|corrida armamentista

«Melhor negócio que o da saúde só o das armas», lembram-se?

Trata-se de uma célebre frase de Isabel Vaz, presidente do Grupo Luz Saúde, uma versão actualizada de uma outra frase, não menos célebre, «quem quer saúde paga-a», da autoria de um antigo ministro dos Assuntos Sociais do PSD.

Tanques em manobra durante um exercício militar da NATO na Polónia, em 2016
Tanques em exercício militar da NATO na PolóniaCréditos / NATO

Desta vez, é Mark Rutte quem vem propor que os países membros da Aliança Atlântica utilizem «uma fracção» dos seus orçamentos da «saúde e das pensões de reforma» para investirem em defesa.

Diz o secretário-geral da NATO que, «quando se observa o que os países gastam em pensões, no sistema de segurança social e na saúde, basta uma fracção desse gasto» para garantir que o orçamento de defesa atinja um valor superior a 2%.

Novidade? Não, só algum descaramento. Afinal, cá por casa, há muito que alguns andam a tratar desse assunto. Enquanto o Chega dá combate aos apoios sociais, a outra direita, da mais à menos liberal, anda a tratar da privatização da saúde, seguindo algumas pisadas dos governos socialistas, e a congeminar como, a seu tempo, poderá «tratar» da segurança social e das pensões.

Entretanto, o secretário-geral da NATO manifestou ainda disponibilidade para se envolver na defesa desta sua estratégia, no sentido de a explicar aos muitos milhões de pessoas que vivem nos países membros da NATO.

Ambulância do INEM circula junto ao Hospital do Espírito Santo de Évora,  a 16 de Fevereiro de 2021 CréditosNuno Veiga / LUSA

No caso de Portugal, Mark Rutte pode, por exemplo, começar por tentar convencer os familiares daqueles que faleceram devido às falhas do INEM, as grávidas que andaram centenas de quilómetros devido ao encerramento das maternidades, os milhares de utentes sem médico de família ou os que esperam 12 e mais horas nas urgências dos hospitais para serem atendidos. Talvez eles estejam de acordo em retirar dinheiro da saúde, para darem uma ajudinha ao complexo militar-industrial norte-americano. Mas, pode também procurar sensibilizar os desempregados, quem recebe pensões de miséria ou os sem abrigo. Porventura, estarão dispostos a abdicar de uma parte das suas pensões e dos apoios sociais que recebem em favor  dos accionistas dos bancos e das empresas do PSI-20, dos que têm milhões nos paraísos fiscais, e de todos aqueles que andam a encher os bolsos à custa da guerra.

Enfim, como facilmente se percebe, de Isabel Vaz a Mark Rutte, passando por todos aqueles que aqui, directa ou indirectamente citamos, isto anda tudo ligado!                                          

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