De acordo com o Portal Vermelho, o Senado brasileiro aprovou a realização de «uma diligência nos municípios amazonenses de Tabatinga e São Paulo de Olivença», tendo como objectivo averiguar a denúncia do alegado massacre de indígenas na região do Vale do Javari.
A autora do pedido, a senadora Vanessa Grazziotin, do Partido Comunista do Brasil (PCdoB), disse que o «agravamento dos problemas na região pode estar relacionado com os cortes orçamentais sofridos pela Funai».
«Isso resultou na suspensão das actividades de cinco bases de protecção a índios isolados na Amazónia, deixando esses povos sem defesa contra garimpeiros [mineiros], fazendeiros e madeireiros», criticou a senadora comunista.
A 29 de Agosto último, o Ministério Público Federal no Amazonas, em conjunto com a Polícia Federal, abriu uma investigação sobre o alegado massacre de indígenas isolados na Terra Indígena Vale do Javari. Existe a suspeita de que um grupo de mineiros ilegais tenha executado pelo menos dez pessoas, incluindo mulheres e crianças, nas imediações dos rios Jandiatuba e Jutaí, próxima da fronteira com o Peru.
Responsabilidades de Temer
A organização Survival International descreveu o governo do presidente golpista Michel Temer como «ferozmente anti-índio, com ligações próximas ao poderoso lobby brasileiro do agronegócio e anti-indígena», e acusou-o de ter «grandes responsabilidades» no ataque «genocida» ocorrido recentemente.
Em declarações ao Huffington Post, o director da Survival International, Stephen Corry, disse que «os cortes nos fundos da Funai deixaram dezenas de tribos isoladas sem defesa contra milhares de invasores, ansiosos por roubar e pilhar as suas terras».
Para Corry, o «apoio declarado do governo brasileiro àqueles que querem ver os territórios indígenas abertos é francamente vergonhoso e está a fazer retroceder décadas os direitos dos povos indígenas do Brasil».
«Crueldade» contra comunidades tradicionais
Em entrevista ao Brasil de Fato, Joenia Wapichana, a primeira indígena a formar-se em Direito no Brasil, caracterizou como «um acto de crueldade» a ofensiva recente do governo Temer contra os povos tradicionais, na medida em que estes são mais «vulneráveis» e «não têm nenhuma forma de se defender dessa violação», disse.
A advogada considera fundamental parar com o ataque constante à Funai e concluir a regularização das terras indígenas, porque «a gente sabe que o índio sem terra não é nada», disse. No que respeita ao Vale do Javari, defendeu que o Estado brasileiro deve «tomar medidas urgentes para fazer a defesa dos povos que estão ali».
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