No texto hoje aprovado com os votos a favor de quase todas as bancadas, salvo do CDS-PP, Iniciativa Liberal e Chega, que se abstiveram, pede-se que se garantam «as condições para a efectiva possibilidade de realização de sesta a partir dos três anos nos estabelecimentos de ensino de educação pré-escolar da rede pública, assegurando o financiamento para a aquisição de todos os meios necessários».
Simultaneamente, propõe-se a realização de um «debate público, envolvendo os principais actores do processo educativo, para avaliação dos mecanismos de implementação da sesta nos estabelecimentos de educação pré-escolar».
Na base do texto da comissão parlamentar de Educação, Ciência, Juventude e Desporto estiveram projectos de resolução do PCP e do BE, votados na generalidade em Novembro de 2019, altura em que se debateu uma petição sufragada por 4751 cidadãos. No abaixo-assinado que deu entrada no Parlamento um ano antes, os signatários afirmavam igualmente a necessidade da introdução da sesta nos estabelecimentos de educação pré-escolar.
As vantagens são muitas e estão bem diagnosticadas, seja pela Sociedade Portuguesa de Pediatria (SPP), seja por vários estudos realizados. Apesar de em Portugal as crianças a partir dos três anos não poderem dormir a sesta na maioria das instituições escolares que frequentam (sobretudo nas públicas), a evidência científica relaciona a falta da sesta a prejuízos para as crianças em idade pré-escolar, tanto no que se refere aos seus níveis de cansaço, como no que diz respeito às condições para o desenvolvimento das suas capacidades cognitivas e de aprendizagem.
De acordo com a SPP, a falta de sesta é tão grave nas crianças como não comer. Os pediatras afirmam que «a sesta tem sido referida como recurso valioso para a consolidação da memória» na idade pré-escolar, adiantando que a privação do sono na criança «está associada a efeitos negativos a curto e a longo prazo em diversos domínios, tais como o desempenho cognitivo e aprendizagem, a regulação emocional e do comportamento, o risco de quedas acidentais, de obesidade e hipertensão arterial».
Um estudo da SPP, divulgado em 2018, revelava que em Portugal, por cada três crianças com três anos, há uma que salta a sesta da tarde. Aos quatro anos, só uma em cada três faz este intervalo. E aos cinco anos, apenas uma em cada 12.
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