|Transtejo

Barcos sem baterias, carros sem motor, Governo sem sentido, utentes sem barcos

O Tribunal de Contas (TC) recusou o visto ao contrato de compra das 9 baterias em falta para os 10 barcos que a Transtejo comprou. O TC tece profundas críticas ao processo e enviou-o para o Ministério Público.

Os trabalhadores da Transtejo queixam-se dos navios serem insuficientes e de terem os seus certificados de navegabilidade caducados
CréditosRodrigo Baptista / Agência LUSA

Trata-se de um negócio suspeito: a Transtejo procedeu à compra de 10 barcos eléctricos e de apenas uma bateria, tendo aceitado um modelo em que a bateria é exclusivamente fornecida por uma empresa, a mesma que desenhou o sistema. Como as baterias têm uma validade de sete anos, e os barcos uma esperança de vida mínima de 21, são necessárias 29 baterias para garantir que os barcos funcionam. Por agora, não estão compradas nem sequer garantidas.

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Utentes da Transtejo exigem fim das supressões

As comissões de utentes do Seixalinho (Montijo), Seixal, Barreiro e Almada promovem uma concentração, esta tarde, no Cais do Sodré, em Lisboa, pela normalização dos transportes fluviais. 

«Até onde quererão levar estas medidas?», questiona a Fectrans
CréditosMiguel A. Lopes / Agência Lusa

«Face às contínuas e gravíssimas alterações de serviços prestados pela Transtejo-Soflusa, com especial incidência desde o passado dia 22 de Dezembro, tomou esta Comissão a iniciativa de apelar à direcção da empresa e a variados órgãos de poder local», refere a Comissão de Utentes do Cais do Seixalinho (CUCS), na sua página no Facebook. 

«Dado que as comunicações dirigidas à Transtejo-Soflusa e ao poder local de Montijo e de Alcochete ficaram, até agora, sem resposta e o péssimo serviço prestado continua, reserva-se esta Comissão ao encetar de novas formas de protesto», prossegue. 

O cenário de dificuldades levou a uma coordenação com as comissões de utentes do Seixal, Barreiro e Almada, tendo decidido realizar um protesto, hoje, pelas 17h, na estação fluvial do Cais do Sodré. 

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PS chumba reforço de meios para Transtejo e Soflusa

O PS travou a proposta de reforço de 5,25 milhões de euros para o transporte fluvial no Tejo; o PSD e o CDS-PP abstiveram-se. A degradação do serviço é tal que até afectou a discussão do Orçamento.

Problemas na travessia do Tejo persistem há anos sem resolução
Créditos / cibersul.org

A proposta do PCP previa um reforço de 5,25 milhões de euros nas transferências do Orçamento do Estado para a Transtejo e a Soflusa. O PS votou contra, o PSD absteve-se e o PCP e o BE votaram a favor, na sessão desta tarde da Comissão de Orçamento e Finanças, na Assembleia da República.

Os comunistas justificaram a sua proposta com a discrepância entre as necessidades financeiras das empresas para darem resposta às necessidades de manutenção e reparação dos navios. Recorde-se que os problemas têm afectado as travessias fluviais entre Lisboa e a Margem Sul, com supressões e atrasos recorrentes.

Esta realidade entrou na discussão do Orçamento de forma impressiva, durante a audição do ministro do Ambiente, que tutela o sector. O deputado do PCP Bruno Dias chegou atrasado à reunião precisamente devido à supressão de carreiras da Transtejo.

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A acção desta tarde marca «uma nova fase» de protestos, perante uma empresa que, denuncia a CUCS, «continua sem um Plano de Manutenção estabelecido». Daí decorre, que, «cada vez mais frequentes, as avarias numa frota envelhecida e com deficiente Manutenção de Continuidade se traduzam em situações de, por vezes, haver mais navios em reparação do que a navegar», levando a «enormes e gravíssimos» prejuízos para todos os utentes da Margem Sul do Tejo.

Esta segunda-feira, a empresa anunciava no seu site que, devido a problemas técnicos da frota, não é possível garantir a realização de todas as carreiras previstas em períodos de ponta, de manhã e de tarde, entre Lisboa e o Seixal. Segundo os utentes, nos últimos tempos, as ligações Lisboa-Seixal e Lisboa-Montijo têm sido realizadas com apenas um barco. 

Em 2022, o número de passageiros da Transtejo-Soflusa cresceu 48% face a 2021, registando-se 15 803 pessoas transportadas. 

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A situação levou o Tribunal de Contas a enviar o processo para o Ministério Público, «para eventual apuramento de responsabilidade financeira e/ou de responsabilidade criminal». Aliás, o acórdão agora divulgado é exactamente para travar uma negociata na compra de nove dessas baterias por 16 milhões de euros (um terço do preço dos 10 navios!). Para agravar, o TC demonstra que a Transtejo lhe mentiu para conseguir obter o visto ao primeiro concurso.

Entretanto, caberá, por um lado, ao Ministério Público investigar as certezas e as suspeitas que o TC levanta e, por outro, à Assembleia da República apurar as responsabilidades e as consequências políticas, que devem ir mais longe do que avaliar a forma como foi concretizado este processo. Confirma-se, igualmente, o quão prejudicial foi o Governo PS impor uma solução técnica (barcos eléctricos) que não está suficientemente testada e que tornou o processo de aquisição mais complexo e moroso. A propósito, recorde-se que o então ministro do Ambiente e da Acção Climática, João Pedro Matos Fernandes, afirmou na Comissão Parlamentar de Economia, Inovação, Obras Públicas e Habitação, em Fevereiro de 2021, que «tudo isto está muito bem pensado e muito bem articulado».

Não parece aceitável que este processo se limite a um conjunto de demissões e ao desperdício de 50 milhões de euros do erário público, enquanto as populações sofrem com a falta de oferta e os utentes da Transtejo esperam que os barcos entrem em funcionamento.

A entrega do primeiro barco estava prevista para este mês, o segundo está igualmente quase concluído (apesar de não ter bateria). É preciso encontrar uma solução urgente para o problema criado pelo anterior Ministério do Ambiente e pela gestão da Transtejo. Nesse sentido, o Grupo Parlamentar do PCP requereu a audição parlamentar, com carácter de urgência, do ministro do Ambiente, do Tribunal de Contas e da administração da Transtejo (que já anunciou o seu pedido de demissão).

Fica igualmente visível a falta de transparência dos processos de contratação pública. Fosse público o contrato, onde alguém, como agora denuncia o TC, quis «comprar um automóvel sem motor, uma moto sem rodas ou uma bicicleta sem pedais» e não teria sido o mesmo travado atempadamente por uma colectiva, sonora e nacional gargalhada?

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