Lucros da EDP analisados à luz da realidade

Foi entre os pingos da chuva que foram anunciados os lucros estratosféricos da EDP no primeiro semestre de 2024. Ainda que tenha sido noticiado que a EDP disparou lucros em 75% para 762 milhões de euros neste período, tal não corresponde à veracidade dos números que a cosmética não consegue esconder. 

Os tais 762 milhões euros e o tal crescimento de 75% reportam-se aos lucros atribuíveis aos accionistas da EDP (sem os interesses minoritários num conjunto de participadas). Na realidade, os lucros do primeiro semestre do Grupo EDP são 944 milhões de euros. Mais 44% que no primeiro semestre de 2023 e que corresponde a 5,2 milhões de euros por dia e 3611 euros por minuto.

Importa, fazendo a leitura destes dados, analisar também a questão dos trabalhadores. O grupo EDP tem 12857 trabalhadores e o total das despesas com remunerações é de 417 milhões de euros. Facilmente chega-se à conclusão que se todos os trabalhadores fossem remunerados em dobro, o lucro da empresa no semestre seria de 527 milhões de euros. Se fossem remunerados em triplo, ainda seria de 110 milhões de euros.

Pode-se, no entanto, ir mais longe neste campo. Se cada trabalhador da empresa recebesse um aumento salarial de 10%, isso custaria 41,7 milhões de euros no semestre, e o lucro final ainda seria de 902,3 milhões de euros. Continuando este exercício entende-se também que se cada trabalhador recebesse um aumento mensal bruto de 300 euros, isso custaria à empresa 33,2 milhões de euros no semestre, e o lucro ainda seria de 906,8 milhões de euros. 

Várias têm sido as greves levadas a cabo pelos trabalhadores que reivindicam aumentos salariais, identificando que existem todas as condições para que tal aconteça. Ainda no ínicio do ano, com o mote «lutar para ganhar», os trabalhadores aderiram à greve convocada pelos sindicatos da Fiequimetal (SITE Norte, SIESI, SITE Centro-Norte e SITE CSRA) e centenas realizaram uma concentração que ocorreu em frente à sede da EDP.