Os partidos políticos com assento na Assembleia da República estiveram reunidos com o Governo. Ao longo das últimas semanas muitas têm sido as notícias e trocas de argumentos entre alguns dirigentes de partidos e membros do Governo, mas em grande parte nada de novo acrescentou.
À direita a tendência é uma aproximação ao Governo. O PS, alegando uma suposta responsabilidade institucional, quer ir ao encontro do executivo liderado por Luís Montenegro, um posicionamento que mais se assemelha a uma busca por um bloco central.
Livre e PAN, apesar de apontarem limitações e discordarem de diversos aspectos, deixam a porta aberta a negociações. Centrados nas questões tributárias, as críticas não se alongam à visão de fundo, sendo que o Livre faz depender o aumentos do Salário Mínimo Nacional no investimento em determinadas vertentes.
Quem diz frontalmente «não» aos planos do Governo é o PCP e o Bloco de Esquerda. Os comunistas desde a primeira hora assumiram que iam combater todos os planos do Governo. Os bloquistas acompanham os comunistas nesta leitura.
A frases do «sim»
«Neste cenário de “não queremos nada com o PS, não queremos acolher as propostas do PS, queremos falar com o Chega e fazer uma solução de Governo e uma solução para aprovar este Orçamento”, cá estaremos para falar», disse Pedro Pinto, líder da bancada parlamentar do Chega. O «não irrevogável» de André Ventura rapidamente passou a uma viabilização.
«Nós não podemos votar a favor de um Orçamento que fica igual aos orçamentos de António Costa. Nós queremos um país com muito menos impostos e com muito menos despesa do Estado e burocracia», esclareceu Bernardo Blanco, deputado da Iniciativa Liberal. Naturalmente que os liberais sabem que a futura proposta de Orçamento do Estado aprofunda as opções pela política de direita que o PS já praticava, nomeadamente na transferência de recursos públicos para as grande empresas e benefícios fiscais aos grandes grupos económicos.
A frase do «estamos cá para o Governo»
«O que nós deixámos muito muito claro ao Governo é que recebida esta informação, vamos analisá-la muito rapidamente e estamos totalmente disponíveis para continuar as reuniões com o Governo, no formato que o Governo assim o entender», vincou Alexandra Leitão do PS. Esta frase deixa a limpo que o PS dirá presente caso o Governo queira, salvaguardando as opções contidas que a direita quererá inscrever no documento orçamental.
As frases do «não»
«Não temos qualquer negociação com o Governo. O PCP terá intervenção própria no debate orçamental na Assembleia da República, na denúncia das consequências das opções políticas do Governo contrárias aos interesses do povo e do País e na apresentação das propostas e soluções que são necessárias», foi este o compromisso deixado claro por Paula Santos do PCP. Mantendo-se fiel às suas bandeiras de luta, os comunistas prometeram combater o projecto de destruição do país que o Governo tem em marcha.
«Há um caminho que o Governo escolheu para o país, e é errado. E confirma que vamos ter um mau Orçamento do Estado em áreas cruciais», reiterou Mariana Mortágua do Bloco de Esquerda. Os bloquistas não precisaram de muito para entender o que está em causa é um documento de retrocesso social e destruição das funções sociais do Estado.
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