A decisão da vinda a Lisboa na próxima terça-feira foi tomada por mais de duas centenas de trabalhadores do antigo grupo, em plenário, estando marcada a realização de concentrações de protesto em frente à sede do Banco BIC e Banco de Portugal.
Conforme tem denunciado o Sindicato dos Trabalhadores do Comércio, Escritórios e Serviços de Portugal (CESP/CGTP-IN), em causa está a exigência do Banco BIC, liderado pelo ex-ministro das Finanças do PS Teixeira dos Santos, em reclamar créditos aos ex-trabalhadores da falida Alicoop.
Em comunicado, o CESP frisou que cerca de 220 pessoas estão actualmente a ser «confrontadas com penhoras do Banco BIC para pagarem empréstimos efectuados em 2008», contraídos à altura pelos mesmos sob forte pressão patronal e ameaças de desemprego para financiar a tesouraria da empresa.
Anos mais tarde, o Tribunal de Silves veio desonerar os trabalhadores de quaisquer responsabilidades no processo de insolvência da empresa em 2012, visto que tais créditos nunca estiveram na mão dos funcionários. A dívida acabou assumida pelo grupo Nogueira, que constituiu a N&F, para concretizar a viabilização da Alicoop.
O CESP acusa o Banco BIC de «querer comer de dois carrinhos», desrespeitando a sentença do tribunal, e de estar a usar «uma livrança prescrita». As critícas recaem também sobre o Banco de Portugal, que, com funções de regulação e controlo da banca, «dorme tranquilamente» sobre os abusos do banco.
Câmara de Silves manifesta apoio total
Em comunicado, a Câmara Municipal de Silves manifestou «total solidariedade com os trabalhadores da ex-Alicoop, que, de novo, são confrontados com os créditos que foram forçados a contrair sob pena de perderem os seus postos de trabalho (...) num processo “criativo” e inqualificável que não dignifica os seus autores».
A Câmara presidida pela CDU afirma que é «uma enorme surpresa e indignidade a atitude do Banco BIC de avançar com processos de execução aos trabalhadores, relativos aos mesmos créditos que estava a reclamar junto da sociedade N&F».
«O Município de Silves pugna para que, designadamente, o Banco de Portugal, a Procuradoria-Geral da República e o Governo eliminem as ameaças reais que impendem sobre os trabalhadores, causando a instabilidade da sua vida familiar, repondo definitivamente a justiça em todo este processo indigno», lê-se no documento.
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