Na sequência de outros comunicados com o mesmo teor, o Programa Alimentar Mundial (PAM) alertou este domingo para «a falta de alimentos e outros materiais humanitários vitais na Faixa de Gaza», uma situação que em breve poderá transformar-se em fome generalizada, caso «não sejam tomadas medidas imediatas».
Devido à falta de abastecimento e acesso a comida, em Outubro, a agência das Nações Unidas apenas alcançou 42% dos 1,1 milhões de pessoas a quem deveria chegar ajuda alimentar no enclave, com rações reduzidas.
«O Norte de Gaza está cercado desde o início de Outubro, e as agências humanitárias não conseguem chegar às pessoas que precisam. É necessário um esforço internacional urgente que permita entregar ajuda crítica e que conceda às agências humanitárias o acesso à zona», acrescenta.
No texto, o PAM também manifesta «profunda preocupação» com a nova legislação israelita que afecta o trabalho da agência da ONU para os refugiados palestinianos no Médio Oriente (Unrwa).
O Programa Alimentar Mundial considera que a Unrwa é «indispensável na prestação de ajuda vital e de serviços sociais em Gaza» e alerta que, «se for implementada, esta decisão terá consequências devastadoras para as pessoas mais vulneráveis».
Apenas uma criança sobreviveu nos ataques à UCI de Kamal Adwan
Os hospitais no Norte de Gaza têm estado a ser atacados pelas forças de ocupação, refere a agência Wafa, que dá contas de bombardeamentos de artilharia israelitas, ontem à noite, contra os hospitais al-Awda, em Jabalia, e Kamal Adwan e Indonésio, em Beit Lahia.
Na semana passada, o Kamal Adwan foi cercado e alvo de intensos ataques, que também visaram a unidade de cuidados intensivos (UCI), provocando a morte de várias crianças.
No meio de apagões, falta de medicamentos e materiais médicos, uma criança de quatro anos conseguiu resistir, revela a Al Jazeera. Foi a única sobrevivente do ataque israelita à UCI.
Unicef denuncia «capítulo negro»
No sábado, Catherine Russell, directora do Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef), alertou para «48 horas mortíferas» no Norte da Faixa de Gaza, mais concretamente em Jabalia, onde os ataques israelitas arrasaram dois edifícios residenciais que albergavam centenas de pessoas.
No texto, Russell também denunciou o ataque israelita à viatura de uma trabalhadora das Nações Unidas envolvida na campanha de vacinação contra a poliomielite, frisando que, juntamente com os ataques em Jabalia, se trata das graves consequências «dos ataques indiscriminados a civis na Faixa de Gaza».
A responsável da Unicef junta «o nível horrível de mortes de crianças no Norte de Gaza» a «estes acontecimentos mais recentes», que, em seu entender, «escrevem mais um capítulo negro num dos períodos mais sombrios desta terrível guerra».
De acordo com as autoridades de saúde locais, desde 7 de Outubro de 2023, na sequência dos ataques israelitas à Faixa de Gaza, pelo menos 43 341 palestinianos foram mortos e 102 105 ficaram feridos. A maior parte são mulheres e crianças, refere a Wafa.
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