Recentemente foi criada a Nossa Europa – Plataforma de Cidadania, que, segundo os seus promotores, tem por objectivo melhorar a informação sobre as diversas questões ligadas à União Europeia, em que acreditam e que consideram ser «um projecto de cidadania, uma construção de todos os europeus».
O Presidente da República recebeu na passada semana uma delegação desta Plataforma, liderada pelo antigo eurodeputado do PSD Carlos Coelho, que se fez acompanhar por Leonor Beleza, Nuno Severiano Teixeira, Pedro Mota Soares, Raquel Vaz Pinto e Zita Seabra, entre outros.
Segundo o jornal Público, integram também o núcleo original da Nossa Europa a eurodeputada e antiga governante do PS Maria Manuel Leitão Marques, o ex-comissário europeu Carlos Moedas, António José Seguro, Marques Mendes e Paulo Sande, ex-candidato ao Parlamento Europeu pelo partido de Santana Lopes.
Trata-se, sem dúvida, de uma plataforma com uma espinha dorsal constituída por personalidades de partidos que se auto-intitulavam como fazendo parte do chamado «arco da governação», repercutindo aquilo que se passa nas instituições da União Europeia, onde socialistas e conservadores andam de braço dado.
Isto é, trata-se de uma organização que se propõe fazer propaganda da União Europeia, nomeadamente enquanto espaço político neoliberal que pretende aprofundar o seu carácter supranacional, mas também de um Tratado Orçamental que garante ao grande capital manter o essencial das políticas mesmo quando mudam os governos dos diversos países, subalternizando o papel das instituições nacionais.
Recorde-se, a propósito, as afirmações de Felipe González (PSOE) de que «os cidadãos pensam, com razão, que os governantes obedecem a interesses diferentes, impostos por poderes estranhos e superiores, a que chamamos mercados financeiros e/ou Europa».
Ora, surpreendentemente, ou talvez não, ainda segundo o Público, Marisa Matias, eurodeputada do BE, integra também o núcleo original que constituiu a plataforma Nossa Europa, na sempre «boa companhia» dos ex-governantes do PS, PSD e CDS-PP.
Razão terá Jorge Bateira, ao escrever que «o País fica a saber que não pode contar com o BE para esclarecer o povo sobre os malefícios do euro, nem pode contar com o seu contributo para a formulação de uma alternativa que dê futuro ao País. Quem pode acreditar numa oposição assim? Para que serve uma oposição cujo principal anseio parece ser o de governar no quadro do colete de forças do euro?»
De facto, não se pode propagandear lá fora a União Europeia e criticá-la cá dentro, seja por actos de pressão e ingerência sobre o nosso País, nomeadamente quando da discussão dos orçamentos do Estado dos últimos anos ou por condicionar a descida do IVA da electricidade.
Marisa Matias parece querer agora integrar o também designado arco da troika. Aguardemos para saber se é simplesmente Marisa ou o seu partido como um todo.
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