O secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, anunciou ontem que a coligação liderada pela Arábia Saudita seria retirada da «lista negra» onde foi incluída em 2017 por matar e ferir crianças no decurso das suas operações militares de agressão ao Iémen.
A medida está relacionada, segundo o organismo, com uma «descida significativa no número de menores mortos e feridos na sequência de ataques aéreos».
Mohammed Ali al-Houthi, presidente do Supremo Conselho Revolucionário do Iémen, criticou fortemente a medida, esta terça-feira, caracterizando-a como «um crime indelével» e sublinhando que a decisão «confirma o caos no organismo mundial», revela a PressTV.
Na sua conta de Twitter, al-Houthi afirmou ainda que a decisão da ONU ocorre na mesma altura em que a Arábia Saudita, apoiada pelos Estados Unidos, perpetrou «um novo massacre» no país árabe.
O responsável iemenita referia-se aos ataques aéreos da coligação liderada pelos sauditas na província de Sa'ada, na segunda-feira, e que, segundo o Ministério da Saúde, provocaram pelo menos 13 mortos, incluindo quatro menores.
Crianças mais vulneráveis
As Nações Unidas negaram que a decisão agora tomada seja devida a pressões externas, embora um funcionário tenha lembrado à Reuters que a Arábia Saudita e os seus aliados fizeram muito para «retirar a coligação da sua lista da vergonha», recorrendo a tácticas de «bullying, ameaças e pressões».
Adrianne Lapar, directora da Watchlist on Children and Armed Conflict, disse que, ao retirar a coligação liderada pelos sauditas [da lista], «o secretário-geral envia a mensagem de que as potências podem matar crianças e ficar impunes», acrescentando que Guterres «deixou as crianças mais vulneráveis aos ataques».
Um outro responsável pelos direitos das crianças, Jo Becker, acusou Guterres de estar «a acrescentar um novo nível de vergonha à sua "lista de vergonha" ao retirar a coligação liderada pelos sauditas e ignorar as próprias provas da ONU sobre violações graves, continuadas contra as crianças».
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