Joaquim Miranda Sarmento, professor e economista, foi, esta semana, bastante acarinhado por Rui Rio, líder do PSD, que o convidou para mandatário nacional da candidatura do PSD às eleições legislativas.
Fica claro como água – se não era já até aqui – quais as reais intenções de partidos como PSD, quando conhecemos as propostas do referido professor na sua obra escrita, em particular no seu livro apresentado no início do ano, A Reforma das Finanças Públicas em Portugal (que, recorde-se, foi apresentado pelo ex-presidente da República Cavaco Silva). Para «boa» governação das finanças públicas propõe ideias que poderiam ter sido escritas à mão do FMI, BCE ou Comissão Europeia.
É um reviver do Memorando de Entendimento com a Troika. A título de exemplo, propõe o regresso das 40 horas na função pública, a reposição do IVA da restauração para os 23% e ainda o pagamento obrigatório de IRS e IRC, isto é, forçando as camadas mais pobres da população a contribuir obrigatoriamente – na velha lógica anti-redistributiva.
Também Carlos César, dirigente socialista e mandatário nacional da candidatura do PS, veio contribuir para o esclarecimento do posicionamento do PS no actual quadro político. É patente o seu incómodo com o peso dos partidos mais à esquerda na Assembleia República, que foram indispensáveis para a reposição e conquista de direitos e rendimentos. E que, em muitos casos, obrigaram o PS a ir mais longe do que alguma vez o seu programa ou vontade determinava.
Mais igualdade e melhores condições de vida das populações são para César «exigências excessivas» de outros partidos, retomando a narrativa de querer colar a ideia de descalabro das contas públicas a qualquer lógica de aprofundamento de direitos e rendimentos.
Para isso pede uma «maioria clara» do PS nas próximas eleições legislativas. Questionemos: qual o papel do PS na governação do País de todas as vezes que contou apenas com a sua força para governar?
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