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Descida dos preços do gás de botija cada vez mais longe

Prossegue o protelamento, desta feita para 2020, da implementação de botijas de gás a preços reduzidos para famílias carenciadas, mantendo as empresas a prática dos preços mais elevados da Europa.

O custo do gás de botija «é praticamente o dobro do gás natural canalizado», lê-se na petição do MUSP
CréditosAntónio Cotrim / Agência Lusa

No Orçamento do Estado (OE) para 2017 foi aprovada uma medida, proposta pelo PCP, que caso tivesse sido implementada, levaria à aplicação de uma moratória em relação ao preço do gás de garrafa que adequaria os valores para todos consumidores. Tal proposta visava responder ao problema de, em Portugal, o preço de uma botija de gás ser o mais elevado da Europa, num mercado onde a margem de lucro dos grandes comercializadores grossistas (GALP, BP, REPSOL e OZ Energia) chega aos 27%.

A medida, tal como havia sido proposta, permitiria abranger a maioria dos portugueses, uma vez que cerca de 70% da população ainda utiliza o gás de garrafa, sobretudo as famílias com menos recursos económicos. Recorde-se que as propostas dos comunistas nesta matéria – e que não foram aprovadas – passavam ainda pela redução da taxa do IVA sobre este produto para 13% e a concretização de um regime de preços máximos para o gás de garrafa.

Medida sucessivamente subvertida

Não obstante, no OE2018 veio iniciar-se um caminho que veio pôr em causa a universalização da medida, não se levando por diante o combate necessário aos preços praticados pelas empresas do sector, que são também fruto da liberalização deste mercado. Com a criação da tarifa solidária de gás de petróleo liquefeito (GPL) engarrafado (que visava estabelecer o preço de 16 euros por 13 kg de butano, em vez dos «normais» 26 euros), passou a definir-se que o universo de pessoas abrangidas seria apenas o das famílias carenciadas.

Ao mesmo tempo, o Governo determinou a sua desresponsabilização, procurando passar para as autarquias a implementação da questão e criando um projecto-piloto, com a duração de 12 meses, com os municípios que quisessem aderir ao mesmo e com empresas do sector «elegíveis».

Quase dois anos depois desta medida ter sido definida no OE2018, também esta foi objecto de protelamento para o ano de 2020, quando o projecto-piloto já tinha sido adiado para 2019.

A Direção-Geral de Energia e Geologia (DGEG) explicou ao JN/Dinheiro Vivo que o projecto-piloto não tem meios para andar porque «não se encontram reunidas as condições que permitem a assinatura e celebração de protocolos» entre os municípios e as empresas de gás.

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