Enrique Guejia Meza, médico e autoridade indígena do conselho Tacueyó, foi morto a tiro na madrugada deste domingo, na vereda La Luz do município de Toribío, informou a Asociación de Cabildos Indígenas del Norte del Cauca (Acin).
«Dirigia-se para sua casa, na vereda La Playa, com um familiar, […] de motorizada, e homens armados dispararam contra ele, provocando-lhe a morte», explicou a associação, que pediu «alerta máxima a todas as autoridades» e reiterou «o apelo à comunidade nacional e internacional para reforçar o apoio ao povo Nasa neste momento» e exigir ao «Estado colombiano que assuma as suas responsabilidades», indica a Prensa Latina.
A Acin lembrou ainda que este assassinato foi executado por sicários, tal como ocorreu na passada quinta-feira, dia 1, com Gersain Yatacue, guarda indígena Kiwe Thegnas e coordenador da vereda San Julián, também no município de Toribío. De acordo com El Espectador, Yatacue foi morto a tiro por desconhecidos quando ia para casa.
No sábado, 3 de Agosto, foi assassinado José Eduardo Tumbó, defensor dos direitos humanos, dirigente agrícola e sindicalista. Tumbó, de 34 anos, membro da Junta de Acção Comunal da vereda El Vergel e da Asociación Campesina de Caloto, foi atingido por vários disparos quando passava no município de Corinto.
O Conselho Regional Indígena do Cauca denunciou o aumento dos assassinatos, das ameaças, das acusações e perseguições contra quem constrói a paz na Colômbia, refere a Prensa Latina. «Comunicamos à comunidade nacional e internacional as contínuas e sistemáticas ameaças àqueles que apostam na paz, que têm vindo a ser alvo das autoridades, e à guarda indígena no Norte do Cauca, do mesmo modo que às comunidades de agricultores, que trabalham em prol da sociedade», sublinhou.
Provedoria de Justiça: mais de 1350 dirigentes sociais ameaçados de morte
Recentemente, o Provedor de Justiça da Colômbia, Carlos Negret, afirmou que há mais de 1350 dirigentes sociais, defensores do ambiente, lutadores pela paz ameaçados de morte na Colômbia, tendo acrescentado que, nos últimos quatro meses, foram mortos quase 300 dirigentes sociais no país andino.
De acordo com o Instituto de Estudos para o Desenvolvimento e a Paz (Indepaz), entre 1 de Janeiro de 2016 e 20 de Julho de 2019, foram assassinados na Colômbia 738 dirigentes sociais e defensores dos direitos humanos – 627 desde a assinatura do acordo de paz firmado entre o governo colombiano e as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia – Exército do Povo (FARC-EP).
O departamento com mais casos de assassinatos continua a ser o do Cauca, seguido dos de Nariño, Valle del Cauca, Antioquia e Norte de Santander. Em meados de Julho, o partido Força Alternativa Revolucionária do Comum (FARC) alertava para a existência de um «plano de extermínio» dos ex-combatentes das FARC-EP, tendo afirmado que mais 140 foram assassinados.
A situação não conheceu melhorias com Iván Duque, actual presidente colombiano, e, no passado dia 26 de Julho, milhares de colombianos vieram para as ruas de diversas cidades do país para dizer «basta» aos assassinatos.
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