A ideia apresentada esta quinta-feira em conferência de imprensa prevê a criação de um grupo de trabalho multidisciplinar para acompanhar a instalação do museu, até à sua abertura e durante o primeiro ano de actividade, devendo o espólio ser recolhido pela Câmara de Lisboa junto de outras instituições.
Subjacente à proposta dos vereadores do PCP está a marca vincada na cidade pela concentração de grandes indústrias ao longo da zona ribeirinha, «a par de uma malha de pequenas indústrias e oficinas que se estendia a toda a área do concelho».
Em 1890, a capital tinha mais de 15 000 operários que se distribuíam por 259 fábricas, sendo os têxteis e o tabaco as áreas que apresentavam um maior número de trabalhadores. O operariado, lê-se na proposta, «habitava e marcava a cidade com a sua cultura, o que era visível na existência das vilas operárias, das pequenas fábricas e oficinas, das colectividades que encontramos em praticamente todos os bairros, a par dos grandes aglomerados de população operária, nos quais se salientam os bairros de Alcântara e Xabregas/Beato».
Os comunistas realçam que o acelerado processo de desindustrialização, de terciarização e despovoamento, «com a expulsão das classes trabalhadoras e dos pobres para a periferia», não deve ser aceite como irreversível.
Considerando que «Lisboa deve voltar a ter indústria, um porto digno desse nome, e deve voltar a ser, também, uma cidade de trabalhadores e operários», o PCP propõe que se proceda à investigação, conservação e divulgação da memória do trabalho industrial, dos seus trabalhadores e da sua cultura, também como forma de homenagem. Porque, assegura, «ter memória é respeitar e estudar a História e cuidar do legado que recebemos, e não deixar ao abandono as tradições que devem ser estudadas, investigadas, protegidas e conservadas».
O PCP destaca ainda na proposta que a gestão do museu ficará a cargo da Câmara de Lisboa, que deverá alocar «os meios financeiros, logísticos e os recursos humanos necessários» à sua criação e funcionamento.
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