Nuno Coelho, do Sindicato de Hotelaria do Norte (CGTP-IN), explicou à Lusa que o desfecho do processo «decorre da lei» e que o «administrador de insolvência teve de dar o direito de preferência ao senhorio, uma vez que ele o accionou», situação que não deixa alternativa sobre o encerramento ocorrido a 7 de Julho.
O Tribunal de Comércio de Vila Nova de Gaia declarou a 4 de Junho a insolvência da Sociedade Actividades Hoteleiras Galiza Portuense, proprietária da cervejaria, na sequência do requerimento apresentado pela Sociedade Real Sabor, de Vila Nova de Gaia, no qual reclamava 11 951 euros, havendo 30 dias para a reclamação de créditos.
A esperança dos cerca de 30 trabalhadores da cervejaria passou, então, para o desfecho da assembleia de credores, agendada para 4 de Agosto, e na eventualidade de aparecimento de um investidor que garantisse os postos de trabalho e calendarizasse o pagamento das dívidas.
Apesar de a empresa registar dívidas de cerca de dois milhões de euros ao Fisco e à Segurança Social, os trabalhadores conseguiram um «investidor interessado em manter a cervejaria aberta e que lhes mantinha os postos de trabalho», relatou à Lusa Nuno Coelho.
O Sindicato da Hotelaria do Norte lamenta o encerramento da Galiza, salientando que «o restaurante é viável», uma vez que, «mesmo em tempos de pandemia, aguentou-se, e os salários foram sempre pagos». O Tribunal Judicial do Porto decretou a insolvência da sociedade Actividades Hoteleiras Galiza Portuense, que detém a Cervejaria Galiza. O administrador de insolvência decidiu esta terça-feira, na sequência de uma reunião com os trabalhadores, encerrar o estabelecimento por não entender estarem reunidas as condições para o manter aberto. Numa nota à imprensa, o Sindicato da Hotelaria do Norte (CGTP-IN) lamenta o encerramento da Galiza tendo em conta que «o restaurante é viável», uma vez que, «mesmo em tempos de pandemia, aguentou-se, e os salários foram sempre pagos». A estrutura sindical lembra que os trabalhadores impuseram a reabertura do estabelecimento a 11 de Novembro de 2019 e mantiveram o estabelecimento aberto estes oito meses, recuperando os salários e outras retribuições em atraso num total de dez meses. Esperando que a situação possa ser revertida, o sindicato aguarda agora a assembleia de credores que terá lugar dia 4 de Agosto. Também o PCP refere que os trabalhadores da Cervejaria Galiza demonstraram «uma notável postura de dignidade, recusando o encerramento fraudulento pretendido pelos proprietários e assumindo a gestão da cervejaria». Os comunistas afirmam que o processo demonstra «uma inaceitável postura do Governo», que não esteve disponível para reunir com os representantes dos trabalhadores, sendo «conivente» com o desfecho. Desde há vários anos, o AbrilAbril assume diariamente o seu compromisso com a verdade, a justiça social, a solidariedade e a paz. O teu contributo vem reforçar o nosso projecto e consolidar a nossa presença.Trabalho|
Cervejaria Galiza fecha portas 8 meses depois
Contribui para uma boa ideia
Durante o processo surgiu outro investidor, «com outro interesse para as instalações», acabando o processo por se estender «até quinta-feira da semana passada, altura em que o senhorio accionou o direito de preferência», acrescentou.
À Lusa, António Ferreira, ex-funcionário da cervejaria e representante dos trabalhadores comissão de credores, afirmou-se «surpreendido com o desfecho», lembrando que «tinham um investidor que iria dar continuidade à cervejaria como marisqueira e cervejaria».
«A recuperação do espaço pelo senhorio deixou uma incógnita sobre os trabalhadores que agora se vêem sem perspectiva nenhuma», acrescentou António Ferreira, confirmando que, embora todos «estejam no fundo de desemprego, mais de metade dos quase 30 restantes ainda estão longe da idade da reforma».
No início de Novembro de 2019, os então 33 trabalhadores da histórica cervejaria do Porto foram surpreendidos com uma tentativa de encerramento coercivo das instalações pela gestora da empresa, acabando por organizar-se e, até Julho, assegurar a gestão diária do espaço.
Antes da tentativa de encerramento, a empresa dona da Cervejaria Galiza, num esforço em resolver as dificuldades financeiras, passou pelo recurso a um PER (Processo Especial de Revitalização), aceite pelo Tribunal do Comércio de Vila Nova de Gaia.
A tentativa de encontrar uma solução passou então para o Ministério do Trabalho, tendo a empresa e os representantes dos trabalhadores e do Sindicato de Hotelaria do Norte reunido várias vezes, desde Dezembro, na Direcção-geral do Emprego e das Relações do Trabalho (DGERT), no Porto.
No decurso dessas reuniões, as representantes da empresa prometeram avançar com um processo de insolvência controlada e recuperação da empresa, o que salvaguardava os postos de trabalho, mas que nunca se concretizou.
Contribui para uma boa ideia
Desde há vários anos, o AbrilAbril assume diariamente o seu compromisso com a verdade, a justiça social, a solidariedade e a paz.
O teu contributo vem reforçar o nosso projecto e consolidar a nossa presença.
Contribui aqui