«Desconsideração por Marvila», é desta forma que as comissões de moradores e de utentes reagem ao facto de, apesar do convite lançado ao presidente da autarquia, enquanto senhorio destas habitações, não ter comparecido ao acampamento realizado em frente aos lotes de habitação, esta segunda-feira. O objectivo, realçam as comissões num comunicado, era dar visibilidade ao «drama de viverem todos os dias sem elevadores que funcionem e terem de realizar as suas necessidades básicas sem o seu direito fundamental à mobilidade no interior dos seus lotes de habitação». O convite para participar na iniciativa foi alargado aos vereadores da Câmara de Lisboa, mas apenas compareceu o eleito comunista.
Carlos Moedas, que centrou a sua campanha eleitoral «nos problemas que agora ignora e não quer enfrentar», não justificou sequer a ausência, criticam os moradores, que se afirmam vítimas de uma situação «vergonhosa».
São edifícios de 8 e 15 pisos com elevadores há muito avariados, que retêm pessoas idosas nas próprias casas. Moradores dizem que abandono é «opção política» e promovem acção de denúncia, esta quinta-feira. «Rota dos elevadores avariados», assim se designa a iniciativa que as comissões de utentes e de moradores de Marvila vão realizar com o objectivo de dar conhecimento público «do estado de abandono e degradação de boa parte da habitação na Freguesia de Marvila», revelam num comunicado. A acção decorre da exposição feita à Câmara Municipal de Lisboa, no final de Junho, sobre uma série de elevadores avariados no Bairro do Condado, à qual a autarquia ainda não deu resposta. Perante o «abandono» que a população de Marvila «sente quotidianamente na pele», moradores e utentes idealizaram esta rota, para a qual convidaram o presidente Carlos Moedas, as vereadoras Filipa Roseta e Sofia Athayde, os gabinetes eleitos, assim como o executivo da Junta de Freguesia de Marvila. Na missiva enviada ao Município, as comissões alertam para a «situação dramática» com que a população do Bairro do Condado está confrontada devido ao não funcionamento dos elevadores de oito edifícios e 12 lotes, alguns há vários anos. Defendem, por outro lado, que o «abandono é uma opção política e não uma inevitabilidade». Nesse sentido, exigem que a Câmara Municipal de Lisboa, enquanto principal senhorio, aja no sentido de os elevadores da freguesia funcionarem em pleno, mas não apenas. Entre as exigências, moradores e utentes reclamam a atribuição de casa a famílias necessitadas, «recuperando habitações há muito fechadas, por inércia política», e intervenções nas infra-estruturas, de forma a corrigir situações como infiltrações. Noutras vertentes, as comissões de moradores e de utentes de Marvila reivindicam a colocação dos médicos de saúde familiar na respectiva unidade de saúde, onde 70% dos utentes não têm médico de família, o reforço dos autocarros da Carris e a reposição do serviço postal e de agências bancárias, entre outras medidas. Neste sentido, adiantam que «outras rotas, por outros direitos, se seguirão». A «Rota dos elevadores avariados» tem início previsto no lote 568, na Praça Dr. Fernando Amado, pelas 16h, e, segundo comunicado enviado ao início do dia, vários eleitos da Câmara de Lisboa e da Junta de Freguesia de Marvila já confirmaram a sua presença. Desde há vários anos, o AbrilAbril assume diariamente o seu compromisso com a verdade, a justiça social, a solidariedade e a paz. O teu contributo vem reforçar o nosso projecto e consolidar a nossa presença.Local|
Moradores de Marvila fazem «rota dos elevadores avariados»
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«Fartos» de denunciar a situação em que vivem, os moradores dos lotes 568 e 570 (com oito pisos), que promoveram o acampamento, sentem-se em «verdadeiros campos de concentração» devido à inoperabilidade dos elevadores e às «limitações pessoais de mobilidade de que sofrem, ou a patologias graves e/ou crónicas de que padecem».
«Muitos de nós dependem de familiares e solidariedade de vizinhos para termos alguma mobilidade e satisfazer necessidades básicas. Recorremos, também, aos bombeiros para realizar alguma deslocação mais premente», referia a nota a anunciar a acção desta segunda-feira, na qual se recordavam os abaixo-assinados apresentados, a participação em reuniões públicas da Câmara de Lisboa e outras iniciativas de alerta para o facto de haver quem não possa sair de casa pelo seu próprio pé.
Um dos elevadores «move-se por curtos espaços de tempo e o outro está parado em permanência há muito, muito tempo», mas os moradores rejeitam esperar mais e exigem respostas eficazes, «agora». Como tal, e face à ausência de Carlos Moedas, as comissões de moradores e de utentes decidiram deslocar-se à Praça do Município, no próximo dia 9 de Outubro, a partir das 8h. O figurino da iniciativa ainda está por definir, mas o lema já existe – «O Eng. Carlos Moedas Não Teve Tempo de Vir a Marvila, Marvila Vai à Praça do Município!».
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