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TST elimina carreiras numa altura em que a procura aumenta

A Transportes Sul do Tejo (TST) eliminou quatro carreiras, duas com ligação a Lisboa. Municípios exigem reposição imediata, utentes estão preocupados. 

Utentes denunciam a degradação do serviço prestado pela TST
Há mudanças em 28 linhas, algumas deixam de circular ao fim-de-semanaCréditos

A empresa, que não justifica a decisão anunciada na sua página na internet, não auscultou os municípios visados, tal como não obteve a necessária autorização da Área Metropolitana de Lisboa (AML) para as alterações realizadas, com efeitos a partir de hoje. 

A denúncia parte da Câmara Municipal da Moita – concelho afectado pela supressão da carreira 333 –, que esta segunda-feira esteve em contacto com a AML no sentido de acompanhar as diligências daquela entidade para resolver a situação. 

A TST explica que vão ocorrer mudanças em 28 linhas, com redução de horários, havendo mesmo algumas que deixam de circular ao fim-de-semana. A estes transtornos junta-se a supressão de quatro carreiras, duas das quais com ligação a Lisboa. 

A Câmara da Moita recorda numa nota à imprensa que, perante a nova situação de tutela da AML e dos municípios sobre os transportes rodoviários, «não é admissível que as operadoras de transportes continuem a decidir unilateralmente sobre horários e carreiras», à revelia das necessidades e dos interesses dos utentes e da mobilidade na região, tal «como acontecia anteriormente», com a «complacência» da Administração Central.

O Município «repudia totalmente» a opção dos TST e exige a reposição imediata dos horários e carreiras em vigor até à semana passada. Tendo em conta que o novo sistema de passes metropolitanos trouxe um substancial aumento da procura e de passes vendidos, a autarquia sublinha que o caminho a seguir deve ser antes o do «reforço da oferta e de mais e melhores transportes na região». 

Medida «incompreensível»

Posição semelhante têm as câmaras do Seixal, Palmela e Sesimbra. Joaquim Santos, presidente da Câmara Municipal do Seixal, denuncia que, «desde há vários anos», os TST «prosseguem uma política de reorganização da rede e de ajustamentos dos horários, carreiras e percursos que, na prática, resultaram em cortes nas carreiras e em menores frequências, reduzindo significativamente o direito à mobilidade».

A esta crítica, o autarca soma o desinvestimento na frota, «quer através da redução do número de viaturas operacionais, quer pela notória falta de manutenção das condições de segurança e conforto dos passageiros, bem como das condições de trabalho dos motoristas do transporte rodoviário».

«Num momento em que os municípios estão a investir na mobilidade e no incentivo à utilização dos transportes públicos, nomeadamente através do passe social intermodal a baixo custo, numa altura em que se coloca como necessário e urgente o combate às alterações climáticas é incompreensível a medida tomada pela TST», frisa Joaquim Santos. 

Indicadores exigem o contrário

Ouvido esta manhã pela Antena1, Marco Sargento, da Comissão de Utentes de Transportes da Margem Sul, disse tratar-se de um anúncio «preocupante», sobretudo num momento em que todos os indicadores apontam para um aumento da procura.

O representante dos utentes frisa que, apesar de «todas as entidades públicas» terem afirmado que os novos contratos de serviço público iriam aumentar a oferta – «recordo-me de declarações do presidente da Câmara de Lisboa e mesmo [da presidente] de Almada, de aumentos de 20%, 30% na oferta», a empresa da Arriva (pertencente à multinacional dos alemães da Deutsche Bahn) decide agora reduzir o serviço prestado.  

Dados provisórios da AML, divulgados em Dezembro, dão conta de que os quase 56 milhões de passageiros transportados no mês de Novembro reflectem 764 095 passes vendidos. Segundo esta entidade, o valor confirma que a criação dos novos passes Navegante, em Abril de 2019, «representou uma profunda alteração das soluções de deslocação, em favor de uma mobilidade mais sustentável, e com significativo impacto» económico e social nas famílias.

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