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Questionado o privilégio das armas sobre a vida nos EUA

O ministro dos Negócios Estrangeiros de Cuba afirmou, esta quarta-feira, que os números relativos a actos violentos nos EUA mostram que o direito ao porte de armas está acima da vida.

Mapa das mortes por violência armada nos EUA entre 1 de Janeiro e 26 de Outubro de 2022 
Créditos / gunviolencearchive.org

Temo como base os dados divulgados pelo portal Gun Violence Archive, Bruno Rodríguez referiu, na sua conta de Twitter, que este ano tiveram lugar 559 tiroteios massivos nos Estados Unidos da América, enquanto as mortes resultantes da violência armada ascendem a 16 653.

Das pessoas mortas, 266 são crianças (até aos 11 anos) e 1107 são adolescentes (até aos 17 anos), números que classificou como «alarmantes» e que, em seu entender, reflectem o facto de «nos Estados Unidos se privilegiar o direito ao porte de armas acima do direito à vida».

O caso mais recente de tiroteio massivo registado em território norte-americano ocorreu no passado dia 24, com um homem armado a abrir fogo numa escola secundária na cidade de Saint Louis, no estado de Missouri. Duas pessoas faleceram e várias ficaram feridas, segundo noticiou a NBC News.

O atacante, de 19 anos de idade, faleceu na sequência de uma troca de disparos com as forças de segurança, revelou a Polícia.

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México apresenta nova queixa contra empresas nos EUA por tráfico de armas

O governo mexicano abriu um processo no Tribunal Federal do Distrito de Tucson contra cinco empresas de armas no estado norte-americano do Arizona, com o intuito de travar o tráfico para o país azteca.

Créditos / Prensa Latina

Em comunicado, o Ministério dos Negócios Estrangeiros explica que estes vendedores participam, de forma rotineira e sistemática, no tráfico ilícito de armas, incluindo as de tipo militar, para cartéis e outras organizações criminosas no México, através de outras entidades.

A queixa, apresentada esta segunda-feira, dirige-se às empresas Diamondback Shooting Sports, SNG Tactical, Loan Prairie, Ammo A-Z e Sprague's Sports, informou o ministério, acrescentando que o litígio faz parte de uma estratégia multifacetada do executivo mexicano para travar a avalanche de armas, sobretudo de assalto, provenientes dos Estados Unidos e que dão força a grupos criminosos, provocam derramamento de sangue e contribuem para o tráfico de drogas.

Num vídeo divulgado pelo La Jornada, o titular da pasta dos Negócios Estrangeiros, Marcelo Ebrard, sublinhou que as empresas visadas na acção civil são responsáveis, nos últimos anos, «pela venda de armas que aparecem aqui em crimes muito graves, em homicídios, em feminicídios, em coisas muito delicadas no México».

O diplomata recordou que os EUA pediram ao governo de López Obrador ajuda na luta contra o fentanil e os cartéis da droga, «e está certo que trabalhemos juntos, mas nós também queremos que nos ajudem a reduzir o fluxo de armas, que nos provoca muitos danos».

No Senado mexicano, o responsável pela política externa destacou a luta que o seu país trava, também na Justiça norte-americana, contra o tráfico de armas proveniente dos EUA / @m_ebrard

«Não nos damos por vencidos», disse Ebrard em alusão à luta legal do país latino-americano contra os traficantes de armas que operam a partir do vizinho nortenho.

Estabelecer responsabilidades penais

Há uma semana, Marcelo Ebrard anunciou no Senado mexicano a acção judicial, destacando a importância de «começar a estabelecer responsabilidades penais» para travar o tráfico com destino ao México e, assim, conseguir travar a violência no seu país.

O responsável da política externa confirmou ainda que o seu governo vai recorrer da decisão do juiz federal do Tribunal do Distrito de Boston (estado norte-americano de Massachusetts), Dennis Saylor, que indeferiu a primeira queixa apresentada por um governo de um país contra a indústria de armamento nos EUA, refere a Xinhua.

A acção, anunciada em Agosto do ano passado, visa 11 fabricantes de armas norte-americanos, que o executivo mexicano acusa «de negligência e de fomentar o tráfico ilícito dos seus produtos» no México. Apesar de o juiz Saylor ter considerado que é um processo improcedente à luz das leis federais norte-americanas, o executivo de Obrador vai insistir.

«O tráfico destas armas é superior em número e capacidade de fogo a tudo o que compramos oficialmente num ano para as nossas forças armadas e policiais», disse Ebrard na Câmara Alta do México, citado pela Xinhua.

Em Abril último, as autoridades mexicanas afirmaram que entre 70 e 90% das armas encontradas em cenas de crime no país «têm como origem» os Estados Unidos.

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De acordo com um inquérito publicado em 2021 pela Morning Consult, mais de 75% dos eleitores norte-americanos consideram os crimes violentos como um «problema social».

Já uma sondagem realizada este Verão pela National Public Radio (NPR) mostra que mais de um quarto dos norte-americanos afirmam viver com medo de ser atacados no seu próprio bairro.

Apesar deste cenário, os passos dados no país norte-americano têm sido tímidos, o que – destaca a agência Prensa Latina – se fica a dever à força e ao poder do lóbi pró-armas.

No final de Junho – um mês depois do massacre numa escola primária em Uvalde, no Texas –, o presidente norte-americano, Joe Biden, assinou uma lei com vista a uma suposta regulamentação das armas, que coloca ênfase na possibilidade de se poder retirar armas a pessoas consideradas um perigo para elas e para os demais, na verificação dos antecedentes penais e psicológicos dos compradores, e num maior controlo na venda.

As associações pró-armas opuseram-se, mas, ainda assim, as medidas foram consideradas «moderadas» e não incidem nas espingardas de assalto, que estão entre as mais utilizadas nos tiroteios que mais matam.

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