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Em acção violenta, 200 famílias sem-terra despejadas em Pernambuco

Durante a pandemia, os despejos não pararam no Brasil. Em Amaraji, cerca de 200 famílias sem-terra foram desalojadas, numa operação que envolveu tropa de choque e cavalaria da Polícia Militar de Pernambuco.

Cerca de 200 famílias sem-terra foram desalojadas em Amaraji, no Nordeste do Brasil, numa operação violenta que envolveu tropas de choque 
Créditos / MST

As famílias do Acampamento Bondade, no município de Amaraji (Zona da Mata Sul de Pernambuco, a 96 quilómetros do Recife), foram surpreendidas por uma operação de despejo violenta por volta das 7h desta terça-feira. Sete pessoas foram detidas, incluindo uma criança de 12 anos.

De acordo com o Movimento de Trabalhadores Rurais sem Terra (MST), participaram na operação forças do Batalhão Especializado de Policiamento do Interior (BEPI), do Batalhão de Choque e da cavalaria da Polícia Militar de Pernambuco, enquanto um helicóptero da Secretaria de Defesa Social de Pernambuco sobrevoava as terras do Engenho Bondade.

«Teve uma criança que foi alvejada por tiros [balas] de borracha, teve os companheiros que foram detidos e espancados por eles e cerca de dez pessoas ficaram feridas nesse processo. Eram mais de 300 policiais, helicóptero jogando bomba [de gás lacrimogéneo], era algo que era praticamente uma guerra», disse um dos acampados, citado anonimamente pelo Brasil de Fato por questões de segurança.

MST lamenta situação das famílias «desabrigadas» e denuncia falta de soluções

O MST lamenta que, «em plena pandemia, as 200 famílias sem-terra de Amaraji se encontrem agora desabrigadas», e denuncia que «nem o Ministério Público de Pernambuco (MPPE), o governador de Pernambuco, Paulo Câmara (PSB), ou o Instituto de Terras e Reforma Agrária do Estado de Pernambuco (Iterpe) apresentaram soluções que garantam uma saída digna para as famílias», envolvidas num «conflito fundiário» com os proprietários da Usina União.

«Além de ser autora do pedido de despejo, a usina já foi denunciada pelo próprio MPPE por perpetuar trabalho escravo», afirma o MST no seu portal, acrescentando que «muitos desses trabalhadores são os mesmos que hoje resistem ao despejo do Engenho Bondade».

Além disso, nota o movimento, a acção de despejo contraria a notificação do Supremo Tribunal de Justiça que alerta para «o aumento da vulnerabilidade das famílias desapropriadas durante a pandemia», tendo em conta «a exposição ao coronavírus – que já deixou mais de 450 mil mortos no país».

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