Capoulas Santos, em entrevista ao Público, assume o incómodo já constatado por outros dirigentes socialistas: o PS teve de, durante a actual legislatura, sujeitar a sua agenda política a negociações. E, se por um lado, foi empurrado muitas vezes para avanços de sentido positivo para as populações, não deixa de tentar retirar os louros dessas políticas sociais e económicas, que não teriam acontecido se estivesse sozinho no Governo.
Por outro lado, nas questões em que se sobrepôs o compromisso com os grandes grupos económicos, o Governo do PS sempre encontrou o conforto de PSD e CDS-PP para aprovar o que precisou – de que são exemplos questões da legislação laboral ou a sangria de fundos públicos para a banca privada.
Sobre a Agricultura, o ministro desconsidera os inúmeros problemas que persistem no sector – muitos dos quais não tiveram resposta porque o seu Governo não quis –, que afectam em particular os pequenos produtores, e condicionam a soberania alimentar nacional.
Desconsideração perante a extensão cada vez maior de produção agrícola intensiva e super-intensiva, nomeadamente de olival e amendoal, com maior significado no Alentejo.
E pela nova lei do cadastro, que implica o saque de terras dos pequenos e médios agricultores e transfere para os municípios responsabilidades que o Estado nunca assegurou.
Prossegue assim a ruína da agricultura familiar e consequente despovoamento do mundo rural que decorre da aplicação da Política Agrícola Comum imposta pela União Europeia tão bem aceite pelos sucessivos governos de PS, PSD e CDS-PP.
Mais haveria a dizer, mas fica a ideia. Até Outubro, o PS vai trabalhar para se libertar do actual quadro político, que o condiciona, mas sem o qual não teriam sido aprovadas inúmeras medidas de importante alcance económico e social.
Contribui para uma boa ideia
Desde há vários anos, o AbrilAbril assume diariamente o seu compromisso com a verdade, a justiça social, a solidariedade e a paz.
O teu contributo vem reforçar o nosso projecto e consolidar a nossa presença.
Contribui aqui