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ONU alerta para a escravidão moderna de mulheres e crianças

As mulheres e as crianças enfrentam um risco elevado de ser empurradas para formas contemporâneas de escravidão, afirmaram especialistas designados pelas Nações Unidas.

Quando deviam estar na escola, muitas crianças e jovens são obrigados a trabalhar; a situação agravou-se com a pandemia de Covid-19 
CréditosSimon Lister / Unicef

Desafios como a Covid-19, as alterações climáticas e os conflitos armados amplificaram as vulnerabilidades já existentes, afirmam especialistas em diversas áreas, num texto lançado ontem, no âmbito do Dia Internacional para a Abolição da Escravatura, que hoje se assinala.

De acordo com os dados publicados em Junho deste ano pelo Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) e a Organização Internacional do Trabalho (OIT), quase 80 milhões de crianças e jovens entre os cinco e os 17 anos realizam trabalhos perigosos que se classificam como uma forma contemporânea de escravidão.

Agora, os especialistas alertam que as crianças podem ter estado a trabalhar mais horas ou em piores condições, como consequência da recessão económica e do encerramento das escolas no contexto da pandemia de Covid-19.

Muitas outras podem ter sido forçadas às piores formas de trabalho infantil, em virtude da perda de emprego e de rendimentos no seio das suas famílias. E isto, refere a ONU, inclui o recrutamento forçado de jovens para grupos armados e criminosos.

Algumas crianças são envolvidas nas piores formas de trabalho infantil, exploradas em trabalhos perigosos para a sua saúde e, por vezes, recrutadas para grupos criminosos / Christine Nesbitt / Unicef

De acordo com números não oficiais, uma em cada 130 mulheres e raparigas é sujeita a formas contemporâneas de escravidão, como o matrimónio infantil, a servidão doméstica, o trabalho forçado e a servidão por dívidas.

«Os altos níveis de exploração também prevalecem nas cadeias de abastecimento globais, que frequentemente se baseiam na exploração laboral e aprofundam a desigualdade de género», afirmam os especialistas.

Advertem que estas práticas são alimentadas pelo cruzamento de várias formas de discriminação, como raça, condição social e económica, idade, deficiência, orientação sexual e situação migratória.

Os especialistas instaram os estados-membros da ONU a criar vias migratórias seguras, além de garantir o acesso a «trabalho decente» e estabelecer uma maior cooperação com o sector empresarial, as organizações da sociedade civil e os sindicatos.

«A responsabilização dos perpetradores deve ser reforçada de forma prioritária, tendo em conta que actualmente a impunidade prevalece em muitos casos», defenderam.

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