O grupo Sonae aumentou as suas margens de lucro no grosso das empresas com especial destaque para a subholding Sonae MC. O grande grupo da família Azevedo, que tem Claudia Azevedo como CEO, viu o actual contexto beneficiar a empresa e talvez tenha sido de forma premonitória que a CEO, em Março de 2022, aquando da apresentação dos lucros de 2021 se tenha vestido com as cores da bandeira ucraniana e de forma solidária tenha dito: «Fiéis aos nossos princípios e aos compromissos estabelecidos por várias organizações internacionais às quais pertencemos, faremos a nossa parte na defesa dos valores da democracia e da paz, apoiando os mais afetados por este conflito».
Sabe-se agora qual foi a «parte» do grupo Sonae e os resultados falam por si. A Sonae MC que detém o Modelo, Continente, Meu Super ou a Wells fechou o ano passado com um aumento de lucros com vendas no valor de 5978 milhões de euros, mais 11,5% que em 2021 e com um aumento de facturação de 9,6%. Claro que fica também evidente que tais resultados são alavancados com uma política de baixos salários e de precariedade.
Na mensagem enviada à CMVM, o CEO da subholding, Luís Moutinho diz que 2022 «ficou marcado pela terrível guerra na Ucrânia, por níveis historicamente elevados de inflação», mas diz também que a Sonae MC «esteve particularmente dedicada a proteger os consumidores do aumento do custo de vida». Diz ainda, negando o aproveitamento, que o desempenho das vendas de 2022 refletiu um «forte compromisso com os clientes». No relatório em enviado pode-se ler que o crescimento deve-se a «ofertas competitivas adaptadas às necessidades dos clientes».
A verdade é que o preço médio do cabaz alimentar aumentou 21% entre Outubro de 2021 e Outubro de 2022 e quando o cabaz alimentar é adaptado a um adulto, com cerca de 40 anos, o aumento sobe para 24%. Ou seja, os lucros da Sonae MC, por mais prosaicas que possam ser as palavras de Luís Moutinho, prendem-se com o aumento de preços de forma a engrossar ainda mais as margens.
Apesar de ser evidente a contradição nos interesses entre os interesses dos consumidores e as empresas de grande distribuição, o Presidente da República veio propor, na cerimónia dos 30 anos do Conselho Económico e Social (CES), que a grande distribuição e a banca pudessem estar presentes na concertação social por considerar que «há certas realidades que não são cobertas hoje pelos parceiros económicos e sociais». Ou seja, na actual composição da cortação social estão duas organizações sindicais e quatro organizações patronais e o Presidente pretende inclinar ainda mais o tabuleiro, na buscando na contradição de interesses (que os números demonstram), uma suposta «paz social» impossível de alcançar que beneficia sempre o patronato.
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