A febre catarral ovina foi registada pela primeira vez em França, em 2006. Desde então, a doença propagou-se amplamente por toda a Europa. Considerada uma doença viral, é transmitida por insectos afetando ruminantes domésticos e selvagens, e em particular são as ovelhas que apresentam os casos clínicos mais graves.
O prejuízo para os produtores pecuários podem ser avultados já que, no caso das ovelhas, as taxas de mortalidade podem exceder os 25%. Na maioria dos casos, o primeiro sinal é uma febre alta seguida de inchaço dentro e à volta da boca, tornando-se doloroso e causando salivação excessiva. As úlceras aparecem nas bochechas e nos lados da língua. Os tecidos orais tornam-se roxo-avermelhados e a língua pode ficar azul, daí o nome «doença da língua azul», pela qual também é conhecida.
Tendo isto em conta, e identificando graves casos no sul e centro do país, a Confederação Nacional da Agricultura (CNA) propôs ao Ministério da Agricultura uma campanha de vacinação gratuita e apoios aos produtores afectados.
Em comunicado, a estrutura filiada na Coordenadora Europeia Via Campesina afirma que «os custos com a medidas de contenção, nomeadamente com a vacinação dos animais, associados à perda de rendimento resultantes das elevadas taxas de abortos e mortalidade de animais, muitos deles de reprodutores, são incomportáveis para a grande maioria das explorações com efectivos pecuários».
Conforme se pode ver nos dados do Sistema de Recolha de Cadáveres de Animais Mortos na Exploração (SIRCA), a evolução da doença está descontrolada e são necessárias medidas imediatas de controlo. Apesar de ter conhecimento disto, a tutela limitou-se a emitir um edital, algo insuficiente, de acordo com a CNA, já que, segundo a mesma, é preciso garantir apoios para que os produtores tenham condições para o cumprir e poderem manter a sua actividade.
Na proposta enviada ao Governo, a estrutura agrícola entende ser necessária uma campanha de vacinação dos animais, gratuita, em condições a definir pela Direcção-Geral da Alimentação e Veterinária (DGAV) e a criação de uma medida de apoio extraordinário para os produtores, com o objectivo de compensar a perda de rendimento pela morte de animais e para a reposição dos efectivos.
A par disto, surge ainda o facto dos produtores poderem vir a ser penalizados nas ajudas da PAC, uma vez que este poderão incorrer no seu incumprimento da produção ovina dada a proliferação do surto.
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