A apresentação das obras neste troço do IC1, que a população passou a designar de «estrada da morte», está a cargo do presidente da Infraestruturas de Portugal (IP), António Laranjo. Do programa constam ainda intervenções do presidente da Câmara de Alcácer do Sal e da Comunidade Intermunicipal do Alentejo Litoral, Vítor Proença, e do ministro do Planeamento e das Infraestruturas, Pedro Marques.
Os utentes aplaudem a iniciativa do Estado mas dizem-se «de pé atrás». Para este sentimento contribuíram oito anos de promessas por cumprir e elevadas taxas de sinistralidade no troço entre Alcácer do Sal e Grândola. «Estamos expectantes sobre o tipo de concurso que será apresentado porque sabemos que a intervenção deve ser abrangente e não ficar apenas pelos remendos», afirma Manuel Rocha, da Comissão de Utentes do IC1 de Alcácer do Sal e de Grândola.
Por outro lado, a comissão receia que, a poucos meses das eleições autárquicas, esta questão possa derrapar até às próximas legislativas e «acentuar manobras propagandistas e eleitoralistas».
O fim de um «contrato ruinoso»
Em Março, a IP anunciou que o concurso público para a empreitada de requalificação, orçamentada em cerca de seis milhões de euros, iria ser lançado este mês, depois de o Tribunal de Contas ter dispensado «a necessidade de visto prévio ao contrato renegociado da subconcessão do Baixo Alentejo». A decisão deixou incrédula a comissão de utentes.
«Durante anos, sempre foi argumentado que o processo de renegociação do contrato da subconcessão do Baixo Alentejo teria de obter o visto prévio do Tribunal de Contas e o governo do PSD e do CDS-PP mandou mesmo suspender a concessão. Afinal de contas não carece de visto e hoje constatamos ser possível o que a comissão de utentes sempre defendeu, ou seja, o Estado tomar a jurisdição da estrada», esclarece Manuel Rocha.
Acrescenta este responsável que o contrato assinado há oito anos com a concessionária se revelou ruinoso para o Estado e desastroso para os utentes e demais população dos dois concelhos. «Foram considerados pressupostos, designadamente a manutenção e salvaguarda da via ou a construção de infraestruturas, que a concessionária descurou», denuncia.
Perante o avançado estado de degradação do lanço do IC1, entre Alcácer do Sal e Grândola, a IP avançou ontem com uma «intervenção de urgência» no sentido de «eliminar ou mitigar boa parte dos actuais problemas da via». Manuel Rocha admite que apesar destes trabalhos de nivelização e regularização da via rodoviária e das bermas serem importantes, ainda não passam de «remendos».
A comissão de utentes defende a necessidade de uma intervenção de fundo em todo o IC1 e que as obras devem ser retomadas em Palma, depois da intervenção realizada em 2012, entre esta localidade e a Marateca.
Fartos de promessas avançadas ao longo dos últimos anos, os eleitos dos municípios de Alcácer do Sal e de Grândola, que durante anos lutaram ao lado da população pela reparação da via, não escondem as reservas e recordam a necessidade de uma intervenção estrutural.
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