Começaram ontem, dia 19, Sexta-feira Santa, e prolongam-se até segunda-feira, dia 22 de Abril, em 50 das mais importantes cidades alemãs. São as Marchas da Páscoa promovidas pelo movimento Cooperativa da Paz/Rede do Movimento Alemão pela Paz (Friedenskooperative/Netzwerk Friedenskooperative), uma tradição que, segundo a agência noticiosa oficial Deutsche Welle (DW), remonta aos anos 50 do século XX e ao período da Guerra Fria.
«As marchas mantêm-se populares» na Alemanha «décadas depois do seu auge, durante a Guerra Fria», confirma hoje a a agência noticiosa alemã, acrescentando que as «tradicionais “marchas da Páscoa”» arrancaram na sexta-feira «por todo o país».
As palavras de ordem são decididas pelos colectivos pela paz em cada cidade. Este ano, face ao abandono, pela administração norte-americana, dos tratados de limitação de armas nucleares, e à sua vontade, publicamente expressa, de incrementar o desenvolvimento de novas armas, as palavras de ordem mais escolhidas são «desarmamento sim, armamento não» e «proibição das armas nucleares», como reporta a DW, mas o sentir dos colectivos não se fica por aí. Na página da Cooperativa pela Paz sobre as iniciativas em 2019 podem encontrar-se palavras de ordem como «Por uma Europa solidária, pacífica e livre de armas nucleares!» (em Bona), «Não ao exército europeu» (Würzburg), «Pela paz e pela justiça social! (Traunstein), «Guerra jamais, fascismo jamais» (Wuppertal) ou «Paz em vez de NATO» (Potsdam), entre outras.
Marchas da Páscoa têm quase cinquenta anos
Philipp Ingenleuf, da Cooperativa da Paz, declarou à DW que «nos próximos anos, os gastos com armamento atingirão mais de 70 mil milhões de euros por ano – 78,7 mil milhões, segundo o activista – quando esse dinheiro é tão urgentemente necessário» em tantos outros locais e deveria «ser investido», segundo refere, «na educação, na construção de habitações, ou na protecção climática».
A organização pacifista afirma que, em 2019, «mais de 100 eventos» estão planeados em 50 localidades da Alemanha – um significativo acrescento aos «80 eventos» realizados em 2018 – e em duas cidades limítrofes de língua alemã, Berna, na Suíça, e Luxemburgo, no país com o mesmo nome.
As primeiras iniciativas decorreram nos centros urbanos mas houve excepções: em Gronau, na Renânia do Norte/Westfália, a manifestação deu-se junto à fábrica de enriquecimento de urânio naquela localidade, no Schleswig-Holstein realizou-se nas cercanias da base aérea militar de Jagel, e em Dortmund ocorreu junto ao Bittermark memorial – que homenageia os 230 resistentes, prisioneiros de guerra e trabalhadores forçados assassinados pelos nazis na Páscoa de 1945.
As marchas prosseguem durante o fim-de-semana da Páscoa em cidades como Berlim, Munique, Estugarda e Leipzig, e terminam na segunda-feira, dia 22, com os desfiles em Frankfurt (sobre o Meno) e em Hamburgo, cidade que viu nascer o movimento, no ano de 1960. A iniciativa atingiu o seu auge entre 1968 e 1983, com centenas de milhares de pessoas a marcharem anualmente, nas cidades da antiga República Federal Alemã, contra o envolvimento dos EUA na guerra do Vietname e contra a corrida às armas nucleares, refere a DW.
O movimento da paz mantém a sua vitalidade na moderna e reunificada Alemanha e tudo indica que assim se manterá no próximo ano, quando se assinalarão 60 anos do início das Marchas da Páscoa pela paz.
Contribui para uma boa ideia
Desde há vários anos, o AbrilAbril assume diariamente o seu compromisso com a verdade, a justiça social, a solidariedade e a paz.
O teu contributo vem reforçar o nosso projecto e consolidar a nossa presença.
Contribui aqui