|Ambiente

Unesco integra novos locais na Rede Mundial de Reservas da Biosfera

Com a decisão agora tomada na Nigéria pela Unesco, a Rede Mundial de Reservas da Biosfera passa a integrar 727 lugares em 131 países.

Na imagem, Reserva da Biosfera da Região de Calakmul, México, criada em 1993 e ampliada em 2006 
Créditos / widami.org

A Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco) acrescentou, esta quarta-feira, 20 novos locais, em 21 países, à sua lista mundial de reservas da biosfera, que inclui áreas especialmente protegidas com o propósito de conciliar a conservação da natureza e o desenvolvimento económico.

Todos os anos, a Unesco designa novas reservas da biosfera, com o intuito de promover o desenvolvimento sustentável, bem como de proteger e conservar os ecossistemas terrestres, marinhos e litorais, lembra o Correio Braziliense.

No decorrer da 33.ª conferência sobre o Homem e a Biosfera, que começou dia 13 e termina amanhã na capital nigeriana, Abuja, a Unesco deu luz verde a estas novas designações e ampliou duas reservas já existentes.

Os países estreantes na lista são a Líbia, o Lesoto e a Arábia Saudita, que vêem ser designadas as suas primeiras reservas: Ashaafean, Matšeng e Juzur Farasan, respectivamente.

Na Europa, a reserva de Mura-Drava-Danúbio é a primeira a ser gerida conjuntamente por cinco países: Áustria, Croácia, Eslovénia, Hungria e Sérvia. Outra reserva transfronteiriça é a da região do Lago Uvs, entre a Rússia e a Mongólia, na Ásia.

Na lista destas novas nomeações para a Rede Mundial de Reservas da Biosfera, a Rússia, o Vietname e a França surgem com mais do que um território apontado. Outros locais incluídos esta quarta-feira pela Unesco encontram-se no Canadá, Coreia do Sul, Itália, Cazaquistão, Malásia, Peru, Espanha, Tailândia e Uzbequistão.

«A diminuição da biodiversidade deixou de ser uma hipótese, é um facto»

«O Conselho Internacional de Coordenação do Programa sobre o Homem e a Biosfera da Unesco aprovou estas inclusões, além da ampliação de duas reservas da biosfera já existentes (em Itália e no Chile)», informou a organização em comunicado.

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Amazónia perdeu quase 100 hectares de floresta por hora em 2020

Ambientalistas sublinham que o «crime» é «incentivado pela redução da fiscalização» e directamente pelas autoridades, ao proporem legislação no sentido oposto ao controlo da destruição ambiental.

Queimada no estado de Rondónia, em 2020 
CréditosBruno Kelly / Amazônia Real

«A cada hora, a Amazónia brasileira perdeu 96 hectares da sua cobertura florestal no ano de 2020. Ao fim de um dia, foram desmatados 2309 hectares. Nesse ritmo, ao terminar de ler esta reportagem, o equivalente a 32 campos de futebol da floresta amazónica terão sido devastados», lê-se no portal Amazônia Real, que se refere aos dados divulgados na passada sexta-feira pela MapBiomas.

Em 2020, ano marcado pelos efeitos da pandemia da Covid-19, o desmatamento da maior floresta tropical do mundo aumentou 9% em relação a 2019. De cada dez hectares desflorestados no Brasil, seis tiveram lugar na Amazónia, com a devastação a atingir os 842 983 hectares.

Para o Amazônia Real, o governo de Bolsonaro levou a sério o «passar a boiada» (actualizar/flexibilizar normas, no caso, para o avanço do agronegócio) defendido pelo ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, que é investigado por crime ambiental e enriquecimento ilícito.

O segundo Relatório Anual do Desmatamento 2020, elaborado pelo MapBiomas, mostra que, no Brasil, entre Janeiro e Dezembro, foram emitidos 74 218 alertas de desmatamento para uma área superior a 1,3 milhão de hectares. Por comparação com 2019, o aumento da área abrangida foi de 14%.

A MapBiomas, iniciativa que integra diversas entidades dedicadas a estudos e acções de protecção ambiental, verificou que 99% de todo o desmatamento do país sul-americano ocorreu de forma ilegal, ou seja, sem a devida autorização dos órgãos ambientais. Nem mesmo áreas protegidas, como unidades de conservação e terras indígenas, escaparam da acção dos prevaricadores.

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Desflorestação no período de Bolsonaro é 82% superior aos anos anteriores

Os alertas de desmatamento da floresta amazónica indicaram uma área de 8426 quilómetros quadrados em 2020, o equivalente a cerca de cinco cidades de São Paulo.

Organismos oficiais verificaram um aumento de 83,9% na devastação da floresta entre Janeiro e Novembro deste ano por comparação com o mesmo período de 2018
Nos dois primeiros anos de governo de Bolsonaro aumentou a devastação da floresta amazónica Créditos / A Crítica

Os dados foram divulgados pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) na sexta-feira passada e foram registados pelo projecto Deter-B, que indica praticamente em tempo real a localização de acções ilegais em zonas preservadas.

A área devastada na Amazónia em 2020 – 8426 quilómetros quadrados – corresponde ao segundo pior índice da série histórica do Deter, que começou a operar em 2015; só é suplantada por 2019, primeiro ano de governação de Jair Bolsonaro, em que foi desflorestada uma área de 9178 quilómetros quadrados.

Ou seja, nos dois primeiros anos do governo de Bolsonaro, a área desflorestada na Amazónia é 82% superior, em média, à dos três anos anteriores. Mesmo com a redução de 8% de 2019 para 2020, a média de área desmatada nestes dois anos é de 8802 quilómetros quadrados, bem acima da registada entre 2016 e 2018: 4844 quilómetros quadrados, informa o Portal Vermelho.


Numa nota à imprensa, o secretário executivo do Observatório do Clima, Marcio Astrini, comentou estes dados afirmando que «Bolsonaro tem dois anos de mandato e os dois piores anos de Deter ocorreram na gestão dele». «As queimadas, tanto na Amazónia quanto no Pantanal, também cresceram por dois anos consecutivos. Não é coincidência, mas sim o resultado das políticas de destruição ambiental implementadas pelo actual governo», sublinhou.

Já no início de Dezembro, quando veio a público que a devastação da Amazónia batia recordes no Brasil, o Observatório dirigiu duras críticas ao governo brasileiro, tendo emitido uma nota em que denunciava que os números cumprem «um projeto bem-sucedido de aniquilação da capacidade do Estado Brasileiro e dos órgãos de fiscalização de cuidar de nossas florestas e combater o crime na Amazónia».

Por seu lado, Rômulo Batista, porta-voz da Campanha Amazônia da Greenpeace, disse que aquilo a que se tem assistido nos últimos dois anos é um desmantelamento de «todas as políticas e conquistas ambientais feitas desde a redemocratização do país».

Em entrevista ao Brasil de Fato, afirmou que «Bolsonaro vê o meio ambiente como um entrave económico» e que tanto ele como os seus ministros «apostam na abertura de terras indígenas para mineração e no desmatamento para o aumento da produção agrícola».

Destacou que o «desmatamento não traz riqueza» e lembrou que a «ciência aponta que a Amazónia está muito próxima de um ponto de "não retorno" também chamado de ponto de "inflexão", que é quando a floresta perde a capacidade da sua automanutenção».

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Marcos Reis Rosa, doutor em Geografia pela Universidade de São Paulo, afirma que, tendo em conta as informações disponíveis em bancos de dados como o Cadastro Ambiental Rural (CAR), é possível identificar o autor em qualquer desmatamento ocorrido no Brasil. Dos mais de 5,5 milhões de imóveis rurais cadastrados no Brasil, sublinha, houve registo de desflorestação em apenas 0,99%.

«Só um por cento teve desmatamento, o que bastou para fazer este estrago não só ao meio ambiente mas também à nossa imagem lá fora. Mas é este 1% que faz barulho, que tem representantes no Congresso, que está lá para fazer lei para ampliar o desmatamento, lei para amnistiar ocupação ilegal», disse Rosa, um dos autores do relatório da MapBiomas, em entrevista à Amazônia Real.

«O crime não pára»

Líder de Conversão Zero do WWF-Brasil – um dos parceiros institucionais da MapBiomas –, Frederico Machado avalia que a fragilidade dos trabalhos de fiscalização em campo por causa da pandemia foi apenas mais uma oportunidade encontrada para o avanço da desflorestação.

«O crime não pára. É até incentivado pela redução da fiscalização. Por falas das nossas autoridades, propondo legislação no sentido oposto ao controle da destruição ambiental. Há o desmantelamento das nossas agências ambientais. Isso tudo é muito grave, e a pandemia foi mais um momento de oportunidade», disse Machado.

Entre os cinco biomas brasileiros, a Amazónia concentrou 60,9% da área desmatada no país em 2020. Segue-se o Cerrado (31%), a Caatinga (4,4%), o Pantanal e a Mata Atlântica, ambos com 1,7%, e o Pampa (0,1%).

Entre os 27 estados da federação, os que compõem a Amazónia Legal lideram o ranking do desmatamento. Só no Pará, registou-se mais de um quarto (26,4%) da desflorestação detectada em todo o país.

Seguem-se Mato Grosso (12,9%), Maranhão (12,1%), Amazonas (9,2%) e Rondónia (8,3%). Tanto Mato Grosso quanto o Maranhão integram outros biomas – Cerrado e Pantanal, no primeiro caso, e Cerrado, no segundo.

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Em Itália, a Reserva da Biosfera do Apenino Tosco-Emiliano passou a ter uma dimensão de 498 613 hectares (a área abrangia 275 384 hectares). No Chile, outra reserva já existente, a de Lauca, criada em 1981 (junto à fronteira com a Bolívia e o Peru), passou a ter uma área de 1 026 567 hectares (antes o espaço tinha 358 mil hectares).

São os governos que propõem os nomes das suas reservas da biosfera, que continuam sob sua jurisdição após a inclusão na lista da Unesco. Actualmente, existem 727 sítios em 131 países, o que equivale a cerca de 6% do território do planeta.

«A diminuição da biodiversidade deixou de ser uma hipótese, é um facto», advertiu na Nigéria a directora-geral da Unesco, Audrey Azoulay, tendo referido que o organismo da ONU vai acompanhar cada país para que em 2030 se alcance a meta de 30% do planeta formado por áreas protegidas.

Com a rede de reservas de biosfera, a Unesco procura contribuir para a conservação da biodiversidade, a educação ambiental, a investigação e o desenvolvimento.

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