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António Saraiva: «muitos dos patrões é que são os defensores dos trabalhadores»

Eis um exemplo: no dia 1 de Dezembro, Vishal Garg, director-executivo da empresa norte-americana Better, convocou 900 funcionários para uma reunião no Zoom, que durou três minutos, onde os despediu.

António Saraiva, presidente da Confederação Empresarial de Portugal
CréditosMiguel A. Lopes / Agência Lusa

É comovente ver a forma como os patrões se assumem como «os defensores dos trabalhadores», nas palavras do «patrão dos patrões» na entrevista que deu ao Jornal I.

No mesmo jornal, também podemos ler a afirmação de Garg, que, numa curta intervenção de três minutos, sublinhou a propósito do despedimento: «Foi a minha a decisão e eu queria que a ouvissem de mim. Foi uma decisão muito, muito desafiadora de se tomar. Esta é a segunda vez na minha carreira que estou a fazer isto. Se está nesta chamada, faz parte do azarado grupo que vai ser despedido. O seu contrato foi alvo de rescisão com vigência imediata.»

Ainda a propósito da afirmação de António Saraiva, todos nos lembramos que o presidente da CIP (Confederação empresarial de Portugal) não só não conteve as lágrimas, como esteve na primeira linha dos protestos em defesa dos trabalhadores quando, durante os anos de governação do PSD/CDS (2011/12/13/14), o Salário Mínimo Nacional (SMN) não saiu dos 565,8 euros (em 2021 atingiu os 665 euros), o IRC baixou e o IRS teve uma enorme subida.

A CIP e o grande capital nunca esconderam que estão na trincheira dos defensores da perpetuação de uma sociedade de baixos salários, precariedade, desigualdade e discriminação das mulheres.

Aliás, a sua grande preocupação em afastar o PS dos partidos à sua esquerda, estratégia que Rui Rio abraçou desde que chegou à liderança do PSD, não tem a ver com a defesa dos trabalhadores, mas sim, por um lado, com aquilo que eles recuperaram desde 2015, nomeadamente as 35 horas de trabalho semanal na administração pública, o aumento do SMN, os feriados, o pagamento do 13.º mês e do subsídio de férias de uma só vez e, por outro, o receio de uma eventual alteração da legislação laboral e do fim da caducidade da contratação colectiva, entre outros aspectos.

Como se vê, a hipocrisia não tem limites!

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