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Falta de residências? Ministro culpa instituições do Ensino Superior subfinanciadas

O ministro do Ensino Superior, Ciência e Inovação considera que as instituições de Ensino Superior são as culpadas pela falta de residências, empurrando com a barriga as culpas dos sucessivos governos de PS, PSD e CDS-PP no subfinanciamento do Ensino Superior.

CréditosMiguel A. Lopes / Lusa

Fernando Alexandre, ministro do Ensino Superior, Ciência e Inovação, foi hoje à RTP vangloriar-se do número de estudantes que foram colocados na primeira fase de acesso ao Ensino Superior. As declarações do responsável pela tutela passaram, no entanto, ao lado da realidade e das dificuldades, uma imagem de marca do actual Governo. 

Tentando focar-se num suposto sucesso que em todo o caso seria sempre alheio à sua governação, Fernando Alexandre quis focar-se na importância de uma boa integração aos estudantes nesta fase, isto numa altura em que já se antecipam grandes dificuldades dos estudantes deslocados em conseguirem arranjar alojamento, dada a grave crise habitacional que se verifica. 

No passado dia 20 de Junho o portal Infocursos divulgou um conjunto de dados que indicavam que no ano lectivo de 2022/2023, 11,73% dos estudantes caloiros do ano anterior já não se encontravam em nenhuma instituição do Ensino Superior, mais 0,13 pontos percentuais face ao ano lectivo 2021/2022 e mais 1,5% face ao ano lectivo 2015/2016.

Verifica-se uma tendência de abandono crescente e a realidade actual poderá confirmar uma nova subida deste indicador. As propinas, associadas à incapacidade da Acção Social Escolar em dar respostas aos problemas estudantis, à falta de residências universitárias e a um Plano Nacional para o Alojamento no Ensino Superior que mal saiu do papel são as principais causas que afectam os jovens universitários. 

É dramática a situação vivida por muitos estudantes que para fazer face às despesas equacionam comer menos ou desistir de estudar. Face a isto, na ida à RTP o ministro nada disse e aquando de apurar responsabilidades por décadas de inacção governativas, Fernando Alexandre culpou as instituições do Ensino Superior.

«O que não foi feito ao longo de décadas em Portugal, por parte das instituições do Ensino Superior foi um investimento em residências universitárias», defendeu o ministro que propositadamente optou por não dizer que as universidades e politécnicos recorrem a mecanismos de autofinanciamento, como as propinas, taxas e emolumentos, sendo forçadas a adoptar posicionamentos mercantilistas para conseguirem cobrir as suas despesas de funcionamento. 

Assim como ditam as opções políticas do Governo, Fernando Alexandre opta por manter a linha de desresponsabilização do Estado das suas obrigações institucionais com a área da Educação. Para lá destas declarações, ainda em Maio o ministro defendeu que as universidades «têm de diversificar as suas fontes de financiamento», apostando em «parcerias com outras entidades públicas e privadas». Quer isto dizer que, se depender do Governo as instituições do Ensino Superior irão continuar com o garrote do subfinanciamento público e com a ameaça da privatização. 

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