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Clima. Os últimos sete anos são os mais quentes desde que há registo

O aquecimento global agrava-se devido aos níveis recorde de libertação de gases com efeito de estufa na atmosfera, de acordo com a Organização Meteorológica Mundial.

Manifestante, em Lisboa, a protestar contra a falta de medidas dos governos para combater o aquecimento global.
CréditosManuel de Almeida / EPA

Embora as temperaturas médias globais tenham caído temporariamente no ano passado, 2021 continua a ser um dos sete anos mais quentes de que há registo. Os últimos sete anos foram dos piores, de acordo com a avaliação final da Organização Meteorológica Mundial (OMM), divulgada esta quarta-feira. O aquecimento global continua, advertiu a agência da ONU, devido aos níveis recorde de gases com efeito de estufa na atmosfera, causados por actividades humanas e em particular pela queima de combustíveis fósseis (carvão, petróleo e gás).

Esta situação é tanto mais grave, quanto 2021 foi marcado por dois episódios de La Niña, um arrefecimento das águas superficiais no Pacífico equatorial central e oriental que baixa a temperatura global do planeta. «O ano 2021 foi mais quente do que aqueles influenciados por La Niña no passado recente», denuncia o secretário-geral da OMM (WMO, na sigla em inglês), Petteri Taalas, observando que o aquecimento induzido pelo homem a longo prazo é agora «muito mais pronunciado» do que a variabilidade causada por factores climáticos naturais.

Em 2021, a temperatura média global era cerca de 1,1°C mais elevada do que na era pré-industrial (1850-1900). Este é o sétimo ano consecutivo em que a temperatura média global tem estado 1,1°C acima dos níveis pré-industriais. Desde os anos 80, cada década tem sido mais quente do que a anterior.

«Embora este seja o quinto a sétimo ano mais quente registado a nível mundial, 2021 teve os meses quentes [Junho, Julho e Agosto] alguma vez registados em terra e é o ano mais quente registado para 25 países com 1,8 mil milhões de pessoas, o que é colossal», acrescenta o cientista climático Zeke Hausfather, director de clima e energia do Instituto Breakthrough, um centro de investigação na Califórnia, citando a China, Coreia do Sul, Bangladesh e Nigéria, ao Le Monde.

A temperatura à superfície é apenas um indicador das alterações climáticas. O excesso de gases com efeito de estufa está a provocar a libertação de excesso de energia, que está a aquecer os oceanos em particular – que armazenam mais de 90% do calor acumulado no sistema terrestre. Os mares do mundo registaram um calor recorde em 2021, pelo terceiro ano consecutivo. Este sobreaquecimento dos oceanos reduz, entre outros efeitos, o nível de oxigénio dos oceanos e afecta os ecossistemas marinhos, tais como os corais, pondo em causa a vida nos mares.

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