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Os batedores da direita

Os que clamam por governos de emergência ou unidade nacional não são para levar a sério. Fazem o papel de lebres, enquanto a direita se reorganiza e espera o messiânico regresso dos filhos pródigos.

O presidente do PSD, Pedro Passos Coelho, acompanhado pelos candidatos à liderança do partido, Rui Rio e Pedro Santana Lopes, durante as jornadas parlamentares, em Braga. 30 de Outubro de 2017
As lebres do capital procuram desbravar o regresso da direita ao poderCréditosHugo Delgado / Agência LUSA

Não tem novidade a direita introduzir elementos para a agenda política. Neste caso, na sequência da reeleição do Presidente da República, surgiu um conjunto de figuras a clamar por governos de iniciativa presidencial. Sousa Tavares, Marçal Grilo, Santana Lopes ou Villaverde Cabral foram alguns dos que fizeram fila em torno da ideia.

A propósito do alegado «descontrolo da pandemia» ou cavalgando a mediatização de algumas «trapalhadas» do Governo, logo surgem estas lebres do capital procurando desbravar caminho à direita, nomeadamente ao PSD e ao CDS, que se procuram reagrupar em torno da expectativa da chegada de novas e messiânicas lideranças que lhe permitam ganhar a corrida, que é o «assalto ao poder».

No fundo, o que verdadeiramente os sobressalta é a existência de um Orçamento do Estado que contempla o pagamento a 100% a trabalhadores em lay-off, propostas de reforço do Serviço Nacional de Saúde e de combate à epidemia, do robustecimento dos serviços públicos, da defesa das micro, pequenas e médias empresas, de apoio aos artistas e agentes da cultura, do investimento público e da defesa da produção nacional.

O que, de facto, verdadeiramente os preocupa é assegurar que os «milhões da União Europeia» de que tanto se fala sejam sugados pelos grandes grupos económicos, os tais que defendem menos Estado para os apoios sociais e serviços públicos e melhor Estado para quem, como eles, estão sempre à babugem dos dinheiros públicos e, preferencialmente, a fundo perdido.

Por fim, o que verdadeiramente pretendem é um governo que promova aquilo a que, pomposamente, chamam reforma do Estado. Um eufemismo atrás do qual se escondem, mas que, trocado por miúdos, significa o assalto final ao Estado e aos serviços públicos rentáveis, nomeadamente na Educação, na Saúde e nos transportes.

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