|Iniciativa Liberal

Rui Rocha admite proximidade entre IL e política de fome e repressão de Milei

No passado mês, cerca de dez mil pessoas mobilizaram-se em Buenos Aires para denunciar a fome e a repressão. Austeridade, fome, desemprego tem sido a receita de Milei e Rui Rocha, depois de reunir com o embaixador argentino, disse haver «pontos de contacto».

Rui Rocha, presidente da Iniciativa Liberal 
CréditosPaulo Novais / Agência Lusa

A agenda de Javier Milei é uma espécie de balão de erlenmeyer para o sistema capitalista. À frente da Argentina está um presidente que defende o anarco-capitalismo, ou seja, um total esvaziamento daquilo que devem ser as funções sociais do Estado e total submissão deste aos grandes interesses económicos do centro de decisão americano. 

Os impactos desta política têm sido demasiado evidentes: fome, desemprego, miséria.No entanto, os chamados think tanks, espaços comprometidos com a pós-verdade moldada com indicadores isolados, têm apagado o desespero de milhares de argentinos que têm sofrido na pele as consequência de um neoliberalismo em esteroides temperado com repressão e violência. 

Como seria de esperar, em Portugal a Iniciativa Liberal, partido que alguns economistas classificam ironicamente como «extremo-centro», tem vindo a encarar a experiência governativa com um extremo fascínio. Neste sentido, Rui Rocha, presidente dos liberais portugueses, reuniu hoje em Lisboa com o novo embaixador da Argentina, Federico Alejandro Barttfeld.

À saída da reunião, Rui Rocha, disse que existem «pontos de contacto» entre o seu partido e as políticas adotadas pelo Presidente argentino, Javier Milei. A declaração não é necessariamente surpreendente, uma vez que na discussão do Orçamento do Estado para 2025, a Iniciativa Liberal propôs o despedimento de milhares de trabalhadores da Administração Pública, à imagem e semelhança do dogma doutrinário de Milei. 

Apesar de fazer um distanciamento entre a realidade portuguesa e a argentina, logo à partida pela questão monetária, Rui Rocha admitiu que a IL concorda com a política que tem sido adotada na Argentina, precisamente pelos cortes e as privatizações em marcha, o que é classificado como «alívio do peso do Estado». 

«Do que eu conheço da avaliação que é feita, ela parece ser positiva. Portanto, parece haver estudos de opinião que indicam que os argentinos, apesar das dificuldades que enfrentam, estão satisfeitos», disse Rui Rocha, talvez não sabendo, ou então tendo a clara consciência, que só no primeiro quadrimestre do Governo de Javier Milei, foram destruídos mais de 120 mil postos de trabalho, segundo um relatório do Centro de Economia Política (CEPA).

Importa ainda registar que o líder da Iniciativa Liberal, que tantas vezes gosta de falar da defesa da liberdade, desta vez optou por não mencionar esse aspecto relativamente à Argentina. No passado mês de Fevereiro, Milei aprovou um novo «decreto urgente e necessário», e concedeu o controlo dos meios de comunicação públicos ao seu Chefe de Gabinete, Nicolás Posse, que ficou com a responsabilidade de «compreender as diretrizes das políticas relativas à Comunicação Social Pública Nacional e sua implementação», ou seja, ficou carta branca para ingerir na comunicação social mediante objetivos políticos.
 

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