Mais um debate na Assembleia da República que serviu para os partidos de direita degladiarem-se pelo seu campo político, perpetuarem preconceitos e escaparem à discussão sobre os reais problemas do país.
Na «casa da democracia» discutiu-se hoje aquilo que os que têm projectos anti-democráticos quiseram e, como seria de se esperar, à direita, não se procurou elevar o debate, preferindo cavalgar no sensacionalismo para retirar dividendos políticos, algo visível na instrumentalização das forças de segurança.
À esquerda, José Luís Carneiro do PS, ex-ministro da Administração Interna, procurou relembrar que Portugal tem sido um dos países mais pacíficos do mundo e que «em 2003, houve mais 45 mil participações criminais do que em 2023».
Já o PCP foi o partido que mais procurou explorar o contraste entre aquilo que a direita diz e o país em que o povo e os trabalhadores vivem. Pela voz de António Filipe, os comunistas falaram nas «percepções que as realidades não confirmam», reiteraram que não alinham nem alimentam na narrativa da correlação entre criminalidade e imigração da direita, e que «a insegurança dos cidadãos é o aumento da pobreza e das desigualdades».
Na mesma linha esteve o Bloco de Esquerda que através da sua coordenadora defendeu que «todos os dados recusam uma relação entre imigração e criminalidade e ainda assim o Governo acha que pode instrumentalizar a polícia em megaoperações-fetiche para combater uma suposta relação entre imigração e criminalidade».
Também nesta página esteve Rui Tavares do Livre que considera que uma vez que estamos «em contagem decrescente para eleições autárquicas e presidenciais», o debate faz parecer que «estamos em campanha».
O debate teve a participação da ministra da Administração Interna, Margarida Blasco, que parece não estar alinhada com o Governo. Disse a ministra que o Governo não instrumentaliza a polícia, mas antes «dá orientações às forças de segurança para reforçar acções de fiscalização, que vão continuar no terreno», o que contrasta e muito com o orgulho com que o executivo governativo comentou as mais recentes operações policiais..
A ministra disse ainda que «num Estado de direito democrático, a polícia atua sob o primado da lei e aos olhos da lei e o crime não tem nacionalidade, cor de pele, religião ou etnia», mas o problema é que a fotografia do Benformoso desmente essa tese e as «acções de fiscalização» nunca são feitas nas zonas nobres da capital do país.
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