O trabalho conjunto, intitulado «Experiências de violência e assédio no trabalho: uma primeira pesquisa global» e divulgado pela OIT-Lisboa, foi realizado pela Organização Internacional do Trabalho (OIT), Lloyd’s Register Foundation e Gallup e dá uma ideia da dimensão do problema nas suas diferentes formas. Um estudo realizado em 2021, baseado em entrevistas de «aproximadamente 75.000 pessoas empregadas com idades a partir dos 15 anos em 121 países e territórios, no âmbito do Inquérito Mundial sobre Riscos (World Risk Poll) da Lloyd's Register Foundation».
O relatório constatou que, para além da dificuldade de medir a violência e o assédio no trabalho, «em todo o mundo, apenas metade das vítimas falou com outra pessoa sobre as suas experiências, e muitas vezes apenas depois de terem sofrido mais do que uma forma de violência e assédio». Para esta situação, contribuem diversos factores que impedem as pessoas de falar «sobre as suas experiências, nomeadamente a vergonha, culpa ou falta de confiança nas instituições, ou porque tais comportamentos inaceitáveis são vistos como "normais"».
As justificações mais comuns para as pessoas ficarem em silêncio são, segundo o estudo, o «considerarem ser "uma perda de tempo" e "o receio de manchar a sua reputação"», embora as mulheres manifestem «maior propensão para partilhar as experiências que viveram», 60,7% contra 50,1% dos homens. Entretanto, «globalmente, 17,9 por cento dos trabalhadores e trabalhadoras afirmaram ter sofrido violência e assédio psicológicos durante a sua vida profissional, enquanto «8,5% relataram terem sido vítimas de violência ou de assédio físico, mais homens do que mulheres. Das pessoas entrevistadas, 6,3% relataram ter enfrentado violência e assédio sexual, tendo sido as mulheres particularmente expostas a esta situação».
O estudo revela também que, por um lado, os grupos «mais afectados pelos diferentes tipos de violência e assédio incluem os trabalhadores e trabalhadoras jovens, migrantes, bem como homens e mulheres que trabalham por conta de outrem». Por outro, «as mulheres jovens são duas vezes mais susceptíveis do que os homens jovens de ser vítimas de assédio e violência sexual» e, no caso das mulheres migrantes, «a probabilidade é duas vezes superior à das outras mulheres».
Por fim, o relatório apresenta um conjunto de recomendações, nomeadamente a recolha regular de informação sólida sobre violência e assédio no trabalho, aos níveis nacional, regional e global, a ampliação e atualização de mecanismos para efectivamente prevenir e gerir a violência e assédio no mundo do trabalho, o aumento da consciencialização sobre violência e assédio no trabalho e o reforço da capacidade das instituições a todos os níveis de forma a prevenir, corrigir e apoiar, de facto, as pessoas.
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