A auditoria, pedida pela actual administração da TAP, tem a ver com um processo que resultou em prejuízo da TAP e em benefício dos interesses privados que na altura geriam a empresa.
Não se trata de uma novidade, uma vez que o Governo já tinha sido informado por várias organizações de trabalhadores das preocupações relativas a este processo, que estaria a ser desenvolvido em benefício da empresa Azul e de David Neelman, em prejuízo da TAP.
Como sublinhava um comunicado da Comissão de Trabalhadores da TAP, no final de 2016, «quem cá anda sabe bem que a TAP não foi capitalizada, pelo contrário, está a ser descapitalizada. Que os negócios com os A-350, os A-330, os ATR e os Embraer estão longe de estar esclarecidos, e tudo leva a crer que esses negócios feitos em nome da TAP para nada mais serviram do que para ajudar a Azul e muito».
Entretanto, o grupo parlamentar do PCP também já questionara o Ministério das Infraestruras sobre este processo, nomeadamente a 21 de Setembro de 2016, numa pergunta escrita relativa à «posição do Governo sobre o futuro da TAP face ao "estudo" «Project RISE: Transformar a TAP numa mais eficiente e ágil companhia aérea de bandeira». Nesse estudo, no ponto 5, podia ler-se: «Custos com a frota: Sem grandes desenvolvimentos neste estudo, o que pode ser normal, se tivermos em conta os claros benefícios para a Azul das «trocas» de aviões realizadas no último ano.»
O então ministro das Infraestruturas, Pedro Marques, optou por ignorar as preocupações levantadas pelo PCP e os alertas dos trabalhadores da TAP sobre as negociatas com os aviões, mantendo os mesmos privados à frente da gestão da empresa, cuja maioria do capital já era público.
Este caso mostra que o Governo, por um lado, não agiu atempadamente em defesa do interesse público e, por outro, recusa-se a retirar a ilação desta situação: são os processos de privatização que, há anos, desestabilizam a TAP. Uma cegueira voluntária em que o PS está acompanhado por PSD e IL.
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