A degradação do sistema público de transportes, particularmente durante «o último governo do PSD/CDS», exige um programa de investimento público, considera o PCP. Vasco Cardoso fez ontem, em conferência de imprensa, uma caracterização exaustiva da situação vivida no sistema de transportes nas áreas metropolitanas de Lisboa e Porto.
Na região da capital, há falta de 30 maquinistas e «mais de 20 composições paralisadas à espera de manutenção» no Metro; a oferta da Carris ainda não foi reposta nos níveis anteriores a 2011 e «os novos autocarros que foram anunciados são afinal para substituir os que estão a passar o limite de idade»; nos transportes fluviais, a «falta de manutenção» e os «certificados de navegabilidade caducados ou prestes a caducar» têm provocado a «supressão de centenas de carreiras» e «uma oferta claramente inferior» aos níveis anteriores a 2011.
Na Área Metropolitana do Porto, os comunistas apontam para uma situação idêntica: falta de manutenção e de motoristas na STCP e o adiamento do investimento na expansão do Metro do Porto para depois de 2019, deixando de fora «a Universidade do Porto no Campo Alegre, Matosinhos Sul e a ligação até às Devesas, em Vila Nova de Gaia».
A situação no sector ferroviário foi também criticada, com a Linha de Cascais «à beira do colapso», a manutenção «em risco de ser liquidada» e as reivindicações pela reabertura de linhas sem resposta, como é o caso da ligação entre Leixões e Ermesinde e a decisão de, ao contrário do que foi aprovado no Parlamento, introduzir «uma estrutura de autocarros eléctricos», em vez de repor os carris arrancados no ramal da Lousã.
À realidade descrita nos centros urbanos, o dririgente do PCP acrescentou que «grande parte do território nacional está hoje desprovido de uma verdadeira rede de transportes públicos. Existem milhares de aldeias em todo o País onde passará um autocarro por dia, ou nem isso».
Na origem destas carências, afirmou Vasco Cardoso, está «a política de terra queimada» do anterior governo e «o Governo minoritário do PS enredado nos seus compromissos com o grande capital». O PCP defende que a resolução dos problemas do sector exige investimento, e isso implica uma ruptura com a «submissão aos critério impostos pela União Europeia» em matéria orçamental.
Carências exigem medidas «de emergência»
Os comunistas apresentaram um «programa de emergência para investimento nos transportes públicos», com o objectivo de garantir «condições de funcionamento eficaz e um sistema de transportes públicos nacional, um passe social intermodal alargado e acessível nas áreas metropolitanas».
O PCP quer «uma urgente mobilização de recursos ainda este ano» para responder às carências no Metro de Lisboa, na Carris, na Transtejo, na Soflusa, na CP e na STCP, nomeadamente de falta de pessoal e nos serviços de manutenção. Vasco Cardoso afirmou ainda que o programa apresentado deve assegurar «a redução dos custos para os utentes», elencando «o desagravamento dos tarifários, a reposição dos direitos retirados a estudantes, crianças e menores de idade, e à população idosa», assim como «o alargamento do passe intermodal a mais serviços e operadoras».
Os comunistas querem ainda «um ambicioso projecto de investimentos plurianual» no sector, com o fim das parcerias público-privado e a «modernização, aquisição e montagem de autocarros, material circulante e navios, e o alargamento das linhas de metropolitano, a renovação das estações, cais de embarque e gares».
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