Os patrões da comunicação televisiva e as suas direcções de informação, no final de cada debate entre líderes partidários que concorrem às eleições de 10 de Março, fazem o favor, sem custos adicionais, de servir aos telespectadores, sem dó nem piedade, doses múltiplas de «outros debates». Isto é, quem quiser ver debates, cuja duração não passa os trinta minutos, leva com algumas horas de comentário político em que os intervenientes procuram convencer os telespectadores de que não viram o que pensam ter visto, mas aquilo que eles querem que vejam.
No fundo, são longas horas de «conversas de café» com ar de coisa séria, sustentadas por comentadores encartados, incluindo jornalistas, alegadamente «independentes» embora na sua maioria estejam politicamente activos e enraizados no bloco central (PS/PSD), favorecendo-o.
Trata-se, sem sombra de dúvida, de uma árdua tarefa para estes comentadores que, qual manobra de ilusionismo, nos mostram o que os candidatos queriam dizer, mas não disseram, ou o que disseram, mas não queriam dizer. Aliás, sem estes comentários, o que seria dos telespectadores que, sentados à frente da televisão, vêem e ouvem, mas, coitados, nada percebem?
Por este andar, e por vontade de alguns, no futuro próximo nem haverá debates. Apenas comentários a debates imaginários. Assim, serviam-nos a «papinha» pronta a comer, sem espinhas e já mastigada. Era só engolir!
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