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Quase meio milhão de trabalhadores da construção sem apoio no Peru

O governo anunciou um novo financiamento às empresas no valor 8,8 milhões de dólares, para «evitar o colapso social». Mas só na construção civil há mais de 450 mil trabalhadores sem trabalho e sem apoios.

De acordo com a Federação dos Trabalhadores da Construção Civil do Peru, há mais de 450 mil operários sem trabalho, salários, rendimentos e apoios no país
Créditos / Revista Costos

A medida anunciada pelo governo peruano na semana passada é uma espécie de segunda dose, depois da que foi tomada na sequência da declaração do estado de emergência, a 15 de Março, tendo em conta a epidemia de Covid-19.

Então, o executivo também garantiu facilidades às empresas no acesso ao crédito, tendo o Banco Central do país injectado na banca privada 30 milhões de soles (cerca de 8,8 milhões de dólares) para apoiar empresas com dificuldades decorrentes da quarentena.

Tal como o fez no início de Abril, o governo de Martín Vizcarra afirma agora que o objectivo do plano de financiamento, aliado a medidas tributárias e subsídios, é impedir o «colapso económico» e «preservar os empregos», embora centenas de milhares de trabalhadores peruanos tenham sido despedidos ou ficado em situação de lay-off.

«Tratamento desigual»

Neste contexto, tanto a Confederação Geral dos Trabalhadores do Peru (CGTP) como a Federação dos Trabalhadores da Construção Civil lembram que os trabalhadores da construção civil do país andino estão sem trabalho, rendimentos e apoio social desde o início da quarentena, e denunciam que há um «tratamento desigual».

Luis Villanueva, secretário-geral da Federação, disse que estes trabalhadores não tiveram qualquer apoio social e económico do Estado desde que as obras pararam no país, devido à quarentena, precisando que estão há mais de 50 dias sem receber um salário e sem rendimentos.

«Trata-se de 450 mil trabalhadores que têm sido excluídos do acesso ao apoio social por serem considerados trabalhadores estáveis, apesar da natureza intermitente das suas funções», explicou, citado pela Prensa Latina.

Os trabalhadores da construção exigem ter acesso a um novo subsídio familiar universal, no valor de 760 soles (cerca de 220 dólares), criado pelo governo e que deveria abranger aproximadamente sete milhões de famílias, mas que deixou muitas de fora.

O Ministério da Inclusão Social, responsável pelo pagamento, admitiu entretanto que apenas poderá concretizar o pagamento no final de Maio, aparentemente por problemas logísticos, e informou que os candidatos deverão solicitá-lo exclusivamente pela Internet – além de preencherem uma série de requisitos –, o que, refere a Prensa Latina, «limita» a pretensa universalidade da medida.

Por seu lado, Luis Villanueva afirma que o apoio aos trabalhadores do sector da construção e às suas famílias é «urgente».

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