Assim, os cinco maiores bancos em Portugal registaram um lucro agregado de 462,6 milhões de euros no primeiro semestre do ano, valor inferior ao de 2018, diminuição que se deve à descida dos lucros do BPI e sobretudo aos prejuízos do Novo Banco.
O Santander aumentou os lucros em perto de 5%, o BCP em quase 13% e a CGD brilhou com um disparo de 46% no resultado. Ora, sem os prejuízos do Novo Banco, a soma dos lucros dos restantes quatro bancos totaliza os 862,7 milhões de euros nos primeiros seis meses.
O banco do Estado passou dos 194 milhões de euros de lucro no primeiro semestre de 2018 para os 282,5 milhões no mesmo período deste ano. O BCP aumentou os lucros em 19,2 milhões de euros, atingindo os 169,8 milhões de euros no primeiro semestre de 2019, depois de 150,6 milhões em igual período do ano passado. Já a operação do espanhol Santander em Portugal aumentou os lucros em 12,3 milhões de euros, já que dos 263,6 milhões de euros registados no primeiro semestre de 2018 passou a 275,9 milhões nos primeiros seis meses deste ano.
O Novo Banco, pelo contrário, registou um prejuízo de 400,1 milhões de euros no primeiro semestre deste ano, quase o dobro das perdas em igual período de 2018, que foram de 212,2 milhões. Prevê que terá de pedir, pelo menos, mais 541 milhões de euros ao fundo de resolução.
Impressiona o peso que têm as comissões bancárias nos valores positivos acima referidos. Uma vez que os bancos actualmente emprestam menos à economia - às pequenas e médias empresas - e é nos impostos sobre os utilizadores e depositários que se apoiam para manter e aumentar os seus lucros. A CGD arrecadou, no primeiro semestre deste ano, 243 milhões de euros; o BCP 342,2 milhões de euros, o Santander 192,8 milhões de euros, e o BPI 127,2 milhões de euros. Mesmo o Novo Banco, apesar dos prejuízos, no que toca a comissões recebeu 152,3 milhões de euros.
Os resultados da actividade deste sector tentam esconder o que revelam estes números: o sector financeiro já não faz o seu lucro depender do risco dos investimentos produtivos. Antes diminui os empréstimos e aumenta as comissões, que se tornam uma renda garantida que os alimenta. Os investimentos arriscados que assumem e que são em alguns casos a razão dos prejuízos, o País conhece-os quando é chamado a pagar a factura.
Com mais de 7 mil milhões de euros entregues pelo Estado ao Novo Banco, desde a resolução do BES em Agosto de 2014, os portugueses continuam a pagar os custos de uma política de gestão ao serviço dos interesses do sector financeiro, e a não verem taxados de forma expressiva os lucros da banca.
O poder político escolhe salvar os bancos quando as suas operações dão maus resultados, mas não escolhe retirar deles o valor que, face aos seus lucros, poderia ser investido na melhoria das condições de vida dos trabalhadores e das populações.
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