Esta quarta-feira, o tribunal militar israelita de Ofer condenou a activista palestiniana Ahed Tamimi a oito meses de prisão e uma multa de 1370 euros (5000 shekels), e sua mãe, Nariman, também a oito meses de prisão e uma multa de 1400 euros (6000 shekels).
Acusada de esbofetear um soldado israelita que invadiu a casa da sua família na aldeia de Nabi Saleh, perto de Ramallah, Tamimi tinha ainda 16 anos quando foi presa pelas forças de ocupação.
O MPPM recorda num comunicado que, pouco antes deste episódio, o seu primo Mohammed, de 15 anos, foi baleado na cabeça por soldados israelitas, ficando em estado muito grave. A mãe, Nariman, foi presa no mesmo dia de Ahed por filmar o incidente e colocar o vídeo na internet, sendo por isso acusada de «incitamento».
A sessão de ontem, tal como todo o processo, decorreu à porta fechada, rejeitando o pedido de Ahed Tamimi para que as audiências fossem públicas.
Segundo denuncia o Centro de Informação Israelita para os Direitos Humanos nos Territórios Ocupados (B'Tselem), «o acordo judicial forçado de Ahed Tamimi ilustra claramente o papel do tribunal juvenil militar: proteger a ocupação, não os menores palestinos».
O caso de Ahed Tamimi, adianta o B'Tselem, «só é excepcional pelo facto de ter atraído especial atenção dos media, mas não é essencialmente diferente de centenas destes casos todos os anos», frisando que a taxa de condenação nos tribunais militares de Israel na Cisjordânia «é de quase 100%».
Esclarece, entretanto, que tal acontece porque os réus palestinianos, ainda que relutantemente, assinam acordos judiciais em que se declaram culpados, por não terem outra escolha.
«Um ajuste de contas»
Desde a prisão da adolescente, que a 31 de Janeiro completou 17 anos, que as forças israelitas prosseguem com os actos de agressão à sua família. A 26 de Fevereiro, dez familiares seus foram presos, incluindo o primo Mohammed, que deveria ser submetido a uma segunda operação à cabeça dois dias depois.
A acusação inicial de Ahed Tamimi continha 12 pontos. Segundo a sua advogada, Gaby Lasky, «o facto de o acordo prever a suspensão de todos os pontos da acusação que permitiram mantê-la detida até ao final do processo judicial prova que a prisão de Tamimi a meio da noite e os procedimentos legais contra ela foram medidas que tinham por objectivo um ajuste de contas».
Nour, a prima de Ahed Tamimi presa um dia depois por também aparecer no vídeo, foi condenada também a 16 dias de prisão, já cumpridos, a uma multa de 470 euros (2000 shekels) e mais cinco meses de pena suspensa, mediante acordo judicial.
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