O fogo de Pedrógão Grande que, com uma outra frente vinda de Góis, deixou mais de 250 feridos e 66 vítimas mortais, teve início há um ano. Durante uma semana inteira viria a queimar mais de 50 mil hectares de floresta, casas, empresas, explorações agrícolas nos concelhos vizinhos de Alvaiázere, Ansião, Arganil, Castanheira de Pêra, Figueiró dos Vinhos, Pampilhosa da Serra, Penela, Oleiros e Sertã.
A 17 de Junho de 2018 continuam visíveis responsabilidades públicas e privadas nas respostas que continuam a falhar face às catástrofes dos fogos do ano passado. Para além dos atrasos na reconstrução das habitações, a Altice continua a expôr de forma cruel um dos efeitos das privatizações, ao manter largas centenas no silêncio, ainda à espera que a linha do telefone volte a funcionar depois de ter ardido.
Depois dos relatórios sobre os incêndios de 2017 e de muita discussão parlamentar, foram tomadas algumas das medidas que durante anos ficaram na gaveta. Não porque não se soubesse o que era preciso ser feito, na maioria dos casos, mas simplesmente porque os governos não libertaram as verbas necessárias, quando não impuseram cortes. Foi assim nos anos da troika, do governo do PSD e do CDS-PP, e por isso estes foram escondendo as responsabilidades próprias que têm nos meios que faltaram, particularmente para evitar a catástrofe.
Mas o estado em que aquela região do País, como tantas outras do Interior, estava há um ano (e ainda está) é consequência de décadas de políticas que impuseram a destruição das actividades produtivas, particularmente da agricultura familiar. O resultado é o que se conhece, a desertificação de uma extensão enorme do território nacional, onde tantas vezes nem há gente para avistar o fogo quando se dá a ignição, quanto mais para lhe fazer frente.
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