No quadro das grandes prioridades da Iniciativa Liberal estão as opções soberanas que outros países tomam. Em conferência de imprensa realizada hoje, Rodrigo Saraiva, deputado da Iniciativa Liberal, anunciou que o seu partido vai chamar o ministro dos Negócios Estrangeiros, Paulo Rangel, ao Parlamento para esclarecer o papel de Portugal na Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP).
Na realidade, a Iniciativa Liberal não procura um esclarecimento, mas sim chamar a atenção para a suposta «necessidade» de interferência nos assuntos internos de outros Estados e, como tal, a adopção de uma postura neocolonial evidente.
Dizem os liberais estarem preocupados com as visitas de Estado de São Tomé e Príncipe e da Guiné-Bissau à Federação Russa. Para o partido português, a visita dos dois Estados é preocupante porque contraria a sua visão da realidade e, dessa forma, coloca em causa «valores como a liberdade e respeito pelos direitos humanos». Algo estranho para quem defende incansavelmente Israel.
Se a conferência de imprensa, por si só, apresenta sinais de ingerência que não devem ser tolerados, o objectivo de fundo do partido liberal é ainda pior. «O Governo é quem dirige a política externa no âmbito da CPLP e terá de ter uma acção que se coadune», defendeu Rodrigo Saraiva, que complementou com um: «estarmos numa comunidade não pode ser só pela língua que nos une, essa comunidade tem de ser muito mais do que isso, tem de haver respeito pelos princípios, valores, liberdade e direitos humanos. Se for apenas a língua que nos une, não faz sentido estar nesta comunidade, que é muito mais do que isso».
O deputado liberal defendeu assim que deve ser Portugal a ditar com quem é que os países da CPLP devem ou não devem ter relações, e defendendo que a Comunidade deve ser mais que cultural, defende também que a mesma, ganhando traços de comunidade económica, deve ser o governo português a ditar em que moldes e quais os aliados dos restantes Estado independentes e soberanos.
Assim, a Iniciativa Liberal confirma a linha política europeia de neocolonialismo e de submissão de Estados africanos à medida dos interesses da velha europa, mas com traços modernos, onde o saque de recursos tem numa suposta cooperação a cosmética necessária para esconder a repetição da história que liga ambos os continentes.
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