«Este ano, a celebração do Dia Internacional da Paz é ensombrada por sérias ameaças à paz», alerta o Conselho Português para a Paz e Cooperação (CPPC), considerando que elas resultam «do incremento da militarização das relações internacionais, da corrida aos armamentos, do reforço de blocos políticos-militares, como a NATO», bem como da criação de novas alianças militares, como aquela que recentemente foi estabelecida entre EUA, Reino Unido e Austrália – a Aukus –, que «incide na região Indo-Pacífico e que visa em particular a República Popular da China».
No contexto desta aliança de cariz militar, a Austrália «passará a possuir submarinos nucleares e será dotada das infra-estruturas e equipamentos que assegurem a sua manutenção e desenvolvimento», denuncia o CPPC, acrescentando que britânicos e norte-americanos irão utilizar ainda mais as bases militares e outras instalações australianas. «Uma nova iniciativa belicista, numa região que é já hoje das mais militarizadas e tensas do mundo», alerta.
O novo pacto de «defesa e segurança» firmado por Austrália, EUA e Reino Unido marca uma escalada grave na nova guerra fria com a China, advertiu a coligação britânica Stop the War. «Os submarinos nucleares e mísseis de cruzeiro não visam a protecção, mas a agressão», referiu esta quinta-feira a organização na sua conta de Twitter. A Stop the War Coalition, conhecida pelas campanhas contra a guerra e pela defesa de uma política assente na cooperação e na diplomacia, sublinhou ainda que o acordo trilateral deixou claro que o Reino Unido Global defendido pelo primeiro-ministro britânico, Boris Johnson, significa «mais militarismo e confronto». Também Jeremy Corbyn, ex-líder do Partido Trabalhista, se posicionou ontem contra a nova aliança, afirmando que «começar uma nova guerra fria não trará paz, justiça e direitos humanos ao mundo». Sem se referir às tensões persistentes com a China, o primeiro-ministro australiano anunciou melhoramentos substanciais em quatro bases no Norte e o alargamento dos exercícios militares com os EUA. Scott Morrison, que evitou mencionar as disputas comerciais e diplomáticas crescentes com a China, afirmou que a Austrália precisa de expandir os seus recursos militares no Território do Norte para ser capaz de responder a tensões (não especificadas) na região da Ásia-Pacífico. «O nosso objectivo é um Indo-Pacífico livre e aberto, para assegurar uma região de paz, uma região em que, ao mesmo tempo, a Austrália esteja sempre em condições de proteger os seus interesses», disse Morrison à imprensa esta quarta-feira, em Darwin, citado pela Reuters. Na ocasião, o político conservador anunciou um orçamento de 580 milhões de dólares destinados a modernizar quatro bases militares no Território do Norte – entre 2021 e 2026 – e a expandir os exercícios militares conjuntos com as tropas norte-americanas. A verba agora anunciada, refere a agência, faz parte de um plano de investimentos militares mais amplos do país austral, de acordo com o qual Canberra deve gastar 270 mil milhões de dólares na próxima década para melhorar a sua capacidade de ataque de longo alcance. Vários académicos chineses estão a cortar a comunicação com os seus colegas australianos e a cancelar os planos de viagem à Austrália, num contexto de crescente «retórica virulenta contra a China». De acordo com uma peça publicada esta terça-feira na Australian Financial Review (AFR), intitulada «Os centros de pensamento da China cortam ligações académicas enquanto as hostilidades crescem» [tradução nossa], alguns académicos chineses disseram que se está a tornar «quase impossível colaborar com universidades australianas por causa do crescendo da retórica anti-China». A agência Xinhua refere que este cenário é subsequente a uma reportagem de investigação «parcial» do periódico The Australian sobre o programa chinês Plano dos Mil Talentos, na qual, citando o director do FBI, Christopher Wray, o jornal «procurou retratar o programa chinês de recrutamento de talentos estrangeiros como "espionagem económica e uma ameaça à segurança nacional"». A Academia das Ciências da Austrália afirmou que seria «uma grande pena se o esforço global de investigação fosse posto em causa por calúnias sem fundamento», enquanto a Universities Australia declarou que a maior parte da pesquisa de relevo no país ocorreu para lá das fronteiras nacionais e «com investigadores chineses», refere a mesma fonte. Por seu lado, Wang Xining, representante da Embaixada chinesa na Austrália, sublinhou que a ciência e a tecnologia faziam parte da cooperação China-Austrália. «Trouxe e há-de trazer um bem enorme aos nossos negócios, à nossa sociedade e ao nosso povo», disse. «seria "uma grande pena se o esforço global de investigação fosse posto em causa por calúnias sem fundamento"» Academia das Ciências da Austrália Enquanto os cientistas trabalham para «espalhar a luz», alguns órgãos de comunicação social «lançam sombras», disse Wang, acrescentando que a Embaixada foi sempre questionada com base em «boatos e bisbilhotices», que eram «extravagantes e absurdas». A Xinhua lembra que, quando surgiu a pandemia de Covid-19, o Herald Sun a classificou como «vírus chinês». Além disso, na sequência da detenção de Jimmy Lai Chee-ying, instigador dos distúrbios em Hong Kong e fundador do jornal Apple Daily, a imprensa australiana apresentou-o como um «herói», sem ter em conta aqueles que, em Hong Kong, tinham um posicionamento diferente. Mas nem todos os jornalistas australianos alinharam pela mesma bitola. Robert Ovadia, também jornalista, escreveu no Twitter que «o Apple Daily de Lai destruiu a paz e a estabilidade em Hong Kong com mentiras deliberadas para distorcer a percepção» e que o jornal era «propaganda para si mesmo» e não era, «seguramente, nenhum campeão do jornalismo honesto ou da liberdade». Da mesma forma que as acusações lançadas contra o Plano dos Mil Talentos partiram do FBI, «a influência norte-americana encontra-se por trás de muita da retórica contra a China na Austrália», refere a Xinhua. A agência recorda que uma grande quantidade de jornais australianos, incluindo o Herald Sun e The Australian, pertence à News Corp Australia, um dos maiores monopólios mediáticos da Austrália, que faz parte da News Corp sediada nos EUA. «[...] outras vozes afirmam que a Austrália está, de facto, sob "influência americana" e que a "Austrália está cheia de vontade de agradar a Washington"» Segundo um artigo publicado pela AFR, o Instituto Australiano de Política Estratégica (ASPI, na sigla em inglês) «estava a receber aproximadamente 450 mil dólares australianos [cerca de 278 mil euros] do Departamento de Estado norte-americano para seguir colaborações de cientistas chineses com universidades australianas». O ASPI foi responsável por várias peças sobre as políticas na região autónoma uigure de Xinjiang, no Noroeste da China, que foram repetidamente refutadas pelo goveno chinês. Para o antigo embaixador australiano na China Geoff Raby, o ASPI é o «arquitecto da teoria da ameaça chinesa na Austrália». Enquanto alguns políticos australianos se têm manifestado preocupados com a chamada «influência chinesa» no país, outras vozes afirmam que a Austrália está, de facto, sob «influência americana» e que a «Austrália está cheia de vontade de agradar a Washington». Desde há vários anos, o AbrilAbril assume diariamente o seu compromisso com a verdade, a justiça social, a solidariedade e a paz. O teu contributo vem reforçar o nosso projecto e consolidar a nossa presença. Alguns especialistas militares chegaram inclusive a sugerir que a Austrália ponderasse o desenvolvimento do potencial nuclear, refere a AFP. No entanto, os críticos de Morrison acusam-no de apostar no militarismo e de encenar uma crise para desviar as atenções da situação parada na vacinação contra a Covid-19 e da queda nas sondagens. O ex-primeiro-ministro Kevin Rudd disse à AFP que Morrison, o ministro da Defesa, Peter Dutton, e Rupert Murdoch, magnata da imprensa de direita, «estavam a tentar desesperadamente virar a agenda política doméstica para longe do desastre das vacinas, do fiasco da mudança climática e dos escândalos de abusos em Canberra». Já Morrison justificou a despesa com o facto de a região Ásia-Pacífico estar a viver o maior nível de incerteza económica e estratégica desde a Segunda Guerra Mundial. Daí, em seu entender, a necessidade de reforçar os exercícios militares com os Estados Unidos, que vê com bons olhos a política agressiva de Canberra. «Os EUA e a Austrália têm estado profundamente envolvidos na cooperação defensiva há mais de meio século», disse o encarregado de negócios na Embaixada norte-americana em Canberra, Michael Goldman, que também não se referiu à China. Mais de 2000 fuzileiros norte-americanos encontram-se no Norte da Austrália para participar em actividades militares conjuntas. Os dois aliados costumam realizar exercícios militares de dois em dois anos no país austral, habitualmente com uma participação superior a 30 mil tropas. O próximo deve começar em Agosto. O anúncio de Scott Morrison ocorre poucos dias depois de o Secretário do Departamento de Assuntos Internos, Mike Pezzullo, ter afirmado que as democracias liberais têm de se preparar para a guerra. Pezzullo não especificou a razão de ser para este alerta, mas, de acordo com a Reuters, as suas afirmações inserem-se no contexto da deterioração das relações com a China. No domingo, o ministro australiano da Defesa também se referiu à possibilidade de um conflito entre a China continental e Taiwan. Desde há vários anos, o AbrilAbril assume diariamente o seu compromisso com a verdade, a justiça social, a solidariedade e a paz. O teu contributo vem reforçar o nosso projecto e consolidar a nossa presença. Boris Johnson, o primeiro-ministro australiano, Scott Morrison, e o presidente norte-americano, Joseph Biden, anunciaram na véspera a criação de uma associação de defesa trilateral na região Ásia-Pacífico, que é encarada como uma forma de fazer frente à influência da China na região. No âmbito do pacto, conhecido como Aukus, a Austrália vai adquirir uma frota de submarinos nucleares fabricados com tecnologia norte-americana e mão-de-obra britânica, informa a agência Prensa Latina. A França, país-membro da Organização do Tratado do Atlântico Norte (NATO) e aliado das três potências referidas, também reagiu mal ao anúncio, na medida em que o governo australiano decidiu rescindir um contrato no valor de 66 mil milhões de dólares assinado com a indústria de armamento francesa com vista à construção de submarinos. Zhao Lijian, porta-voz do Ministério chinês dos Negócios Estrangeiros, afirmou esta quinta-feira que a exportação, por parte dos EUA e do Reino Unido, de tecnologia de submarinos nucleares para a Austrália é «extremamente irresponsável», noticia a Xinhua. Vários académicos chineses estão a cortar a comunicação com os seus colegas australianos e a cancelar os planos de viagem à Austrália, num contexto de crescente «retórica virulenta contra a China». De acordo com uma peça publicada esta terça-feira na Australian Financial Review (AFR), intitulada «Os centros de pensamento da China cortam ligações académicas enquanto as hostilidades crescem» [tradução nossa], alguns académicos chineses disseram que se está a tornar «quase impossível colaborar com universidades australianas por causa do crescendo da retórica anti-China». A agência Xinhua refere que este cenário é subsequente a uma reportagem de investigação «parcial» do periódico The Australian sobre o programa chinês Plano dos Mil Talentos, na qual, citando o director do FBI, Christopher Wray, o jornal «procurou retratar o programa chinês de recrutamento de talentos estrangeiros como "espionagem económica e uma ameaça à segurança nacional"». A Academia das Ciências da Austrália afirmou que seria «uma grande pena se o esforço global de investigação fosse posto em causa por calúnias sem fundamento», enquanto a Universities Australia declarou que a maior parte da pesquisa de relevo no país ocorreu para lá das fronteiras nacionais e «com investigadores chineses», refere a mesma fonte. Por seu lado, Wang Xining, representante da Embaixada chinesa na Austrália, sublinhou que a ciência e a tecnologia faziam parte da cooperação China-Austrália. «Trouxe e há-de trazer um bem enorme aos nossos negócios, à nossa sociedade e ao nosso povo», disse. «seria "uma grande pena se o esforço global de investigação fosse posto em causa por calúnias sem fundamento"» Academia das Ciências da Austrália Enquanto os cientistas trabalham para «espalhar a luz», alguns órgãos de comunicação social «lançam sombras», disse Wang, acrescentando que a Embaixada foi sempre questionada com base em «boatos e bisbilhotices», que eram «extravagantes e absurdas». A Xinhua lembra que, quando surgiu a pandemia de Covid-19, o Herald Sun a classificou como «vírus chinês». Além disso, na sequência da detenção de Jimmy Lai Chee-ying, instigador dos distúrbios em Hong Kong e fundador do jornal Apple Daily, a imprensa australiana apresentou-o como um «herói», sem ter em conta aqueles que, em Hong Kong, tinham um posicionamento diferente. Mas nem todos os jornalistas australianos alinharam pela mesma bitola. Robert Ovadia, também jornalista, escreveu no Twitter que «o Apple Daily de Lai destruiu a paz e a estabilidade em Hong Kong com mentiras deliberadas para distorcer a percepção» e que o jornal era «propaganda para si mesmo» e não era, «seguramente, nenhum campeão do jornalismo honesto ou da liberdade». Da mesma forma que as acusações lançadas contra o Plano dos Mil Talentos partiram do FBI, «a influência norte-americana encontra-se por trás de muita da retórica contra a China na Austrália», refere a Xinhua. A agência recorda que uma grande quantidade de jornais australianos, incluindo o Herald Sun e The Australian, pertence à News Corp Australia, um dos maiores monopólios mediáticos da Austrália, que faz parte da News Corp sediada nos EUA. «[...] outras vozes afirmam que a Austrália está, de facto, sob "influência americana" e que a "Austrália está cheia de vontade de agradar a Washington"» Segundo um artigo publicado pela AFR, o Instituto Australiano de Política Estratégica (ASPI, na sigla em inglês) «estava a receber aproximadamente 450 mil dólares australianos [cerca de 278 mil euros] do Departamento de Estado norte-americano para seguir colaborações de cientistas chineses com universidades australianas». O ASPI foi responsável por várias peças sobre as políticas na região autónoma uigure de Xinjiang, no Noroeste da China, que foram repetidamente refutadas pelo goveno chinês. Para o antigo embaixador australiano na China Geoff Raby, o ASPI é o «arquitecto da teoria da ameaça chinesa na Austrália». Enquanto alguns políticos australianos se têm manifestado preocupados com a chamada «influência chinesa» no país, outras vozes afirmam que a Austrália está, de facto, sob «influência americana» e que a «Austrália está cheia de vontade de agradar a Washington». Desde há vários anos, o AbrilAbril assume diariamente o seu compromisso com a verdade, a justiça social, a solidariedade e a paz. O teu contributo vem reforçar o nosso projecto e consolidar a nossa presença. Para o funcionário da China, a medida mina a paz e a estabilidade regionais, intensifica a corrida às armas e compromete os esforços internacionais de não proliferação nuclear. Zhao lembrou que a Austrália é um país sem armamento nuclear, tendo em conta que assinou e ratificou o Tratado de Não Proliferação de Armas Nucleares e integra a Zona Livre de Armas Nucleares do Pacífico Sul. A este propósito, a primeira-ministra da Nova Zelândia, Jacinda Ardern, disse esta quinta-feira que irá vetar a entrada aos submarinos nucleares australianos nas águas territoriais neozelandesas, no contexto da sua política anti-nuclear, indica a TeleSur. Zhao instou os países em causa a abandonarem a «mentalidade desactualizada da guerra fria» e uma «percepção geopolítica estreita», bem como a contribuírem para a paz, a estabilidade e o desenvolvimento. Desde há vários anos, o AbrilAbril assume diariamente o seu compromisso com a verdade, a justiça social, a solidariedade e a paz. O teu contributo vem reforçar o nosso projecto e consolidar a nossa presença.Internacional|
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Em simultâneo – denuncia o organismo de defesa da paz –, prosseguem as acções promovidas pelos EUA e os seus aliados contra outros países, de que são exemplo as guerras de agressão contra a Síria e o Iémen, a ocupação da Palestina e do Saara Ocidental ou as sanções e os bloqueios económicos contra Cuba, Venezuela e outros países. Com estas acções, EUA e seus aliados «violam premeditadamente os mais elementares direitos de milhões de seres humanos», frisa.
«Todos os povos têm o direito a decidir do seu caminho de desenvolvimento livres de ingerências ou pressões»
Num comunicado emitido a propósito do Dia Internacional da Paz – que foi instituído pela assembleia-geral das Nações Unidas em 2001 e celebrado pela primeira vez no ano seguinte –, o CPPC explica que a sua comemoração anual deve contribuir para sublinhar a importância da defesa e da promoção da paz, para o respeito do direito à autodeterminação dos povos e da soberania dos estados – «princípios fundamentais nas relações internacionais, consagrados na Carta das Nações Unidas».
O «fim das acções de agressão contra outros povos» e «da escalada armamentista», «a redução drástica das despesas militares» e «o fim dos blocos político-militares – nomeadamente da NATO e dos seus congéneres, como o Aukus», o «fim da militarização da União Europeia, o fim das armas nucleares e de destruição massiva, o desarmamento geral, simultâneo e controlado» são reivindicados pelo CPPC.
«Todos os povos têm o direito a decidir do seu caminho de desenvolvimento livres de ingerências ou pressões externas», sublinha o comunicado, destacando que é isso «o que determina o direito internacional e o que melhor serve a causa da paz, do progresso e da justiça social».
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