Os trabalhadores do sector privado de passageiros estão numa verdadeira corrida contra o tempo. 2 de Dezembro foi o quarto dia de greve só nos últimos meses: paralisaram nos dias 20 de Setembro, 1 de Outubro e 22 de Novembro. A Rodoviária de Lisboa fez hoje uma nova paragem, com uma adesão acima dos 60%, de acordo com a Federação dos Sindicatos de Transportes e Comunicações (fectrans/CGTP-IN).
A adesão à greve nas empresas rodoviárias privadas oscila entre os 75% e os 100%, segundo a Fectrans, que reconhece uma adesão variada e sublinha a «boa resposta» dos trabalhadores. «É muito variado. Temos adesões na ordem dos 75% a 100% e temos, em empresas mais pequenas, uma adesão menos significativa», disse à agência Lusa José Manuel Oliveira, coordenador da Federação dos Sindicatos de Transportes e Comunicações (Fectrans/CGTP-IN). O responsável sublinha a «boa resposta» dos trabalhadores, frisando que a adesão à greve teve impacto «quer do ponto de vista do número de trabalhadores abrangidos, quer do ponto de vista do impacto do serviço público prestado pelo País, embora com diferenças nalgumas regiões e nalgumas empresas». «Nós sabíamos que partíamos para uma greve num sector com uma luta que já não se fazia há décadas e que tínhamos problemas de partida, quer de poder chegar ao máximo de trabalhadores, quer de poder ter um trabalho de esclarecimento abrangente, tendo em conta que o sector é muito disperso e não se encontram os trabalhadores a qualquer momento», disse o sindicalista, sublinhando que, globalmente a resposta foi boa. O coordenador da Fectrans considerou ainda que, «a partir da realidade de hoje» os sindicatos ficam «com melhores condições para o trabalho a seguir, com o objectivo da greve no dia 1 de Outubro, que se segue neste momento, com excepção da Rodoviária de Lisboa, onde a greve – que teve uma adesão a rondar os 80% – se prolonga para amanhã» [terça-feira]. «Conseguimos montar uma luta, com este âmbito sectorial, que já não se fazia há muito tempo», sublinhou José Manuel Oliveira. Os trabalhadores das empresas rodoviárias privadas estão hoje em greve, com outra paralisação já marcada para 1 de Outubro, em protesto por melhores salários, numa iniciativa que abrange mais de 90 empresas em todo o País. A paralisação começou às 3h de hoje e prolonga-se até à mesma hora de terça-feira. Na Rodoviária de Lisboa, a greve incluirá também todo o dia 21 de Setembro. De acordo com um comunicado publicado pela Federação no passado dia 13, as reivindicações dos trabalhadores incluem «o aumento imediato do salário base do motorista para 750 euros» e uma actualização na mesma percentagem para «o salário dos demais trabalhadores». Além disso, os trabalhadores exigem uma actualização do subsídio de refeição nos mesmos termos percentuais do aumento do salário do motorista e «que se proceda à redução do intervalo de descanso para o máximo de duas horas (nas empresas onde o intervalo é maior)». Desde há vários anos, o AbrilAbril assume diariamente o seu compromisso com a verdade, a justiça social, a solidariedade e a paz. O teu contributo vem reforçar o nosso projecto e consolidar a nossa presença.Trabalho|
Forte adesão à greve nas rodoviárias privadas
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Com o aumento do salário mínimo para 705 euros já confirmado, e a entrar em vigor a 1 de Janeiro de 2022, cerca de 90% dos trabalhadores deste sector vão passar a auferir o salário mínimo. Sem surpresas, a principal reivindicação deste profissionais é o aumento generalizado dos salários para os 750 euros, e em «igual percentagem para os restantes trabalhadores», pode ler-se no comunicado da fectrans, a convocar para a greve.
Até agora, as propostas das empresas estão muito abaixo daquilo que os trabalhadores estão dispostos a aceitar, saldando-se em aumentos de 33 cêntimos por dia. «Firmes e unidos nas suas reivindicações e formas de luta», os trabalhadores exigem a retoma das negociações por parte das empresas, desta vez com uma proposta que respeite a dignidade destes trabalhadores.
«A solução que o patronato apresenta para iludir os baixos salários que pratica, é a integração no salário de parte do Subsídio de Agente Único, dinheiro que já pertence aos trabalhadores». Este subsídio dá muito jeito ao patronato, «já que o mesmo destina-se a pagar aos motoristas uma função que era de outra categoria profissional – Cobrador/Bilheteiro – que entretanto deixou de existir», de forma a reduzir custos.
Em causa está também o «aumento do subsídio de refeição» e a «redução do intervalo de descanso para as duas horas».
Os deputados do PCP, Duarte Alves e Alma Rivera, estiveram presentes em piquetes de greve na Vimeca e na Rodoviária de Lisboa, expressando a sua solidariedade com os trabalhadores, muitas vezes «obrigados a fazer muitas horas extraordinárias para garantir um rendimento que permita viver, com graves consequências na vida de cada um e mesmo para a segurança rodoviária».
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