diversas e ricas experiências de luta e resistência» no país, que culminaram na grande Paralisação Nacional iniciada a 28 de Abril de 2021. Daí nasceu uma força social que pôs em causa a direita; a juventude deu-se a conhecer ao país e ao mundo, e, em conjunto com as mulheres, os trabalhadores e diversas camadas da sociedade, abriu o caminho a uma Nova Colômbia, declarou.

Em seu entender, foi essa força que se uniu para dar o triunfo a Gustavo Petro e será ela que irá exigir a um governo para todos os colombianos um grande Diálogo Nacional, no âmbito do qual sejam retomados e cumpridos acordos que outros executivos não cumpriram.

Continuam os ataques à paz

Enquanto Gustavo Petro e ELN mostram estar dispostos para dialogar e encontrar a paz, mais um dirigente social e um ex-guerrilheiro foram assassinados, ambos na segunda-feira, revelou o Instituto de Estudos para o Desenvolvimento e a Paz (Indepaz).

O comuneiro e docente Camilo Puni Bomba foi morto a tiro por desconhecidos no município de Santander de Quilichao, no departamento do Cauca. É o 99.º dirigente social morto na Colômbia este ano.

Por seu lado, Ronald Rojas, conhecido como Ramiro Durán, antigo comandante das FARC-EP e actual presidente da Associação de Desmobilizados pela Paz no departamento de Huila, foi morto a tiro em sua casa, em Palermo.

Rojas, que apoiava o processo de reincorporação na vida civil de outros ex-guerrilheiros em Huila, já tinha denunciado ameaças de morte mais do que uma vez.

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