O BCE tem sido a instituição europeia que mais pesadelos tem dado aos trabalhadores. Por via da sua presidente, Christine Lagarde, cada anúncio feito é mais um anúncio de novas dificuldades. A suposta independência do BCE ao decretar o aumento das taxas de juro tem asfixiado quem menos tem e é mais penalizado pelo aumento do custo de vida, mas também contribuído bastante para a banca alargar os seus lucros.
Tem sido ainda o BCE, mais uma vez por Lagarde, que tem exigido cautela nos aumentos salariais e apelado aos Estados para acabar com as ajudas extraordinárias para fazer frente às dificuldades que os trabalhadores sentem.
É com este cenário pintado que foi hoje anunciado que já deu entrada no tribunal uma acção movida pelos trabalhadores do BCE por um diferendo salarial. Neste caso, os trabalhadores recorreram ao Tribunal da União Europeia para contestar um método de indexação salarial que consideram desfavorável.
A acção já tinha sido iniciada a 13 de Novembro, tendo sido movida por 40 funcionários, apoiados pela Organização Internacional e Europeia de Serviços Públicos (IPSO), um sindicato fundado por trabalhadores do BCE para representar os seus interesses profissionais.
O objectivo da acção em tribunal é contestar a decisão do BCE de ter concedido um aumento salarial de apenas 4,07% em Janeiro passado, quando a inflação na zona euro atingiu em 2022 mais do dobro (8,4%). Desta forma, a polémica que já se arrasta há quase um ano e afecta cerca de 3 700 trabalhadores.
Em sua defesa, o BCE alega que aplicou a uma fórmula de indexação denominada por «Adaptação geral dos salários», mas o sindicato, para além de dizer que tal método produz resultados insuficientes, salienta ainda que foi mal aplicado.
Para o sindicato e trabalhadores, se a tal fórmula tivesse sido utilizada corretamente, teria resultado num aumento adicional de 0,5 pontos percentuais em 2023 e em 3,3 pontos adicionais desde a sua entrada em vigor em 2009. O BCE recusa-se a comentar o caso, como se a sua credibilidade estivesse impoluta, e tem agora dois meses para responder às acusações.
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