Um estudo divulgado pela Federação Europeia de Transportes e Ambiente sobre as partículas ultra-finas (PUF) libertadas pelos aviões nos 32 aeroportos mais movimentados da Europa confirma os riscos para a saúde de quem vive num raio de 20 quilómetros do aeroporto.
Segundo a análise, 52 milhões de pessoas – mais de 10% da população total da Europa – vivem num raio de 20 quilómetros dos 32 aeroportos mais movimentados da Europa e estão particularmente expostas às PUF da aviação. Esta exposição, adianta, pode estar associada ao desenvolvimento de problemas de saúde graves e de longo prazo, incluindo problemas respiratórios e cardiovasculares.
«A exposição a partículas ultra-finas pode estar associada a 280 mil casos de pressão arterial elevada, 330 mil casos de diabetes e 18 mil casos de demência na Europa», lê-se na apresentação do novo estudo, que extrapolou os casos notificados destas doenças em torno do aeroporto Schiphol de Amesterdão para apresentar a primeira estimativa dos efeitos para a saúde associados às UFP relacionadas com a aviação na Europa.
Estas obras só vão aumentar a capacidade da Portela em 2027. Até lá, vamos continuar com o pior Aeroporto da Europa. Nós, um dos países com maior dependência económica do turismo e do transporte aéreo. Foram finalmente autorizadas as obras no Aeroporto da Portela. A ANA teve autorização para avançar com obras no valor de 300 milhões de euros. Não houve praticamente oposição, até porque estamos em «gestão» e campanha eleitoral. As notícias sobre a obra eram unânimes: a Portela está esgotada, o novo Aeroporto levará no mínimo 10 anos a construir, e era preciso fazer algo. Parece de facto assim. Mas só parece. Não faz qualquer sentido investir 300 milhões de euros num Aeroporto na véspera de o abandonar. E veremos se são só 300 milhões, pois o plano inicial da Vinci era de investir 640 milhões. Claro que na cabeça da multinacional isto faz sentido porque ela tem duas coisas claras: (1) não quer que o Aeroporto da Portela seja encerrado; (2) o dinheiro que está a gastar na Portela não irá gastar no Novo Aeroporto, ou porque consegue impedir o seu avanço, ou porque consegue impor o seu financiamento público. Mas mesmo estas obras só vão aumentar a capacidade da Portela em 2027. Até lá, vamos continuar com o pior aeroporto da Europa. Nós, um dos países da Europa com uma maior dependência económica do turismo e do transporte aéreo. «E quando os lucros são da monta que estes são, tudo fica mais fácil e mais acessível: até se encontram especialistas de aviação que garantam que ter um Aeroporto dentro da Cidade é óptimo, pois enriquece o ar ambiente, quebra a monotonia no plano do ruído, e oferece alguma esperança de poder assistir ao vivo a um acidente aéreo» Tudo provocado pela Vinci e pela sua gestão. A actual inevitabilidade foi construída. Foi a Vinci que manobrou – ainda no decurso da privatização como mostrou o Tribunal de Contas – para afastar a solução de construir um Novo Aeroporto de Lisboa (NAL) e manter a Portela a funcionar. Foi a Vinci que recusou construir o NAL e impôs ao Governo a opção Montijo mais a manutenção da Portela. Tudo por excelentes razões: aumentar os lucros da multinacional Vinci. E quando os lucros são da monta que estes são, tudo fica mais fácil e mais acessível: até se encontram especialistas de aviação que garantam que ter um Aeroporto dentro da Cidade é óptimo, pois enriquece o ar ambiente, quebra a monotonia no plano do ruído, e oferece alguma esperança de poder assistir ao vivo a um acidente aéreo. Recorde-se: se o NAL nos terrenos públicos do Campo de Tiro de Alcochete tivesse começado a ser construído em 2014 estaria neste momento em funcionamento a sua primeira fase e a Portela estaria a começar a ser esvaziada. A verdade é que ao autorizar-se o investimento na Portela, que é o único investimento que a Vinci deseja fazer, fica-se mais longe de conseguir impor a solução que o país deseja implantar desde 1969: o encerramento progressivo da Portela e a construção de um NAL. «Recorde-se: se o NAL nos terrenos públicos do Campo de Tiro de Alcochete tivesse começado a ser construído em 2014 estaria neste momento em funcionamento a sua primeira fase e a Portela estaria a começar a ser esvaziada» Algumas vozes menos avisadas poderão ter a tentação de dizer: «Deixa-os, o dinheiro é deles...». Mas esse é que é mesmo o problema. É que o dinheiro não é deles! Como já demonstrámos aqui no AbrilAbril, a Vinci reduziu o investimento aeroportuário nos primeiros 10 anos de privatização em 600 milhões. Que levou para casa para distribuir pelos seus accionistas. Um investimento de 300 milhões será integralmente pago pelos lucros da ANA num ano. Todo o investimento aeroportuário da Vinci é e será feito com as receitas da ANA, ou através de financiamento obtido pela ANA alavancado nas suas receitas futuras. A multinacional não mete um cêntimo nestas contas. Só usa o direito – adquirido com a privatização – de determinar qual a parte dessas receitas que são investidas e qual a parte que são distribuídas aos seus accionistas. Outras vozes, espantadas, objectarão: «Mas tu estás a defender que até estar concluído o NAL não se faça investimento na Portela?» Não, não estou! É claro que neste momento há que fazer obras na Portela, para reduzir o caos criado pela Vinci. Mas antes há que reverter a privatização, e fazê-lo com base no facto da multinacional ter falhado com o país. De outra forma está-se a recompensar o criminoso! É preciso ter claro que a actual «inevitabilidade» de investir na Portela foi um plano urdido pela multinacional, para impor a sua vontade, para impor a opção que melhor a serve, mesmo que à custa de sérios prejuízos para o país! E já agora, um dado final para a vossa reflexão. O hub de Lisboa só será uma realidade durante as próximos dezenas de anos com duas condições: (1) uma TAP pública e (2) um Novo Aeroporto de Lisboa. De outra forma, ele será deslocado para Madrid ou Paris. Talvez afinal haja uma dimensão nacional na acção da Vinci... e não é uma dimensão portuguesa. Desde há vários anos, o AbrilAbril assume diariamente o seu compromisso com a verdade, a justiça social, a solidariedade e a paz. O teu contributo vem reforçar o nosso projecto e consolidar a nossa presença.Opinião|
Obras na Portela: as inevitabilidades constroem-se!
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Em Lisboa, dos 2 milhões e 215 mil residentes que podem ser afectados, estima-se que cerca de 36 mil sofram de doenças com origem nas PUF: mais de 18 mil e 600 com diabetes; quase 15 mil e 500 com hipertensão e cerca de 1800 com demência. Os dados podem servir de alerta para o Governo de Luís Montenegro, que em Maio admitiu aumentar a capacidade do Aeroporto Humberto Delgado para 45 movimentos por hora. Por outro lado, elucidam sobre a urgência de desactivar esta infra-estrutura, tendo em conta o impacto na população, como tem vindo a alertar a Plataforma Aeroporto Fora, Lisboa Melhora.
Cerca de mil vezes mais pequenas do que um fio de cabelo, as UFP dos aviões são emitidas a grandes altitudes, mas também na descolagem e aterragem, afectando particularmente quem vive e trabalha perto dos aeroportos. De acordo com a análise, quem vive num raio de cinco quilómetros de um aeroporto respira um ar que contém, em média, entre 3000 e 10 000 partículas ultra-finas por centímetro cúbico emitidas pelas aeronaves.
O estudo revela ainda que as PUF são particularmente preocupantes devido a penetrarem profundamente no corpo humano, tendo sido encontradas no sangue, no cérebro e, no caso das grávidas, na placenta. Outra preocupação passa pelo facto de ainda não existir regulamentação sobre níveis seguros de UFP no ar, apesar de a Organização Mundial da Saúde (OMS) ter alertado há mais de 15 anos para um poluente alvo de preocupação emergente.
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