A menos que «consiga obter pelo menos 60 milhões de dólares adicionais até Junho», a agência da ONU de assistência aos refugiados palestinianos no Médio Oriente (UNRWA, na sigla em inglês) verá «severamente afectada» a sua «capacidade de continuar a fornecer alimentos a mais de um milhão de refugiados palestinianos em Gaza».
Num comunicado emitido esta segunda-feira, a agência criada em 1949 para dar assistência aos mais de 750 mil palestinianos vítimas da limpeza étnica levada a cabo pelas forças sionistas quando da criação de Israel afirma que, em Gaza, há cerca de 620 mil pessoas que não conseguem cobrir as suas necessidades básicas de alimentação e que têm de sobreviver com 1,6 dólares por dia, enquanto outras 390 mil vivem em pobreza absoluta (sobrevivendo com cerca de 3,5 dólares por dia).
«A UNRWA é financiada quase inteiramente por contribuições voluntárias, e o crescimento das necessidades superou o apoio financeiro», lê-se no documento.
Até 2018, os EUA eram o maior contribuinte para a UNRWA, mas a administração de Donald Trump decidiu cortar totalmente a sua contribuição anual de 360 milhões de dólares. Em simultâneo, insiste numa reformulação do conceito de «refugiado», numa tentativa de «fazer desaparecer» a questão dos refugiados criados pela limpeza étnica de Israel, explica o MPPM no seu portal.
«No ano 2000, havia em Gaza menos de 80 mil refugiados palestinianos a receber assistência social da UNRWA e, hoje, há mais de um milhão de pessoas que precisam de ajuda alimentar de emergência, sem a qual não podem sobreviver», acrescenta a agência das Nações Unidas.
De acordo com Matthias Schmale, director de operações da UNRWA em Gaza, este aumento foi «causado pelo bloqueio que levou ao encerramento de Gaza e pelo seu impacto desastroso na economia local, pelos sucessivos conflitos que arrasaram completamente bairros inteiros e infra-estruturas públicas, bem como pela crise política interna palestiniana, que começou em 2007, com a chegada do Hamas ao poder em Gaza».
A agência responsável por proporcionar ajuda humanitária a cerca de seis milhões de refugiados palestinianos na Jordânia, Líbano, Síria e nos territórios ocupados da Cisjordânia e da Faixa de Gaza lembra ainda que um relatório da ONU de 2017 sobre as condições em Gaza previa que a região, actualmente com uma taxa de desemprego de 53%, se tornaria inabitável em 2020.
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