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Hoje assinala-se um dia por cumprir

Consagrado pela Organização das Nações Unidas (ONU), 20 de Fevereiro é Dia Internacional da Justiça Social, mas só no nosso país há mais de dois milhões de pessoas a viver abaixo do limiar da pobreza. 

Um transeunte passa ao lado de um sem-abrigo, no centro de Génova, Itália, a 4 de Março de 2021. A pobreza absoluta em 2020 atingiu 2 milhões de famílias e 5,6 milhões de pessoas no país, com um novo máximo de crescimento desde 2005.
CréditosLuca Zennaro / EPA

A denúncia é do Movimento Erradicar a Pobreza, que assinala o dia com um conjunto de contradições. Desde logo, o facto de dois milhões de pessoas, onde se incluem 300 mil crianças, viverem abaixo do limiar da pobreza, enquanto as empresas cotadas em bolsa, como a Galp ou a EDP, que servem a energia que muitos não conseguem pagar, «distribuem aos seus accionistas mais de 3 mil milhões de euros». Recorde-se que 2024 foi o segundo melhor ano de sempre para a petrolífera, que apresentou um lucro de 961 milhões de euros. Mas este é só um entre os exemplos elencados pelo movimento num comunicado à imprensa, onde se inclui o facto de o ano passado ter sido igualmente o mais lucrativo de sempre para a banca.

Não obstante a disparidade de rendimentos e a desigualdade na distribuição da riqueza, a organização identifica a «injustiça social» noutras esferas, como a da saúde pública, onde «tentam iludir a realidade» do Serviço Nacional de Saúde (SNS) com «"reformas" em cima de "reformas", sem corrigirem as questões de fundo, que são os orçamentos que lhe são destinados e as justas alterações nas carreiras dos trabalhadores do sector». Mas também na Escola Pública, onde muitos alunos não têm aulas devido à falta de professores e à desvalorização das carreiras, enquanto que as famílias com maiores rendimentos colocam os filhos em colégios privados. Também no Ensino Superior, acrescenta, «quando aumentam os custos da frequência [...] seleccionando-a pelos rendimentos das famílias, estão a agravar as justiças sociais».

O movimento criado com o objectivo de defender a justiça social e alertar para esta causa critica ainda o facto de os bens essenciais, como o pão, o leite, os ovos ou a carne, absorverem mais de 40% das despesas das famílias com fracos rendimentos, e o aumento do número de pessoas sem-abrigo. Segundo dados divulgados esta quinta-feira pela Cruz Vermelha, o número de pessoas sem tecto, ajudadas pela instituição, aumentou 76% em 2024. Entre as razões identificadas está o aumento do custo de vida, que os salários não acompanham, e a crise da habitação. 

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