A maioria PSD/CDS e o PAN selaram um acordo de incidência parlamentar, com a duração de quatro anos e a obrigação do PAN aprovar o programa do governo e os orçamentos regionais anuais, que assegura à direita a governação madeirense nesta legislatura e é motivo de satisfação, publicamente assumida, para Miguel Albuquerque.
Por outro lado, muitos dos que, no passado domingo, votaram no PAN e no seu alegado projecto de defesa do ambiente e dos animais, sentir-se-ão hoje traídos, considerando que, afinal, os seus votos destinam-se a dar cobertura à política dos grandes interesses e à especulação, e servir de muleta ao PSD na sustentação das desigualdades e das injustiças que vem promovendo na Madeira, há décadas.
O PAN parece ter mandado às malvas as suas preocupações ambientais, nomeadamente com o projecto de atractividade turística do teleférico no Curral das Freiras, cujo concurso público internacional foi lançado pelo Governo madeirense em Dezembro passado e que tem gerado contestação por parte de diversas forças políticas e organizações ambientalistas, e com o novo projeto imobiliário na Praia Formosa, a maior e uma das mais belas praias da ilha, que vai promover a ocupação da orla costeira e a impermeabilização dos solos. Mas também com a floresta laurissilva, classificada pela UNESCO como Património Natural da Humanidade, onde o Governo madeirense quer pavimentar um caminho. Uma situação que levou os eurodeputados do PCP a questionar a Comissão Europeia sobre esta decisão do Governo Regional da Madeira, da qual resultarão impactos profundamente negativos.
Tudo projectos contra os quais o PAN também se manifestou durante a campanha eleitoral, juntamente com outros partidos e associações ambientalistas, enquanto agora faz jus ao ditado popular: «se não os podes vencer, junta-te a eles».
A propósito, ainda temos na memória as eleições para a Assembleia da República em Janeiro de 2021, quando a líder do PAN, Inês Sousa Real, admitiu apoiar um governo do PS ou do PSD, neste caso com a condição de entrar no governo e ter um lugar à mesa do orçamento.
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